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Irregularidades no trabalho continuam a existir em canaviais do Estado de São Paulo 30.06.08

30.06.08

Quatorze empresas fornecedoras de cana-de-açúcar foram autuadas por fiscais de trabalho nesta semana, durante uma ação realizada na região de Piracicaba (152 km da São Paulo). De acordo com a assessoria de imprensa da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo (STRE-SP), 58 autos de infração foram emitidos. Desses, 41 foram por problemas ligados à segurança e saúde dos trabalhadores e outros 17 por descumprimento da legislação trabalhista.

Roberto Martins de Figueiredo, coordenador do Grupo Rural, responsável pela ação, disse que foram encontrados problemas de falta de sanitários para os funcionários, equipamentos de proteção e precariedade no transporte oferecido pelas empresas. “O pior que encontramos foi um ônibus, sem nenhum documento e com o pneu ruim, que servia para o deslocamento dos trabalhadores”, disse ele, em entrevista à Agência Brasil.

O veículo foi interditado pela fiscalização e só será liberado após regularização.

Ainda de acordo com Figueiredo, problemas de excesso de jornada e de terceirização irregular de funcionários também foram verificados. As empresas autuadas por esses motivos foram obrigadas a reduzir a carga de trabalho de seus funcionários ou contratar quem estava trabalhando como prestador de serviços.

Só nesta ação, 35 funcionários acabaram registrados e 135 terceirizados foram contratados.

Segundo a STRE-SP, esta foi a quarta ação de fiscalização de empresas do setor sucroalcooleiro realizada neste ano. Figueiredo, do Grupo Rural, disse que o número de autuações deste ano é menor do que o de anos anteriores. “Na área de saúde e segurança, principalmente, as coisas têm melhorado muito.”

40 cortadores de cana vieram do Piauí

Segundo Jurandir Duarte Macedo, trabalhador piauiense, é muito duro o tratamento dispensado a ele e seus companheiros de extenuantes jornadas de trabalho. "Ele nos chama de peão "barrela", de burro e cavalo, e ameaça demitir. Eles humilham a gente. Sou trabalhador e pai de família e não mereço ser tratado desse jeito", reclama Jurandir, que usa um engenhoso gancho de madeira para cortar as ponteiras da cana. "Eles só trocam a bota quando já está aparecendo o dedo", denuncia o trabalhador, que veio do Piauí com outros quarenta trabalhadores para fazer a safra.

O trabalho degradante começa no transporte em ônibus sem segurança (um deles foi interditado), continua durante o trabalho de corte, com ausência de sanitários, mesas, cadeiras e equipamentos adequados, sob controle de fiscais que humilham e assediam trabalhadores, com baixa remuneração, e culmina em alojamentos sem condições de higiene e conforto.

Treze trabalhadores dessa turma estão alojados em um barraco no bairro Tabela, de Charqueada, espremidos em três quartos com forro de plástico e dividem um só banheiro. A casa não tem acabamento e esse alojamento, assim como outros três que foram visitados, não possui armários para comidas ou roupas, que ficam espalhadas pelos poucos móveis e pelo chão.

A remuneração ficam entre R$ 500,00 e R$ 600,00, e ainda pagam aluguel e outras despesas. "Não é possível, o preço da cana não está compensando, não tem condição", reclamou também o proprietário da lavoura.

Fontes: Vinicius Konchinski, repórter da Agência Brasil, com informações da Procuradoria Regional do Trabalho da 15ª Região

Primeiro trimestre registra queda no abate de gado e aumento no de frango 30.06.08

30.06.08

O Brasil abateu menos cabeças de bovinos e mais frangos e suínos nos três primeiros meses deste ano. Os dados fazem parte da Pesquisa Trimestral do Abate de Animais, do Leite, do Couro e da Produção de Ovos de Galinha, divulgada sexta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O abate de bovinos diminuiu em 10,1% nos primeiros três meses do ano, comparado a igual período de 2007. De janeiro a março foram abatidas 7,155 milhões de cabeças bovinas.

De acordo com o gerente de Pecuária do IBGE, Octávio Costa de Oliveira, a diminuição é devida à escassez de bois gordos, causada pela falta de investimentos, em anos anteriores, em matrizes.

“Os pecuaristas argumentam que os criadores não vinham tendo uma boa rentabilidade nos últimos anos e estavam desestimulados porque o preço não estava compensando. Então, eles fizeram o abate de fêmeas, o que se refletiu na dificuldade de repor o rebanho.

Mesmo com a diminuição recente no rebanho bovino, em uma série histórica mais ampla é possível constatar que o Brasil avançou em 80% no abate mensal nos últimos dez anos, passando de 1,285 milhão de cabeças abatidas em março de 1998, para 2,314 milhões de cabeças em março deste ano.

Já o número de frangos abatidos demonstrou um forte crescimento no primeiro trimestre deste ano, com alta de 12,2% contra o mesmo período de 2007, com 1,184 bilhão abatido no total do período. Na série histórica, também a produção de aves mensal passou por alta expressiva nos últimos dez anos no país, saltando de 181,6 milhões em março de 1998 para 384,5 milhões no mesmo mês deste ano, numa alta de 111%, mais do que o dobro.

Também houve crescimento alto no abate mensal de suínos, que aumentou 80% em uma década, saindo de 1,066 milhão, em março de 1998, para 2,258 milhões no mesmo mês deste ano. No primeiro trimestre de 2008, a produção suína cresceu 2,7% em relação a igual período do ano passado, totalizando 6,824 milhões de cabeças abatidas.
Fonte: Vladimir Platonow, repórter da Agência Brasil

Governo vai lançar linha de crédito ambiental para madeireiros e pecuaristas 27.06.08

27.06.08

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, anunciou ontem (26), que o governo vai lançar uma linha de crédito para modernizar as cadeias produtivas da pecuária, soja, madeira e mineração, em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O projeto chamado "Empresa Âncora" terá capacidade de financiamento de 100% do empreendimento com taxa anual de juros de 7,15%. O assunto foi definido durante uma reunião na manhã de hoje com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho.

De acordo com Minc, a linha poderá ser utilizada por grandes frigoríficos ou madeireiras, por exemplo, que repassarão os recursos aos pequenos fornecedores de sua cadeia produtiva, que geralmente têm mais dificuldade de cumprirem a legislação ambiental, para que se modernizem.

Segundo o ministro, ao mesmo tempo, estarão sendo assinados acordos com as grandes companhias desses setores que passam a ser co-responsáveis pelos crimes ambientais praticados por seus fornecedores.

“Com isso vamos ganhar muito mais do que botar um policial florestal ou fiscal do Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis] atrás de cada um. As próprias cadeias produtivas vão colocar na linha seus fornecedores. Com uma mão a gente bate duro e, com a outra, o BNDES dá o oxigênio para que eles cumpram tudo o que a gente está exigindo”, afirmou.

Projetos "sustentáveis"

Outro assunto discutido durante a reunião foi a assinatura de um acordo com os bancos públicos e privados do país para que só financiem projetos sustentáveis, garantindo condições de crédito mais favoráveis para projetos de tecnologia limpa, que provoquem menos impactos ao meio ambiente.

O último ponto acordado entre Minc e Coutinho diz respeito à criação de uma linha de financiamento para que os órgãos ambientais estaduais se modernizem e possam dar agilidade à fiscalização e os processos de licenciamento. O ministro informou que essa linha depende apenas da liberação do Conselho Monetário Nacional (CMN).

“Será um grande avanço para destravar o licenciamento ambiental e a fiscalização em vários estados do país”, destacou.
Fonte: Thaís Leitão, repórter da Agência Brasil

Menos de 6% dos laticínios mineiros trata seus efluentes líquidos 27.06.08

27.06.08

O projeto Minas Ambiente mapeou cerca de 1,3 mil laticínios e cooperativas leiteiras em Minas Gerais, constatando que apenas 69 possuem sistema de tratamento de efluentes líquidos. Outras 21 agroindústrias estão em fase de implantação, segundo dados da Câmara Temática de Indústria, Mineração e Infra-Estrutura do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam).

O projeto abrange laticínios independentes com capacidade de recepção de 60 mil litros de leite por dia e cooperativas com captação diária de até 100 mil litros diários. Segundo a gerente de Desenvolvimento e Apoio Técnico às Atividades Industriais da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Liliana Nappi Mateus, no início da ação esperava-se a adesão de 1.253 empresas, mas apenas 133 se interessaram.

Desse montante, 125 finalizaram o processo de licenciamento, 93 continuaram com o trabalho de licenciamento e outras 40 empresas tiveram o pedido indeferido.

Segundo reportagem de Rodrigo Moinhos, do Diário do Comércio/MG, o grande gargalo são os prazos. A Feam dá um prazo de 12 meses, podendo ser prorrogado em 18 ou 24 meses. "Caso a empresa não cumpra as formalidades, poderá ser autuada ou ter as atividades suspensas, coisa que acontece pouco, pois a Justiça favorece as empresas", minimizou Liliana.

No momento, cerca de 13 empresas poderão serem multadas ou terem as atividades suspensas.
Fonte: Diário do Comércio/MG, com Milkpoint

Anvisa proíbe Danone de veicular propaganda de iogurte Activia 27.06.08

27.06.08


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou hoje (27) a suspensão das propagandas do iogurte Activia, da Danone, em todo território nacional.

De acordo com a Resolução n.º 2.125, publicada no Diário Oficial da União, a agência considera que a empresa tem sugerido, por meio das afirmações veiculadas, a ingestão do produto como tratamento para o funcionamento intestinal irregular (constipação intestinal).

O texto trata a atitude como uma “medida de interesse sanitário”.
Fonte: Agência Brasil

Mais três abatedouros vendiam muita água no frango 27.06.08

27.06.08

Três abatedouros de aves, dois de Minas Gerais e um de São Paulo, foram impedidos ontem (26) pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) de comercializar sua produção de frango congelado. De acordo com nota, a decisão foi tomada depois que o ministério recebeu uma denúncia do Procon do Espírito Santo, acusando as empresas de colocar frango congelado com excesso de água no mercado capixaba.

As empresas Avivar Alimentos S.A. e Real Alimentos Ltda (MG) e Vigor Alimentos Ltda (SP) vão ter seus abatedouros submetidos ao regime especial de fiscalização pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), até que fique constatado que as empresas estão produzindo de acordo com as especificações legais. A legislação permite a presença de no máximo 6% de água na carcaça do frango congelado.

Comentário do editor: como o Observatório vem noticiando, vender água a preço de frango tem sido um grande negócio para o setor, que só no ano passado faturou quase 500 mil toneladas de água -legalmente admitidas pelo Mapa - nos frangos vendidos. E ainda tem esses abatedouros que exageram, chegando a mais de 25% de água, enquanto o Mapa permite 6% e "tolera" mais 1 % de "erro", e quando aparece alguma reclamação de consumidores acabam sendo punidos. Mas ninguém devolve o dinheiro aos consumidores lesados.

Além de não poder escoar a produção, os abatedouros deverão revisar e apresentar ao Dipoa os programas de prevenção e controle de adição de água aos produtos. As empresas também vão ter que informar a causa do descontrole que levou ao excesso de água no produto.

Ainda de acordo com a nota, o Mapa também vai verificar se há indícios de fraude, para que sejam tomadas as sanções cabíveis, e qual a responsabilidade dos funcionários do Serviço de Inspeção Federal (SIF), que atuam nas empresas. A investigação será encaminhada ao Ministério Público, que poderá aplicar multa às empresas, de acordo com o possível lucro que obtiveram com a suposta fraude.
Fonte: Ana Luiza Zenker, repórter da Agência Brasil, com o Observatório

Sadia amplia produção em SC para mercado externo 27.06.08

27.06.08

A Sadia escolheu a cidade de Mafra para ser a sede de sua terceira unidade de produção em Santa Catarina. Localizado no Planalto Norte, a 310 quilômetros de Florianópolis, o município vai receber a construção de um abatedouro de suínos. O empreendimento abrange também uma fábrica de rações e granjas de produção integrada. O investimento total, que deverá ser feito até 2010, é da ordem de R$ 650 milhões, dos quais R$ 400 milhões próprios e R$ 250 milhões de terceiros.

Com 35 mil metros quadrados de área construída, a unidade de Mafra terá capacidade para abater 5 mil suínos/dia e deverá gerar uma receita anual adicional à empresa da ordem de R$ 500 milhões quando estiver operando em sua plena capacidade. Já a fábrica de rações deverá produzir 60 mil toneladas/mês. Em relação à geração de empregos, serão criados 1,2 mil novos postos de trabalho diretos e 4,5 mil indiretos. O projeto prevê a implantação de um sistema de integração com 540 suinocultores, entre unidades produtoras de leitão e unidades de terminação.

A previsão é a de que 90% da produção do novo abatedouro seja destinada ao mercado externo. No ano passado, o Comitê Internacional da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) reconheceu Santa Catarina como zona livre de febre aftosa sem vacinação, status até então inédito no País, abrindo a possibilidade da carne suína produzida no Estado ganhar novos e importantes mercados.

O projeto faz parte do plano da Sadia de expandir a capacidade produtiva da companhia no Brasil e no exterior por meio do investimento na ampliação de unidades já existentes e na construção de novas plantas. “Estamos investindo em greenfields e em projetos inovadores com o intuito de manter a companhia na vanguarda da competitividade e de crescer”, salienta Gilberto Tomazoni, diretor presidente da Sadia.

Segundo a empresa, a escolha de Mafra deveu-se, sobretudo, à infra-estrutura de produção e à localização estratégica da cidade, que fica próxima dos portos de Paranaguá (PR), Itajaí (SC) e São Francisco do Sul (SC).

Fonte: Suinocultura Industrial

Produção de leite e ovos cresce no 1º trimestre 27.06.08

27.06.08

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou hoje (27) as pesquisas do Abate de Animais, do Leite, do Couro e da Produção de Ovos de Galinha, referentes ao primeiro trimestre deste ano. Segundo a pesquisa do IBGE, foram adquiridos 4,893 bilhões de litros de leite pelas indústrias no 1º trimestre deste ano, indicando um aumento de captação de 9,2% ante o mesmo período de 2007, e queda de 1,1% com relação ao 4º trimestre do ano passado.

O volume de leite industrializado no 1º trimestre foi de 4,880 bilhões de litros, que representa um aumento de 9,3%, em relação ao 1º trimestre de 2007, e queda de 0,9% frente ao 4º trimestre de 2007. Segundo o IBGE, "os preços reais ao produtor estiveram favoráveis durante o ano de 2007 frente a 2006, estimulando a produção de leite".

Produção de ovos

No 1º trimestre de 2008, foram produzidas 570,5 milhões de dúzias de ovos de galinha pelas unidades produtoras com efetivos acima de 10.000 galinhas poedeiras, seja de ovos para incubação e produção de matrizes ou ovos para consumo, segundo mostra pesquisa do IBGE.

Ao comparar o volume de produção no 1º trimestre com o obtido no mesmo período de 2007 verificou-se aumento de produção de 8,2%. Já com relação ao 4º trimestre de 2007, houve aumento de 2,6% da produção. "Estes aumentos estão relacionados em parte com o aumento da produção de frangos de corte, cujo abate tem crescido continuamente nos últimos trimestres", segundo o documento de divulgação da pesquisa.
Fonte: Jacqueline Farid - Agência Estado, com o Observatório

CNA critica apreensões de gado feitas pelo Ministério do Meio Ambiente na Amazônia 26.06.08

26.06.08


O presidente do Fórum Nacional de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, disse ontem (25), que a forma como o Ministério do Meio Ambiente fez as apreensões de cabeças de gado, pode ter envolvido pecuaristas que não estão em condições irregulares, na região amazônica.

Nogueira informou que a CNA não é a favor de produtores ilegais, mas acha que deve haver mais conversa e menos exposição. "Não damos as mãos a um produtor que esteja ilegal na condição dele. Se ele está ilegal, tem que ser punido., mas acho também que precisava conversar. Eu acho que esse tipo de sensacionalismo não leva a nada", afirmou.

O representante da entidade acredita que, em alguns casos, não foi o pecuarista quem desmatou. O crime contra o meio ambiente teria ocorrido antes de sua chegada. "Nós temos que sentar e conversar. A CNA está disposta a conversar", disse.

As declarações foram feitas por Antenor Nogueira no intervalo da reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Carne Bovina, a qual também preside, no Ministério da Agricultura.

Quanto ao aumento do preço interno da carne bovina, Nogueira disse que pode causar redução nas exportações, mas outros fatores têm mais impacto sobre as vendas, como a "dificuldade de se cumprir a rastreabilidade".

Na reunião de hoje, ficou decidida a criação de dois grupos de trabalho na Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Carne Bovina. Um, para avaliar o Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov), e outro, para verificar o padrão de fabricação da vacina contra a febre aftosa na América do Sul.

Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil

Maior inserção internacional favoreceu crescimento das grandes indústrias 26.06.08

26.06.08

Indústrias com mais de mil empregados responderam por mais da metade da produção

A participação das grandes indústrias com mil pessoas ocupadas ou mais na produção do setor passou de 48,7% em 1996 para 60% em 2006. O maior salto ocorreu no período de 2000 a 2006, como mostra a Pesquisa Industrial Mensal – Empresa (PIA-Empresa), divulgada ontem (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2000, o valor da transformação industrial para essa parcela das empresas havia aumentado para 53,8%.

Entre os fatores que propiciaram o crescimento dessas indústrias, a economista Isabela Nunes,gerente do Grupo de Análises do IBGE, destacou a maior inserção no mercado internacional e a valorização das commodities, que são produtos básicos agrícolas e industriais comercializados no mercado exterior. “Porque as grandes empresas todas têm uma perna de exportação de commodities, seja siderúrgica, seja petróleo, minério de ferro, celulose”.

Falando à Agência Brasil, Isabela Nunes esclareceu que de 1996 a 2000, todas as empresas industriais, inclusive as maiores dentre as maiores, se reestruturavam, fazendo ajustes mais finos. “A partir de 2000, quando o cenário macroeconômico melhorou, foram elas que tiveram mais condições de crescer”. Ela ressaltou que o “período virtuoso” foi de 2000 até 2006. “Foi a partir desse período que as empresas grandes conseguiram dar esse salto”.

Para Isabela Nunes, o que está por trás desse movimento “é um desempenho exportador muito favorável e uma situação de acumulação interna [de capital] maior do que das outras empresas”, o que significa que elas tinham mais condições e souberam aproveitar melhor o momento. “É uma conjugação de fatores”.

Nos dez anos analisados pela pesquisa, as grandes indústrias não só aumentaram de tamanho, mas ampliaram o número de empregos, assim como aumentaram a produtividade. Nesse período, a velocidade de crescimento do emprego das grandes empresas foi de 42,7% e a velocidade de crescimento do número de empresas foi de 29,9%. O saldo entre essas duas relações deu um crescimento de tamanho médio de 9,8% nesses dez anos, só para as indústrias com mil empregados ou mais.

Fronteira agrícola também atraiu indústrias

A expansão da fronteira agrícola e maiores incentivos fiscais são alguns dos fatores que explicam a atração exercida por outros estados fora do Sudeste para as grandes indústrias brasileiras, disse a pesquisadora do IBGE.

Isabela Nunes informou que os setores de alimentos e bebidas, refino e máquinas e equipamentos foram os que mais cresceram nos últimos dez anos, aumentando o pessoal ocupado e também a participação do valor da transformação industrial. “A grande empresa está localizada principalmente nos setores de refino, extrativa, veículos automotores”.

No entanto, o maior ganho nesse período pode ser identificado no setor de alimentos e bebidas. “Nesse crescimento do emprego e do valor da transformação, pode-se dizer que o setor de alimentos e bebidas cresceu fortemente”, destacou.

O pessoal ocupado nas empresas com mil ou mais pessoas ocupadas passou de 42,2% em 1996 para 54,7% em 2006. Já o valor da transformação industrial para essa mesma faixa de empresas evoluiu de 57,5% para 64,5% nesses dez anos.

A economista do IBGE enfatizou que, em relação ao setor de refino e extrativo mineral, os anos de 2000 a 2006 foram considerados o “período áureo” das descobertas de petróleo. “Houve um aumento da oferta e, logo em seguida, uma valorização muito grande. Foram setores que se beneficiaram nesse período.”

Já o setor de alimentos e bebidas não concentra apenas grandes indústrias. “Por pegar empresas de todos os portes, a produtividade do setor não é destacada”, observou Isabela Nunes. Esse é, contudo, o segmento que mais emprega e paga os maiores salários totais. “Ele tem um peso grande na economia. E as grandes [indústrias], particularmente, têm se mostrado muito ativas nesse segmento”.

Grande escala foi fundamental para crescer ainda mais

Os outros dois segmentos das grandes empresas industriais – as que empregam de 250 a 499 pessoas e as que mantêm de 500 a 999 trabalhadores - permaneceram com o mesmo porte entre 1996 e 2006 e não apresentaram dinamismo. O diferencial competitivo das grandes empresas com mil empregados ou mais em relação a essas duas fatias de indústrias é o ganho de escala, segundo Isabela Nunes.

“São empresas que trabalham em grande escala. Elas conseguem ter um custo menor e uma margem de lucro maior e, portanto, investem mais”. A taxa de inovação nas maiores empresas industriais atinge 86%, contra uma média de 33% na indústria em geral.

“Elas trazem modernidade para o setor à medida que, com a inovação, estão trazendo nova tecnologia. Isso acaba por tornar essas empresas catalizadoras do crescimento”. Com isso, elas impactam de forma positiva as pequenas e médias empresas, que formam a cadeia fornecedora das indústrias de grande porte. “Se esse setor se moderniza, automaticamente tem impacto na cadeia de pequenas e médias”.

As empresas com mil pessoas ocupadas ou mais responderam por 57% da produção e vendas de 3,5 mil produtos abrangidos pela Pesquisa Industrial Anual-Produto (PIA-Produto) referente a 2006, de acordo com o levantamento divulgado ontem (25) pelo IBGE.

As empresas na faixa de 250 a 999 empregados responderam por 23%. No caso dos estabelecimentos com mais de 30 até 249 pessoas ocupadas, o percentual apurado foi de 20%.

“Quando se faz esse mesmo estudo para os 100 principais produtos, constata-se que essa concentração é maior ainda. As empresas com mil ou mais funcionários são responsáveis por 74% da produção. As de 250 até 999 têm 17% e as de 30 a 249 têm 9,1%”, revelou à Agência Brasil o gerente da pesquisa, João Batista de Oliveira.

Por regiões, considerando também os 100 maiores produtos em valor de vendas, verifica-se que as empresas com mais de mil empregados registram participação superior a 60% em todas elas. “Todas têm participação acima de 60%, sendo que na Região Norte o impacto é maior. As grandes indústrias ficam com 79,4%. As grandes empresas que ficam na Região Norte realmente se destacam e agregam maior valor [aos produtos]”, analisou o gerente da PIA-Produto.

O mesmo movimento ocorre para as empresas com grande contingente de pessoas ocupadas no Nordeste (75,8%) e no Sudeste (77,3%), “bem próximo da média Brasil que é de 73,9%”. Nas duas regiões que ficaram abaixo da média nacional, Centro-Oeste e Sul, a participação das empresas com mil empregados ou mais foi de 63,4% e 60,9%, respectivamente. “Então, na lista dos principais produtos regionalizada, a gente verifica que as empresas com mais de mil empregados participam com mais de 60% em todas as regiões”, destacou João Batista.

Na faixa de empresas com 250 a 999 empregados, a participação foi maior no Sul (28,1%), seguido do Centro-Oeste (21,5%) e Norte (18,6%). Abaixo da média nacional (17%), ficaram as Regiões Sudeste (14,1%) e Nordeste (11,7%).

Já as empresas com mais de 30 até 249 empregados mostraram participação mais expressiva no Centro-Oeste (15%) e no Sul (11%). Em seguida vêm Nordeste (8,9%), Sudeste (8,6%) e Norte (5,6%). A média nacional nessa categoria foi de 9,1%.

Sudeste ainda concentra maiores empresas indusriais mas começa a perder espaço para outras regiões

As grandes empresas com mil pessoas ocupadas ou mais estão concentradas, em especial, na Região Sudeste, mostra a Pesquisa Industrial Anual - Empresa (PIA-Empresa), divulgada ontem (25) IBGE.

A gerente do Grupo de Análise do IBGE, Isabela Nunes, observou, em entrevista à Agência Brasil, que também no Sul verifica-se grande número de indústrias de maior porte. Salientou, entretanto, que a maior concentração é mesmo no Sudeste (1.498 empresas), porque o Sul (778) apresenta também um grande contingente de pequenas e médias empresas do setor industrial.

“Agora, recentemente, registra-se um aumento, principalmente para o Norte, no Amazonas, por causa da Zona Franca. A participação dessas grandes empresas está crescendo no Norte e no Centro-Oeste também”. A economista observou que no Centro-Oeste também existem muitas empresas do setor de alimentos, que são de pequeno, médio e grande portes.

“No caso do Norte, especialmente Amazonas e Zona Franca, existe um segmento de material eletrônico e de comunicação muito forte, que são setores tecnologicamente mais avançados”, destacou. Ela acrescentou que o aumento da fronteira agrícola, direcionado para as Regiões Norte e Centro-Oeste, já vem sendo observado também pelo setor industrial há algum tempo.

Esse movimento foi confirmado nos dados referentes a 2006, explicou a economista. “Se considerarmos as grandes empresas, o diferencial é um pouco maior nessas regiões. Há maior produtividade das empresas, tem o maior salário medido em salário mínimo dessas empresas para essas regiões e uma certa perda do Sudeste, o que é uma tendência. Embora a concentração seja muito localizada no Sudeste, ao longo de dez anos, ela perdeu espaço”.

Nos últimos dez anos, as Regiões Sudeste e Sul perderam participação no valor da transformação industrial. Essa variável caiu de 71,6%, em 1996, para 64,4%, em 2006, no Sudeste; e de 15,5% para 14,7% no Sul. Enquanto isso, as demais regiões apresentam ganhos de participação. O Centro-Oeste subiu de 1,2% para 3,3%; o Nordeste, de 7,1% para 11,3%; e o Norte, de 4,5% para 6,3%, revela a pesquisa do IBGE.
Fonte: Alana Gandra, repórter da Agência Brasil, com o Observatório

Alimentos com alto teor de gordura, sal e açúcar predominam na propaganda 26.06.08

26.06.08

A Universidade de Brasília (UnB) e o Ministério da Saúde divulgaram ontem (26), no auditório da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), o resultado de uma pesquisa que apontou que as propagandas que mais predominam nas TVs e revistas são as de alimentos com alto teor de gordura, sal e açúcar.

Os anúncios de alimentos nas televisões correspondem a 9,7% do total e sua maior freqüência é registrada no período das 14h30 às 18h30, com maior prevalência na rede de televisão a cabo. Já as mídias impressas focam mais em revistas infantis, para adolescentes e mulheres.

No estudo constatou-se que os alimentos mais divulgados na mídia são produtos que afetam a saúde e acarretam em doenças crônicas. Durante a divulgação dos dados, o Ministério da Saúde afirmou que 60% dos recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) são gastos em tratamentos de hipertensão, diabetes e coronarianas.

Segundo a coordenadora geral da política de alimentação e nutrição do Ministério da Saúde, Ana Beatriz Vasconcellos, os órgãos competentes pretendem realizar campanhas de alimentação adequadas para executar uma mudança nos hábitos da população, na intenção de reduzir o consumo desses mantimentos. Entretanto, a meta principal é efetuar revisões de todas as políticas legislativas que estão no Congresso Nacional, relacionadas a esse tipo de propaganda.

Além disso, a reunião discutiu também a proposta de consulta pública da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), publicada em 2006, que dispõe sobre a oferta, propaganda e publicidade de alimentos com quantidades elevadas de açúcar, gordura saturada, gordura trans e sódio.

Na avaliação da gerente de propaganda da Anvisa, Maria José Delvado, a consulta mudará os hábitos dos brasileiros e irá privilegiar a saúde da população, principalmente das crianças que consomem esses alimentos, muitas vezes, induzidos pela mídia.

“Nós estamos estabelecendo critérios de propagandas ricas em gordura, sal e açúcar, justamente para que essas campanhas possam ter informação importante sobre o ponto de vista de saúde pública e que possam conter práticas implementadas neste segmento que influenciem e alterem significamente os padrões de consumo”, disse.

Segundo a dona de casa, Carmem Miranda, os meios de comunicação erram ao não equilibrar as informações, inclusive, nos comerciais. Ela disse que hoje é muito difícil fazer com que os filhos mantenham uma alimentação saudável. Para ela, a falta de tempo dos pais, a influência dos amigos na escola e a televisão são aspectos que contribuem para que as crianças aprendam a consumir alimentos que não são saudáveis.

“Em casa, quando tenho tempo, preparo um lanche mais saudável, mas quando eles chegam na escola trocam os lanches com os coleguinhas por biscoito de chocolate, sem contar que a televisão passa toda hora propaganda de biscoito de super heróis, daí a gente acaba comprando para agradar os filhos”, conta Carmem.
Fonte: Agência Brasil

Rio Grande do Sul colhe supersafra de grãos 26.06.08

26.06.08

A safra de verão 2007/2008 foi a segunda maior da história do Rio Grande do Sul e a melhor em preços pagos ao produtor. Os números finais da colheita dos principais grãos cultivados no Estado - soja, arroz, milho, feijão e trigo - foram divulgados, ontem (25), pelo secretário da Agricultura, João Carlos Machado, em entrevista coletiva no Centro Administrativo Fernando Ferrari (CAFF). "É o segundo ano consecutivo que comemoramos uma supersafra no Estado", afirmou o secretário.

Ao lado do chefe da Casa Civil, José Alberto Wenzel, e dos presidentes da Emater-RS, Mário Nascimento, e do Irga (Instituto Rio Grande do Arroz), Maurício Fischer, Machado destacou o valor bruto de R$ 14,6 bilhões gerado no campo. A diferença positiva de R$ 5,1 bilhões é 54% superior ao registrado na safra passada (R$ 9,44 bilhões) com a colheita dos principais grãos plantados no RS.

Segundo dados finais apurados pelos técnicos da Emater-RS e do Irga em todo o Estado, a atual safra totalizou 20,5 milhões de toneladas de grãos (soja, arroz, milho e feijão). O secretário acrescentou que, se for considerada a produção de trigo para esta safra que se inicia e que está estimada em 1,78 milhão de toneladas, o total a ser colhido na safra 2007/2008 sobe para 22,25 milhões de toneladas - permanecendo como a 2ª maior safra da história gaúcha. Em relação à safra recorde do ano passado, de 24,12 milhões de toneladas, incluindo o trigo, a queda foi de 8% na produção.

O secretário lembrou que, no ano passado, deu tudo certo, o clima foi o melhor possível. Este ano, porém, as condições climáticas foram adversas, com a ocorrência de estiagem, chuvas de granizo e até ciclone extra-tropical. "Mesmo assim, a safra de verão deste ano é a vice-campeã na história gaúcha e é 17% maior do que a média dos últimos cinco anos".

Bons resultados melhoram perspectivas

Apesar da preocupação com a alta dos custos de produção, Machado disse que espera uma nova safra recorde em 2009. "O grande desafio é produzir mais na mesma área, como estão fazendo os produtores de arroz incentivados pelo Irga", exemplificou. Segundo ele, o produtor gaúcho está motivado porque, há dois anos, vem tendo bons resultados na lavoura, o que está propiciando a recuperação da sua renda e a capacidade de investimento.

O presidente do Irga, Maurício Fischer, disse que, no caso do arroz, não há mais área para aumentar a produção. "Estamos no limite. Nossa intenção é continuar sendo mais eficientes para ter uma produtividade cada vez maior", observou. O Irga está adiantado um ano nas metas de produtividade previstas no Programa Arroz RS. O programa prevê a produção de uma tonelada por hectare a mais durante os quatro anos da atual gestão do governo estadual, o que representaria, no final, uma produtividade próxima de 7,5 toneladas por hectare. "Já nesta safra atingimos 7 toneladas por hectare. Para o próximo ano, devemos atingir 7,25 toneladas por hectare", revelou o diretor comercial e industrial do Instituto, Rubens Silveira.

O presidente da Emater-RS, Mário Nascimento, destacou que este é um momento de oportunidades crescentes para os agricultores gaúchos. "A alta demanda mundial por alimentos e a capacidade de produção do Estado garantem um futuro promissor no agronegócio", ressaltou. Nascimento creditou aos produtores a colheita de mais uma supersafra no RS. "É o trabalho e a coragem dos nossos agricultores que impulsionam a economia do Estado".

Arroz bateu recorde de produção

O arroz obteve o melhor resultado dos grãos plantados no RS nesta safra de verão. Pelo quinto ano consecutivo, a produtividade ficou acima das seis toneladas por hectare, sendo a melhor da história, com sete toneladas/ha, tendo por base os números do Irga. Conseqüentemente, a produção de arroz também foi a maior da história na safra 2007/2008, atingindo 7,5 milhões de toneladas. Os preços pagos ao produtor igualmente são os melhores já verificados no Estado. O valor da saca de 50 Kg de arroz está em R$ 33,55 em média, 44,9% acima do que estava nesta mesma época no ano passado.

A lavoura de soja, mesmo com prejuízos localizados de falta de chuvas em algumas regiões do Estado, alcançou uma produção de 7,2 milhões de toneladas, 19,3% superior a média dos últimos cincos anos, que foi de 6 milhões de toneladas. No ranking histórico, a produção de soja deste ano é a 3ª maior já colhida pelos gaúchos. O preço do saco de 60 Kg de soja está 58,5% maior do que a mesma época de 2007, sendo comercializado a R$ 49,24 em média.

Apesar dos problemas causados pelas intempéries, o milho teve a quinta maior safra do RS da história, com a produção de 5,21 milhões de toneladas. O preço da saca de 60 Kg pago ao produtor está em R$ 23,95 em média - 31,16% superior ao mesmo período do ano passado. O feijão, que teve uma redução de 12,17% (somando a 1ª e a 2ª safra) na área plantada, fechou uma produção de 104,7 mil toneladas. A produtividade foi boa, de uma tonelada por hectare, sendo a 2ª maior da história, só perdendo para a do ano passado, que foi de 1,21 tonelada/ha. O preço pago ao produtor é o melhor de todos os tempos, com média de R$ 121,11 o saco (60Kg) - mais de 192,6% maior do que o verificado nesta mesma época no ano passado.
Fonte: Agronotícias

Senador dos EUA pede bloqueio de compras do Friboi 26.06.08

26.06.08

Washington - O senador democrata norte-americano Herb Kohl, do Estado de Wisconsin (EUA), recomendou que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos bloqueie a compra da processadora de carne de boi National Beef Packing e da divisão de carne Five Rivers Ranch Cattle Feeding, da Smithfield, pelo frigorífico brasileiro Friboi. O senador, que preside o Subcomitê de Direitos do Consumidor, Políticas de Concorrência e Antitruste do Senado dos EUA, disse que as compras são anticompetitivas e poderiam causar substancial dano à concorrência e aos consumidores.

Em uma carta enviada ontem ao promotor-geral assistente Thomas Barnett, da divisão antitruste do Departamento de Justiça norte-americano, o senador lembra que o Friboi é a terceira maior empresa processadora de carne dos EUA e que a compra da National e da Smithfield, respectivamente a quarta e a quinta maiores do país, deixaria apenas três empresas do setor no mercado norte-americano, com o frigorífico brasileiro na liderança. "Essas três empresas remanescentes terão mais de 80% de participação no mercado de abate de bois e novilhos e o Friboi sozinho controlará quase um terço do mercado", diz a carta.

Segundo o senador, tal nível de concentração em um setor já convergente reduziria de cinco para três o número de compradores de gado, e em algumas regiões até a dois, dando "enorme poder de compra às processadoras de carne restantes". Kohl afirma que os criadores de gado seriam deixados em uma posição de "pegar ou largar" nas negociações de venda do gado.

"No nível nacional, as compras do Friboi juntariam sob sua propriedade exclusiva 11 unidades de processamento de carne, agora controladas por três processadoras", diz o senador. "No nível regional, muitos fazendeiros e abatedouros ficariam com apenas uma, na melhor das hipóteses duas, unidades de processamento de carne para vender seu gado." Kohl acrescenta preocupações relativas aos preços dos alimentos para argumentar contra o negócio que, segundo ele, aumentaria ainda mais o preço da carne nos EUA.

Como alternativa ao bloqueio da transação, o senador democrata sugere que o Friboi renuncie à compra do Five Rivers, da Smithfield. O Five Rivers, maior abatedouro dos EUA, comercializa cerca de dois milhões de cabeças de gado por ano. Segundo Kohl, a compra do Five Rivers daria ao Friboi uma enorme oferta cativa de gado e prejudicaria os produtores independentes.
Fonte: as informações são de agências internacionais, com Hélio Barboza -Agência Estado

Lucro da Monsanto sobe 42% no 3º trimestre fiscal de 2008 26.06.08

26.06.08

O lucro líquido da multinacional norte-americana Monsanto registrou alta de 42% no terceiro trimestre fiscal, encerrado em 31 de maio deste ano, somando US$ 811 milhões, ou US$ 1,45 por ação. No mesmo período do ano passado, o lucro havia sido de US$ 570 milhões, ou US$ 1,03 por ação. A receita da empresa aumentou 26% para US$ 3,59 bilhões.

Segundo a Monsanto, a demanda por produtos da empresa tem aumentado por conta da necessidade crescente de alimentos no mundo e do aumento do uso de grãos na produção de etanol.

No segmento de sementes e genomas, a receita da Monsanto subiu 20% para US$ 2,05 bilhões, com um aumento de 9,4% nas vendas de milho e de 38% nas vendas de soja. A receita do segmento de produtividade agrícola cresceu 36% para US$ 1,54 bilhão, com as vendas do herbicida Roundup e de outros herbicidas à base de glifosato disparando 54%.

Com os resultados do terceiro trimestre fiscal, a Monsanto elevou a projeção para o ano fiscal de 2008 pela quarta vez este ano, projetando agora lucro por ação de US$ 3,40. Porém, a empresa destacou que seu quarto trimestre fiscal será "amplamente influenciado por seu negócio global de algodão e pelos negócios do Roundup nos Estados Unidos". Geralmente, a Monsanto registra prejuízo no quarto trimestre fiscal.
Fonte: informações da Dow Jones, com Deise Vieira- Agência Estado

Contrato prevê exportação de etanol brasileiro produzido sob critérios socioambientais 26.06.08

26.06.08

Um contrato pioneiro assinado nesta quarta-feira, dia 25, entre as empresas Alcoeste, Cosan, Guarani, Nova América, do Brasil, e a sueca Cekab, a maior compradora européia do álcool prevê a exportação de 115 milhões de litros de etanol brasileiro para a Suécia, em nove meses.

O embarque do produto começou neste mês. É o primeiro contrato de exportação do biocombustível baseado na observância de critérios de sustentabilidade. Duas vezes por ano, cada empresa brasileira passará por auditoria considerando a redução da emissão de gás carbônico na atmosfera, compromisso com a conservação de áreas de mata nativa, progressos na mecanização da colheita e a tolerância zero ao trabalho infantil nas lavouras.

O vice-presidente da Cekab, Anders Fredksson, afirmou que a empresa e os consumidores suecos acreditam na sustentabilidade do etanol brasileiro. Disse também que até o fim do ano que vem metade dos postos de combustível suecos estarão abastecidos com o combustívei do Brasil e que a meta é que o uso do etanol ultrapasse o da gasolina na Suécia em até oito anos.
Fonte: Canal Rural, com o Observatório

Descoberto caso de estomatite vesicular em GO 26.06.08

26.06.08

A confirmação de um caso de estomatite vesicular no município de Cavalcante, no norte de Goiás, já fez o Ministério da Agricultura suspender os embarques de todos os tipos de carne do Estado para o mercado russo, de acordo com o protocolo sanitário existente entre os dois países.

O presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte, Antenor Nogueira, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), avaliou que a descoberta não deve prejudicar as exportações de carnes. Ele lembrou que a propriedade já foi isolada e que foram tomadas as medidas cabíveis do ponto de vista sanitário.

Apesar do protocolo sanitário, ele não acredita que a Rússia fechará seu mercado para toda a carne produzida em Goiás. Nogueira avalia que poderá haver a restrição apenas aos produtos do município de Cavalcante.

O JBS-Friboi divulgou nota informando que suas exportações para a Rússia não serão prejudicadas pelo caso identificado em Goiás. "A JBS informa que esta suspensão não impacta negativamente de forma alguma suas exportações visto que a companhia possui nove unidades produtivas em seis outros Estados (Rondônia, Mato Grosso, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná) aptas a produzir e exportar para a Rússia", diz a nota divulgada pela empresa.

A empresa também abastece o mercado russo através das unidades instaladas da Argentina, Estados Unidos e Austrália, sendo líder no fornecimento para aquele país. Atualmente, a Rússia é o maior importador de carne bovina no mundo. Brasília

A nota do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informa que:

Ø A propriedade onde foram detectados os focos da doença ficará interditada até 21 dias após a cura do último animal que manifestou a enfermidade;

Ø Por se tratar de doença branda, não será necessário o sacrifício de animais;

Ø Os países para os quais o Brasil exporta carne bovina já foram comunicados da ocorrência da doença;

Ø Por se tratar de um tipo de vírus já notificado anteriormente no País, a comunicação à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) será feita mediante relatório semestral encaminhado rotineiramente à entidade;

Ø Por força do acordo sanitário vigente entre Brasil e Rússia, está suspensa a emissão de certificados de exportação de carne bovina oriunda de animais do estado de Goiás;

Ø Os frigoríficos de Goiás podem continuar a exportar para o mercado russo, desde que abatam animais de outras unidades federativas.
Fontes: Fabiola Salvador e Alexandre Inácio, Agência Estado, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento -Mapa, com o Obsevatório

Stephanes quer mais feijão com arroz e produção de fertilizantes 25.06.08

25.06.08

O novo plano agrícola e pecuário, a ser anunciado oficialmente pelo presidente Luiz Inácio da Silva no dia 2 de julho, deverá favorecer principalmente a expansão do cultivo do arroz, feijão, trigo e milho. A afirmação foi feita ontem (24) pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, ao participar do seminário Perspectivas para o Agribusiness em 2008 e 2009.

Stephanes disse que, embora “não seja uma commodity [produto com cotação em bolsas de valores], o arroz é o terceiro cereal mais consumido no mundo, com uma produção mundial de 500 milhões de toneladas, das quais apenas 25 milhões são comercializadas internacionalmente e quando há uma quebra de safra, mesmo pequena, isso acaba pressionando os preços do grão”.

Sobre o trigo, o ministro destacou a necessidade de obtenção de um ganho em transporte, já que, diante da instabilidade do fornecimento do produto pela Argentina, o Brasil precisou recorrer à importação de mercados mais distantes, como o Canadá, onerando o preço.

Quanto ao feijão, ressaltou que, por ser uma cultura de ciclos curtos, em torno de 90 dias, “há uma volatilidade grande”, e é preciso manter as etapas de quatro colheitas. Para estimular o produtor, o governo usará a estratégia de garantia de preços mínimos e, para o equilíbrio da oferta e procura, lançará mão dos estoques reguladores.

Segundo Stephanes, o governo pretende recuperar áreas de pastagens degradadas e voltar ao nível de três anos atrás em área plantada, passando dos atuais 45 milhões para 48 milhões de hectares. O ministro salientou que a região de Cerrado do Centro-Oeste é a que tem “maior potencial para crescer”. De acordo com cálculos do ministro, em todo o país, poderiam ser incorporados à agricultura comercial cerca de 100 milhões de hectares.

Ele informou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) colocará, inicialmente, R$ 1 bilhão em créditos voltados para essa recuperação, com o cuidado de se preservar o meio ambiente.”É uma espécie de troca em que não é preciso derrubar árvores, mas preservar o que já temos.”

Stephanes considera os recursos estimados para a próxima safra, R$ 65 bilhões, suficientes para aumentar a produção de forma a suprir a demanda do mercado interno e gerar excedentes para exportação.

O Brasil precisa buscar auto-suficiência em fertilizantes

O ministro Reinhold Stephanes, lembrou ontem (24) que o Brasil precisa reduzir a sua dependência externa de insumos destinados ao plantio no campo, como ação estratégica para se beneficiar do atual aumento da demanda internacional por alimentos. “O Brasil depende em 90% do potássio, que é fornecido apenas por 12 exportadores no mundo”, disse ele.

De acordo com o ministro, apesar de o Brasil ter três minas para exploração do mineral necessário à produção do fosfato, “as empresas que dominam o negócio não têm investido o ideal para o abastecimento interno”. Quanto aos nitrogenados, ele informou que a Petrobrás deve dar a sua contribuição, “entrando mais forte com a exploração da Bacia de Santos”.
Fonte: Marli Moreira, repórter da Agência Brasil

Candidato conservador à Presidência dos EUA, McCain defende álcool brasileiro 25.06.08

25.06.08

O provável candidato republicano à Casa Branca, John McCain, desafiou a indústria automobilística a enfrentar o desafio ambiental e a incrementar a produção de motores não poluentes, defendendo a liberação das taxas que hoje são impostas por seu país sobre a importação do etanol produzido no Brasil a partir da cana-de-açúcar

Em um discurso na cidade de Fresno, Califórnia, McCain propôs que o governo americano deveria abandonar sua fixação em fabricar álcool a partir do milho. Para McCain, as subvenções ao produto americano e as barreiras comerciais contra o álcool brasileiro são um gasto do dinheiro público para financiar "interesses particulares".

O republicano prometeu baixar os impostos da indústria automobilística baseando-se "nas reduções das emissões de CO2" dos veículos. Para isso, ofereceu um prêmio de US$ 300 milhões e reduções de impostos à indústria automobilística.

"Se isto exigir um encontro com a indústria automobilística durante o primeiro mês de minha gestão ou a assinatura de um decreto, alcançaremos a meta de uma rápida conversão dos veículos americanos" para um combustível mais limpo.

O seu rival democrata, Barack Obama, senador por Illinois, um grande Estado agrícola, apóia as subvenções ao etanol produzido com milho e as barreiras comerciais impostas às importações do combustível do Brasil.

Contudo, em tempos de grande alta do preço do petróleo, ambos os prováveis candidatos à Casa Branca enfatizam a necessidade da independência energética para os EUA e a diminuição das emissões de carbono que contribuem para o aquecimento global.

Saída

McCain apóia o fim dos subsídios multibilionários anuais distribuídos do governo para o setor. Como defensor do livre-comércio, McCain também se opõe à tarifa de 54 centavos de dólar por galão que os EUA impõem para a importação de álcool brasileiro, o que é mais barato e consome menos energia para ser produzido que o de milho.

Obama, ao contrário, é a favor dos subsídios. Em nome de ajudar os EUA a ser independente na questão energética, ele apóia a ajuda federal aos produtores de milho.

Artigo de Larry Rohter - aquele correspondente que quase foi expulso do Brasil por ter feito uma reportagem sobre hábitos do presidente da República - publicado ontem no jornal norte-americano "New York Times", afirmou que o comitê de Obama possui ligações com a indústria do álcool. Segundo ele, Tom Daschle, co-presidente do comitê de Obama, trabalha para três companhias de etanol em seu escritório de advocacia em Washington, onde "provê conselhos estratégicos para seus clientes por meio da energia renovável".
Fontes: Folha Online, com France Presse, New York Times e o Observatório

Caminhoneiros anunciam que começa hoje uma paralisação de 24 horas 25.06.08

25.06.08

Caminhoneiros de todo o país estão com indicativo de paralisação de 24 horas para hoje (25). A categoria reivindica preços mais baixos para o óleo diesel, diminuição do valor do frete, alteração no Decreto 49.487, que regulamenta novas restrições para a circulação de caminhões na cidade de São Paulo, e melhorias para motoristas autônomos.

O presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros, José da Fonseca Lopes, disse que a greve será diferente das anteriores: primeiro, a categoria vai interromper as atividades, para depois entrar em negociação com os órgãos competentes. “Para atingir o governo, temos de fazer pressão política. Por isso a classe decidiu, a priori reivindicar, para depois negociar, pois só assim, conseguiremos lutar pelo que a classe necessita.”, afirmou Lopes, em entrevista ao programa Revista Brasil da Rádio Nacional.

Lopes ressaltou que, se o governo não modificar o Decreto 49.487, a entrega das mercadorias certamente atrasará e trará prejuízos para os motoristas que transportam produtos perecíveis. “Umas das reivindicações é que as marginais sejam liberadas, de uma estado para outro, pois a capital paulista é local estratégico de passagem e de distribuição de produtos. Se os carros não puderem passar das 5 às 21 horas, com certeza isso trará retardamento nas entregas e prejuízo aos motoristas que carregam frigorificados, cargas vivas e hortifrutigranjeiros.”

Segundo o sindicalista, o governo pouco tem feito pela melhoria e qualidade do setor, principalmente para caminhoneiros autônomos. Ele lembrou que esses trabalhadores têm dificuldades na aquisição de financiamento para compra de veículos novos e, quando conseguem, a entrega do carro costuma atrasar até seis meses, o que gera um prejuízo incomensurável.

Lopes espera que o resultado da paralisação de amanhã sensibilize as autoridades e que, com isso, elas apresentem propostas de solução para a categoria.

Na entrevista, o sindicalista recomendou que os motoristas não saiam de casa. Aos caminhoneiros que trafegam nas rodovias, sugeriu que parem em postos de abastecimento ou em locais seguros, pois podem acorrer imprevistos violentos da parte de alguns manifestantes. “Faço um apelo à categoria para que adira à paralisação, porque pode acontecer de caminhoneiros alterados realizarem atos de depredação, como aconteceu na greve de 1999.”
Fonte: Agência Brasil

Brasil registra vitória na ONU em sua ofensiva pelo etanol de cana-de-açúcar 24.06.08

24.06.08

"Genebra - Ontem, o secretário-executivo da Convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) para Mudanças Climáticas, Yvo de Boer, ressaltou que o etanol brasileiro "não gera desmatamento" e é sustentável, mas criticou os biocombustíveis de outras fontes. Para ele, apenas o etanol que seja produzido de forma sustentável fará parte de uma solução final para garantir a redução de emissões de gás carbônico no mundo. E ainda alertou: "Uma solução climática no mundo não passa por abandonar um combustível por outro. Todos terão de estar envolvidos." Ao que tudo indica, (ONU) reconhece que parte da resistência ao uso do etanol vem da oposição dos interesses ligados ao petróleo."

Comentário do editor: de onde ele tirou essa informação de que o etanol brasileiro "não gera desmatamento", não sei. Só se, mais uma vez, o Cerrado é invisível e só tem capim, não tem árvores. A quantidade de usinas de etanol planejadas para o Cerrado é enorme. E mesmo se fosse apenas capim, literalmente é "desmatamento", retirada do "mato".

A substituição da cobertura vegetal natural por plantios comerciais como a cana-de-açúcar geralmente altera significativamente a evapotranspiração, elevando a quantidade de água retirada do solo e tornando-o mais seco, e o "albedo" da terra (albedo é a fração resultante da divisão entre a quantidade de raios solares refletidos pela superfície terrestre -numerador - e o total dos raios solares que nela incidem -denominador) onde ocorre a alteração, levando a maior reflexão dos raios solares para a atmosfera, o que certamente provoca seu aquecimento local. Além disso, estudo recentemente publicado por
Fargione e outros (2008), demonstrou que o volume de emissão para a atmosfera do carbono acumulado na vegetação típica do Cerrado, retirada para produção de etanol, demorará 17 anos para zerar com a "economia" de CO2 resultante do uso do etanol, ao invés da gasolina, em automóveis.

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No que se refere ao etanol, De Boer admitiu que o assunto não é bem recebido pelos produtores de petróleo. "Cada país e setor tem seu interesse", disse. "O pessoal do petróleo não gosta desse debate (do etanol)", admitiu. O presidente Luiz Inácio da Silva já alertou no início do mês em Roma que os "dedos apontados contra a energia limpa dos biocombustíveis estão sujos de óleo e de carvão".
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"O que precisamos é que todos se sentem à mesa para discutir. A solução para a questão climática não será a de escolher entre um ou outro combustível", disse. Ele nega que a solução nas emissões de gás carbônico tenha de passar pela substituição de combustíveis no mundo. "O que queremos é reduzir as emissões. Esse é o objetivo", disse.

Para ele, o debate sobre o futuro do etanol precisa ser mais "sofisticado". "Não há um só etanol. O que existe no Brasil não desmata e é sustentável", disse. Em sua avaliação, o critério de sustentabilidade será o que determinará se o etanol poderá ou não fazer parte de uma solução climática no mundo. "O biocombustível de óleo de palma desmata. Há também o etanol de milho, que está gerando a alta nos preços dos alimentos", alertou. "Portanto, sei que o etanol será ainda um tema polêmico nas negociações do clima", completou.
Fonte: Jamil Chade, Agência Estado, extrato do Observatório

Boiada "pirata" vai a leilão, se Justiça autorizar, com renda para diversos usos 24.06.08

24.06.08

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, detalhou ontem (24) a apreensão de 3,1 mil cabeças de gado em uma fazenda instalada dentro de uma estação ecológica na Terra do Meio, na região próxima ao município de São Félix do Xingu (PA).

O proprietário da Fazenda Lourislândia, Lourival Medrado Novaes dos Santos,
havia sido notificado desde 2006 para retirar o rebanho da unidade de conservação.

O leilão ainda depende de procedimentos judiciais, e, segundo Minc, deve ser realizado em três semanas. A apreensão ocorreu no último dia 7 e foi a primeira da chamada Operação Boi Pirata, que pretende coibir a criação de gado em áreas de preservação na Amazônia.

Remexendo assuntos antigos

Segundo o ministro, além do Fome Zero, os recursos serão utilizados para custear as operações de fiscalização e financiar ações de saúde indígena. De acordo com Minc, a apreensão do gado e a tomada da sede da Fazenda Lourilândia já começou a provocar um “êxodo da boiada” criada irregularmente na região.

Segundo o diretor de Proteção Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Flávio Montiel, há ainda cerca de 40 mil cabeças de gado ilegais em 14 propriedades na Terra do Meio.

Na avaliação do ministro, o leilão dos chamados bois piratas não deverá interferir no mercado ou pressionar o aumento do preço da carne. “Alguns adversários insinuam que isso vai criar uma incerteza, ou provocar desabastecimento. Nós não vemos dessa forma. O Brasil tem mais de 200 milhões de cabeças, estamos fazendo operações com 9, 10 mil, e que são concorrência ilegal”, argumentou.

Na última quinta-feira (19), em audiência pública na Câmara dos Deputados, o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, afirmou que so em seu Estado existem mais de 10 milhões de cabeças que poderiam ser classificadas como "boi pirata", acrescentando que a caça aos bois piratas poderá provocar diminuição da oferta de carne para os supermercados. “É muito fácil o discurso do transgressor de dizer 'não me reprima porque isso vai aumentar o preço'”, afirmou Minc sem citar o governador de Mato Grosso.

Outras 10 mil cabeças de gado criadas irregularmente em uma fazenda do município de Costa Marques (RO) deverão seguir para leilão, segundo Minc. O Ibama embargou a propriedade ontem pela manhã, de acordo com o diretor Flávio Montiel, e notificou o proprietário, Jair Fernando Simonato, que tem prazo de 15 dias para retirar o rebanho da área.
Fonte: Luana Lourenço, repórter da Agência Brasil

MPF no Pará acusa Incra e federação de agricultores de improbidade administrativa 24.06.08

24.06.08

O Ministério Público Federal (MPF) no Pará moveu uma ação de improbidade administrativa contra o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri), por causa de um convênio firmado entre as duas entidades.

Ao acatar a ação de improbidade, o juiz federal de Marabá, Carlos Henrique Haddad, decretou a quebra do sigilo bancário da conta onde foram feitos depósitos de cerca de R$ 3,2 milhões, entre 2004 e 2006.

O convênio foi firmado para que a Fetagri prestasse assessoria técnica, social e ambiental ao assentados das regiões sul e sudeste do Pará, segundo nota do MPF. Mas, ainda de acordo com a Procuradoria da República, além de a contrapartida não ter sido prestada corretamente pela Federação, o Incra pagou pelos serviços e nunca os fiscalizou.

Dessa forma, o Ministério Público constatou irregularidades como terceirização ilegal dos serviços, despesas sem explicação e a falta de um relatório de gastos.

A Fetagri não foi encontrada para se pronunciar sobre as acusações. O Incra alegou que deve divulgar uma nota de esclarecimentos até amanhã, quarta-feira (25).
Fonte: Mariana Jungmann, repórter da Agência Brasil

Presidente da Unica diz que é momento de dialogar com EUA sobre etanol 24.06.08

24.06.08


O presidente da União da Agroindústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Marcos Jank, disse ontem que o momento atual é o ideal para uma aproximação entre o Brasil e os Estados Unidos "para tentar implementar uma política de complementariedade na questão do álcool". Ele afirmou que esta questão está sendo discutida, em função da pressão de preços do petróleo e do milho, após a quebra de safra do cereal provocada pelas fortes chuvas que caíram nas regiões produtoras dos Estados Unidos.

A conjuntura atual poderia facilitar um diálogo, já que a Unica estuda a possibilidade de pedir a abertura de um painel na Organização Mundial de Comércio (OMC) contra as tarifas impostas sobre o álcool brasileiro no mercado norte-americano. Ele afirmou que não há na Unica uma decisão final a este respeito ...
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Diante da situação atual, diz ele, poderiam ser estudadas alternativas entre o Brasil e os Estados Unidos, como cortes temporários na tarifa, a criação de um sistema de cotas, ou mesmo uma espécie de tarifa móvel, que variasse de acordo com os preços internacionais do milho. Jank afirmou que a relação entre dois países é crucial para a criação de um mercado global, pois juntos representam 75% da produção mundial de etanol.

Comentário do editor: ou seja, se nos acertarmos, com 75% da oferta podemos criar um cartel que vai definir os padrões do etanol, da forma que mais nos beneficiar, e ter grande influência nos preços.

Média

Ele ressaltou, no entanto, que o Brasil continuará defendendo uma abertura do mercado de alguns países, inclusive do próprio Estados Unidos. "Nós entendemos que o subsídio dado aos produtores norte-americanos de milho se justifica, em virtude da preocupação do governo com a segurança energética, mas não precisamos conviver com as tarifas impostas ao etanol brasileiro", disse ele.

O presidente da Unica disse que se as tarifas fossem menores, o Brasil poderia suprir o mercado norte-americano de etanol no curto prazo, podendo ajudar contra a pressão que existe sobre os preços do petróleo e do milho. Ele lembrou que os Estados Unidos são o maior mercado para etanol do mundo e que até o ano de 2020 deverá consumir 140 bilhões de litros. Atualmente, o Brasil exporta para os Estados Unidos 1,6 bilhão de litros, que chega até aquele mercado por meio de países do Caribe.
Fonte: Alexandre Inacio, Agência Estado, extrato do Observatório

Ministério da Agricultura prevê aumento na demanda por fertilizantes e agrotóxicos 24.06.08

24.06.08

A demanda dos produtores rurais por fertilizantes este ano será de 5% a 7% maior que a do ano passado, segundo previu ontem (23) o presidente da Câmara Temática de Insumos do Ministério da Agricultura, Cristiano Walter Simom.

Segundo ele, as vendas este ano, que apenas começaram, já superam em 20% as do mesmo período do ano passado. Simon observou, no entanto, que esse aumento se deu pelo temor dos agricultores de uma possível escassez de fertilizante no mercado.

"Houve uma antecipação por medo da falta de abastecimento, o que não haverá", afirmou Simom.

Ele disse também que a demanda por agrotóxicos agrícolas deve ser 5% a 7% a mais que no ano passado.

Simon informou que foi acertado com parlamentares da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados que o Convênio-100, que zera a alíquota do Imposto sobre Circulação de Produtos e Serviços (ICMS), será prorrogado a cada 60 dias a partir de 31 de julho até que a reforma tributária seja votada pelo Congresso Nacional.

Participam da Câmara Técnica de Insumos representantes dos produtores rurais, do governo e das confederações de agricultores.
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil, com o Observatório

Alta da soja ameaça compromisso de não plantar em área de desmatamento 23.06.08

23.06.08

Os resultados positivos dos dois primeiros anos da moratória da soja, compromisso assinado por compradores de não comercializar grãos produzidos em áreas de novos desmatamentos na Amazônia, podem não se repetir no período de prorrogação do compromisso, assinada essa semana por representantes do governo e indústrias.

De acordo com o Grupo de Trabalho da Soja, que reúne representantes da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e do Greenpeace, entre outras ONGs, nos dois primeiros anos da moratória, em nenhum dos 193 polígonos de novos desmatamentos na Amazônia houve cultivo de soja.

No entanto, a situação pode mudar até a próxima safra, influenciada pelo aumento do preço do grão no mercado internacional, o que eleva o interesse dos produtores, e passada a “domesticação” da terra, período de transição (com plantio de outras culturas, por exemplo) para que o solo seja cultivável para a soja.

“O monitoramento revelou que houve desmatamento em 193 polígonos e a área está lá aguardando algum tipo de definição, que não necessariamente será a soja. O que não quer dizer que se nós não formos atentos, alguma soja será plantada nessas áreas. Até porque em alguns polígonos, essas áreas estão relativamente próximas a áreas já plantadas com soja no passado”, admitiu o presidente da Abiove, Carlo Lovatelli.

O levantamento dos polígonos de novos desmatamentos só levou em conta áreas de devastação iguais ou maiores que 100 hectares, porque, segundo o GTS, em geral, não é economicamente viável para o produtor de soja cultivar o grão em áreas inferiores a essas.

Na avaliação do coordenador da Campanha Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário, é preciso ficar atento também a desmatamentos inferiores a 100 hectares. “Identificamos proprietários que desmataram áreas menores, bem próximas às lavouras que já produzem soja, o que pode indicar que a produção será estendida para essas áreas nos próximos anos”, apontou.

Mas, para o presidente da Abiove, a garantia de que a soja irregular não será comercializada se deve ao fato de que os compradores de soja, que repassam a produção aos grandes exportadores “conhecem de perto” os produtores do grão. “Ele tem raízes na região, conhece os produtores, é relacionado, são companheiros, ele tem a informação [se desmatou ou não]”, disse.

Já o coordenador da campanha do Greenpeace defende a divulgação da lista de fornecedores, para que o monitoramento dos produtores, que desmataram ou não para produzir mais soja, não seja feito somente por representantes das indústrias compradoras. “O comprador de soja não tem credibilidade suficiente para dizer que não comprou de quem desmatou”.

Adário acredita que será necessário reforçar o trabalho para que o monitoramento chegue aos pequenos polígonos de desmatamento. Segundo ele, foram identificados mais 47 mil com extensão inferior a 100 hectares.

“Esse ano vai ter soja plantada nas áreas desmatadas Não será um grande problema monitorar os 193 polígonos. O que o GTS não têm condições de fiscalizar são os polígonos abaixo de 100 hectares. A imensa maioria não é em área de soja, mas se a gente falar em 10% para a soja, sendo conservador, serão cerca de 5 mil polígonos a mais para monitorar”, estimou.
Fonte: Luana Lourenço, repórter da Agência Brasil

Exportação de soja por Itaqui já supera 500.000 t 23.06.08

23.06.08

SÃO LUÍS - Desde março, a Vale já embarcou para o mercado exterior 540 mil toneladas de soja, oriundas de lavouras no Maranhão (região sul do estado e região de Chapadinha), Piauí, Tocantins, Pará e do Mato Grosso. Até o próximo dia 28, mais 130 mil toneladas do grão serão exportadas pelo píer II de Ponta da Madeira. O grande número de caminhões para o desembarque está provocando congestionamentos na rodovia próxima à Vale.

O volume de soja já exportado foi transportado por nove navios, sendo três para a China, dois com destino a Portugal, dois para a Bélgica, um para a Itália e um que seguiu para a Espanha.

Segundo o gerente comercial de logística da Vale, Evaldo Barbosa, até dezembro deverão ser exportadas 1,7 milhão de toneladas (Mt) de soja e 200 mil toneladas de farelo. Ano passado, a companhia embarcou 1,506 milhão de toneladas de soja.

De acordo com a Vale, 90% da soja que chega a São Luís para ser exportada pelo píer II de Ponta da Madeira é transportada pela Estrada de Ferro de Carajás (EFC). O restante vem por rodovias, devendo chegar ao volume de 200 mil toneladas via caminhões.

Mas, apesar de ser uma quantidade pequena em comparação à ferrovia, o transporte por caminhão tem causado problemas. Os motoristas reclamam da demora no descarregamento da soja nas instalações da Vale.

A fila de caminhões é grande

Os caminhoneiros denunciam que a operação de descarga está demorando oito vezes mais do que o tempo previsto. O problema está provocando congestionamentos em postos de combustíveis e em terrenos às margens da rodovia, próximo à Vale.

A Vale informou que as filas que estão se formando ao longo da BR se devem ao número de caminhões acima do acordado com as empresas proprietárias da soja. “Nós acordamos descarregar 60 caminhões/dia, mas estão vindo muito mais do que foi acertado”, explicou Evaldo Barbosa.

Para dinamizar a operação de descarregamento, a Vale otimizou seus processos internos no porto e elevou a média diária de atendimento para 70 caminhões por dia. Cada carreta tem capacidade média para transportar 37 mil toneladas.
Fonte: O Estado do Maranhão

Globalização reduz o poder do governo sobre o seu próprio país 23.06.08

23.06.08

O maior exemplo de que o aumento da produção agrícola não vai influenciar a redução dos preços, principalmente dos alimentos, de acordo com Quadros, foi o que ocorreu com o preço do arroz. “A relação oferta/demanda do mercado brasileiro não justificava a elevação do preço do arroz. A produção dava para atender a demanda local. Tanto que, em março, o preço do arroz estava até caindo. O que aconteceu foi que o preço do arroz subiu no mundo e o agricultor brasileiro percebeu que era mais interessante vender no mercado internacional. Aí, o preço do arroz no Brasil, imediatamente, começou a subir”, exemplificou o economista Salomão Quadros, professor da Fundação Getulio Vargas e responsável técnico pelos índices econômicos medidos pela instituição.

Quadros explica que os mercados são cada vez mais integrados e, mesmo que se aumente a produção doméstica agrícola, isso não se refletirá tanto assim no mercado interno. “A globalização tem essa característica. Ela reduz um pouco o poder do governo sobre o seu próprio país”, destacou.

De acordo com ele, a inflação no Brasil só não foi maior devido ao cenário de valorização do câmbio que vem ocorrendo desde o ano passado. “A inflação brasileira já vem passando por um amortecimento devido ao câmbio. O câmbio não pára de valorizar. Esse ano ele já valorizou perto de 10%. No ano passado, quase 20%. Nos últimos quatro anos, o câmbio caiu 50%. Isso tem colaborado. Na ausência dessa valorização do câmbio, a inflação aqui teria sido bem maior”.

Economista vê em crise de alimentos chance de o país se recolocar no mercado externo

Enquanto o aumento na produção agrícola terá um efeito reduzido no controle da inflação, ele pode, em contrapartida, ser uma boa opção para o reposicionamento do Brasil no mercado internacional, lembra Quadros.

Para ele, o Brasil tem, no contexto atual da crise mundial de alimentos, uma rara oportunidade de avançar no cenário externo. “O Brasil está prestes a suplantar os Estados Unidos como maior exportador de soja. Os Estados Unidos ainda são o maior produtor de soja, mas o cultivo da soja está crescendo mais rápido no Brasil que nos Estados Unidos, onde a soja está brigando um pouco com o milho, por causa do etanol. No Brasil, não há essa briga. Há espaço para crescer, há espaço para os dois crescerem. Isso dá ao Brasil uma importância cada vez maior”, destacou.
Fonte: Luciana Lima, repórter da Agência Brasil

Setor de máquinas agrícolas espera sinalização do governo para investir 23.06.08

23.06.08

A indústria de máquinas e equipamentos agrícolas espera uma sinalização mais forte do governo federal para investir na contratação e formação de mão-de-obra com o objetivo de atender à demanda que pode ser gerada com os investimentos que serão anunciados no início de julho para a agricultura.

De acordo com o diretor-secretário da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Pastoriza, a planta existente hoje tem plenas condições de atender com folga o dobro da demanda por máquinas e equipamentos. Para isso, a indústria só espera uma sinalização mais forte do governo para implantar o segundo turno da produção.

“O setor está trabalhando com 80% de sua capacidade, mas esse percentual refere-se a apenas um turno. Se o governo realmente der sinais de que haverá um incremento para o setor agrícola, as indústrias vão contratar e formar profissionais para trabalharem em um segundo, ou até em um terceiro turno. O setor de máquinas tem condições de atender com folga o aumento da demanda”, informou.

Essa fase de adaptação da indústria, de acordo com Pastoriza, levará no máximo três meses.
Fonte: Luciana Lima, repórter da Agência Brasil

Cassol quer fim dos assentamentos do Incra 20.06.08

20.06.08

e novo imposto para "preservar a Amazônia", mas Minc descarta sua criação
Maggi quer dinheiro subsidiado para pecuaristas se modernizarem

Os governadores de Mato Grosso e de Rondônia contestaram ontem(19) os altos índices de desmatamento da floresta amazônica em seus estados e reclamaram da lentidão do governo federal em regularizar as terras da região. Em audiência pública promovida pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, os governadores ainda sugeriram incentivos para preservação de matas nativas e reestruturação da pecuária na região.

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, descartou hoje (20) a idéia de se criar um imposto nos moldes da Contribuição Social para a Saúde (CSS) para aumentar os recursos destinados à preservação da Amazônia.

Segundo dados de monitoramento por satélite, os dois estados estão entre os líderes de desmatamento na Amazônia, atrás apenas do Pará. No período 2006-2007, foram devastados 2.476 quilômetros quadrados de florestas em Mato Grosso e 1.465 em Rondônia. No entanto, houve uma diminuição significativa em relação à medição anterior, com redução de 43% das áreas devastadas em Mato Grosso e 29% em Rondônia, enquanto a devastação no Pará ficou praticamente estabilizada.

Titulação da terra

O governador de Rondônia, Ivo Cassol, defendeu o fim dos assentamentos na Amazônia e pediu que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) acelere os processos de regularização fundiária. Cassol diz que a falta de regularização fundiária no Estado dá oportunidade para grileiros derrubarem a floresta. "Precisamos dessa regularização. Desde 2002, não se expede um título em Rondônia, isso não é justo", comentou.

O governador afirma que, desde 2006, o ritmo do desmatamento diminuiu 60% em Rondônia. "Estamos preservando, fazendo o dever de casa, mas precisamos que o Brasil inteiro e o mundo comecem a botar a mão no bolso e pagar para o sitiante que tem 50% de área intocada", sugeriu. Ele até propôs o valor, de R$ 10 por hectare preservado.

Para financiar a preservação, Ivo Cassol pediu uma contribuição nos moldes da CPMF e da Contribuição Social para a Saúde (CSS), que ele chamou de Contribuição Social Sustentável. "Por que não colocar 0,05% para a preservação da Amazônia? De conversa estamos cheios", afirmou.

Reestruturação da pecuária

O governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, também criticou a falta de organização fundiária na Amazônia e citou avanços no combate ao desmatamento. Ele reconheceu que a pecuária pressiona a floresta e defendeu a criação de incentivos, como crédito de longo prazo e juros baixos, para que pecuaristas integrem a agricultura à atividade, como forma de recuperar as pastagens degradadas e aumentar a produtividade de 1 cabeça de gado por hectare/ano para 4 cabeças por hectare/ano.

Para isso, apontou, seria necessário um grande programa para reestruturar a pecuária na região. "A ocupação de solo é muito grande para uma população muito pequena. Isso requer alguns milhões de reais, mas há possibilidade de fazer tecnicamente, e acho que é o caminho a perseguir. Caso contrário, essa pressão sobre a floresta continuará, até pela necessidade de sobrevivência dessas atividades", alertou.

O governador também criticou a forma de combate do Ministério do Meio Ambiente ao chamado "boi pirata", criado em áreas desmatadas. Ele estima que esse rebanho totalize 10 milhões de cabeças em Mato Grosso. Segundo Maggi, se o governo apreender essa quantidade de gado, isso vai afetar o preço da carne nos supermercados.

Desmatamento zero

O deputado Homero Pereira (PR-MT) elogiou a proposta do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, de transformar pastagens degradadas em áreas de agricultura. "Essa é uma forma inteligente de recompor as áreas degradadas. Quando a pecuária voltar à área usada pela agricultura será possível intensificar a criação de gado."

Já o deputado Sarney Filho (PV-MA), um dos parlamentares que sugeriram o debate com os governadores, defendeu a decretação do desmatamento zero até que haja regularização fundiária e zoneamento ecológico-econômico (ZEE) em toda a região. Ele disse ainda não acreditar que seja necessário devastar a Amazônia para produzir alimentos e lembrou que o desmatamento pode desequilibrar o clima, o que prejudicaria a produção agrícola em outras regiões do País.

O deputado Moreira Mendes (PPS-RO) criticou as ações de combate ao desmatamento do governo federal, como a Operação Arco de Fogo, que reprime madeireiras ilegais. Segundo ele, o governo não apresenta propostas para beneficiar os desempregados com o fechamento das madeireiras. "É preciso ter compensação ambiental, mas não há projeto do governo nesse sentido", lamentou.
Fonte:Mônica Montenegro e Francisco Brandão -Agência Câmara


Minc descarta criação de imposto para financiar a preservação da Amazônia


O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, descartou hoje (20) a idéia de se criar um imposto nos moldes da Contribuição Social para a Saúde (CSS) para aumentar os recursos destinados à preservação da Amazônia.

Segundo Minc, o ideal é que os estados e a União trabalhem juntos, inclusive, com a utilização de batalhões e bombeiros florestais para coibir os danos ao meio ambiente.

“Acho sim que poderíamos usar fundos como o Fundo Amazônia, que vai arrecadar US$ 900 milhões. Desse fundo, sairiam recursos para os estados melhorarem a preservação e não mais novos impostos, porque ninguém agüenta”.

De acordo com o ministro, o fundo será criado daqui a um mês e contará com dinheiro doado por outros países. A Noruega já garantiu a liberação de US$ 100 milhões, informou Carlos Minc.
Fonte: Ivan Richard, Repórter da Agência Brasil

Governo diz que quer produção maior de alimentos, mas apoio à agricultura familiar cresce pouco 20.06.08

20.06.08

Enquanto fazendeiros terão R$ 65 bi para financiar a próxima safra (na safra passada receberam R$58 bi), a agricultura familiar terá apenas R$1 bi a mais que no ano passado (passa de R$13 bi para R$14bi)


O presidente fez uma reunião ontem com a equipe econômica, economistas de fora do governo e o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) para discutir o andamento de medidas de combate à inflação e eventuais novas propostas. Nas palavras de um ministro, o governo vai continuar a monitorar o comportamento da inflação a fim de mantê-la na meta oficial.

Na área agrícola, o ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) disse que as medidas discutidas ontem serão suficientes para elevar a produção de grãos em 5%, alcançado 148 milhões de toneladas.

"Não queremos cair na armadilha em que alguns países estão caindo de tabelar e não ter produto, ou limitar as exportações ou até de taxar, que é o caso da Argentina, e acabar desorganizando o próprio setor produtivo", disse Stephanes à Folha de São Paulo.

Além de Mercadante, Mantega e Stephanes, participaram da reunião Paulo Bernardo (Planejamento), Dilma Rousseff (Casa Civil) e Franklin Martins (Comunicação Social), o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, e o professor Luiz Gonzaga Belluzzo. Como Henrique Meirelles está viajando, foi representado pelo diretor do BC Alexandre Tombini.

Secretário aponta importância da agricultura familiar na produção de alimentos

Em Curitiba, o secretário de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Adoniran Sanches, ressaltou ontem (19), a importância da agricultura familiar na manutenção da segurança alimentar num momento em que o país precisa produzir mais alimentos para baixar os indicadores de inflação.

“Os relatórios do Banco Mundial são muito claros. Um país que tem o perfil da agricultura voltado para a produção de alimentos está sofrendo menos o impacto da crise da oferta”, disse o secretário referindo-se ao Brasil. Segundo ele, enquanto nos últimos dois anos a inflação de alimentos no mundo está em torno de 85%, aqui permanece em 23%.

“Dos 4,8 milhões de estabelecimentos familiares ocupados com a agricultura, 4,1 milhões são de agricultores familiares. A situação poderia ser muito pior se não tivéssemos esse universo forte ofertando a cenoura, a beterraba, o leite, o feijão. O perfil é de pequena e média propriedade”, afirmou.

Sanches lembrou que 70% do feijão, 40% da soja, 95% das hortaliças e um grande percentual de vários outros alimentos consumidos pela população brasileira são provenientes da agricultura familiar.

“O Pronaf [Programa Nacional da Agricultura Familiar] saiu de um orçamento ofertado ao sistema financeiro de R$ 2,2 bilhões para R$ 12 bilhões nesta safra, além de novos modelos de assistência técnica, seguros de preços, de risco climático, rearticulações das Emater [empresas de extensão rural]", observou. Segundo ele, os recursos destinados aos seguros de preços e climático chegam a R$ 300 milhões por ano.
Fontes: sucursal de Brasília da Folha de São Paulo e Lúcia Norcio, repórter da Agência Brasil, com o Observatório

CTNBio aprova liberação comercial de vacina contra circovirose suína 20.06.08

20.06.08

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou ontem (19) a liberação comercial da vacina contra circovirose suína, produzida pela empresa Boehringer Ingelheim do Brasil Química e Farmacêutica. A doença é provocada por um vírus que causa infecção em leitões na fase de crescimento. Os animais infectados apresentam palidez de mucosas, perda de peso, diarréia e infecções.

Na quinta reunião plenária do ano, realizada ontem, em Brasília (DF), os integrantes da Comissão também aprovaram o Comunicado 04, que estabelece regras para o isolamento do cultivo de algodão geneticamente modificado. De acordo com o texto, em áreas onde houver ocorrência de algodão crioulo o isolamento será de 800 metros. Em áreas onde a há plantio de sementes tradicionais a distância entre os cultivos deve ser de 250 metros.

Também foi aprovado o texto base da Resolução Normativa 06, que estabelece regras para a liberação planejada no meio ambiente (pesquisa) para a área vegetal. O texto consolida as determinação expressas nas Resoluções Normativas 03, 10 e 16, que serão revogadas.
Fonte: Rafael Godoi - Assessoria de Comunicação do MCT

Importador de carne fica mais exigente 20.06.08

20.06.08

A UE e países como Japão, que já possuem critérios rígidos em relação à importação de carne bovina, suína e de aves, estão se tornando ainda mais rigorosos em itens como procedência da carne e o bem-estar animal.

Em cinco anos, as exigências em relação a rastreabilidade e saúde animal deixarão de ser uma opção para se tornarem condição na exportação de carne para os principais mercados consumidores. “Para exportar para 70% do mercado, hoje, já é obrigatório que essas questões sejam observadas. Nos próximos cinco anos, serão exigências formais, que podem efetivamente fechar o acesso aos chamados mercados de alto valor”, explica o especialista em saúde animal Ralph Ashmead, da consultoria canadense Serecon Management.

A conclusão faz parte do estudo “Comparação dos sistemas de saúde animal e segurança dos alimentos nos EUA, Canadá, Austrália, União Européia e Reino Unido”, elaborado pelo especialista a pedido do Departamento do Agronegócio da Fiesp e do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone). A pesquisa mapeia os principais mercados produtores e consumidores de carne bovina, suína e de aves e analisa os sistemas de saúde animal em uso nesses países.

Segundo ele, medidas como um sistema de rastreamento da carne mais eficiente, que leve em consideração as características regionais da criação de gado no País serão imprescindíveis se o Brasil quiser se manter entre os maiores exportadores mundiais de carne. De acordo com Ashmead, as exigências para importação de carne não partem só da legislação, como é o caso da UE. A tendência parte também de grandes compradores, como redes de restaurantes, que exigem o cumprimento de itens referentes ao bem-estar animal. Isso inclui restrições ao uso de hormônios e antibióticos, cuidados no transporte e abate e até mesmo em relação ao que os animais comem. “Cadeias como McDonald’s, Burger King e Wendy’s, pressionadas por consumidores, estão aumentando seu nível de exigência”, diz.

MUDANÇA

O rebanho mundial de gado é estimado pelo estudo em 1,3 bilhão de cabeças, sendo que 275 milhões são abatidas para fins de produção de carne, anualmente. Dez países, entre eles Brasil, EUA, Austrália e China, respondem por 68% da produção mundial. Em termos de consumo, no entanto, o cenário está mudando. Em tradicionais mercados como EUA e Canadá, o consumo de carne está estável. Mas a Ásia, especialmente Japão, China, Coréia do Sul e Vietnã, desponta como grande tendência. “Esses países podem ser uma estratégia de longo prazo para o produto brasileiro”, avalia André Nassar, diretor do Icone. “Conquistar 5% do mercado japonês já seria algo imenso para o Brasil”, diz Ashmead.
fonte: O Estado de São Paulo

Brasil produz primeiros caprinos transgênicos da América Latina para gerar medicamentos 19.06.08

19.06.08

Depois de nove anos de estudo, pesquisadores da Universidade Estadual do Ceará (Uece) conseguiram gerar os dois primeiros caprinos transgênicos da América Latina. Os animais foram geneticamente modificados para produzir leite com uma proteína humana que estimula a imunidade e é utilizada em medicamentos para o tratamento de pacientes com aids e câncer.

O experimento faz parte do projeto Caprinos Transgênicos como Biorreatores para Produção de Fármacos de Interesse em Saúde Humana, desenvolvido pelo Laboratório de Fisiologia e Controle da Reprodução da universidade cearense, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Segundo Vicente José Freitas, veterinário responsável pelo laboratório, será possível produzir um medicamento com custo pelo menos dez vezes mais baixo que o dos usados hoje para melhorar o sistema imunológico de pacientes com Aids ou que estejam sendo submetidos à quimioterapia e radioterapia para tratamento do câncer. De acordo com Freitas, além de mais barato, o novo remédio, que reproduz a proteína humana a partir de células animais, vai causar menos efeitos colaterais que o atual, obtido por meio de culturas de bactérias e fabricado no exterior, cujo custo é estimado em US$ 3 mil por tratamento.

O pesquisador disse que a parte mais difícil do experimento brasileiro já foi concluída com a obtenção dos animais que carregam o gene humano e, dentro de nove a dez anos, será possível ter o novo medicamento - inédito no mundo - no mercado.

“Considero que fizemos a parte mais difícil: temos os animais transgênicos. Todas as outras etapas para produzir o medicamento já são dominadas. Então, é apenas uma questão de tempo e execução de protocolos já definidos. O que vai demorar agora são os testes clínicos e pré-clínicos para validar um medicamento em uso humano”, afirmou.

Freitas informou que já há contatos para que o medicamento sintetizado a partir do leite de cabra seja produzido pelo laboratório de Biomanguinhos da Fundação Osvaldo Cruz, a fim de garantir o baixo custo do produto e facilitar seu acesso pela população.

Além do uso em pacientes com câncer e aids, o medicamento poderá ser empregado para regeneração de tecidos cardíacos e nervosos em pessoas que passaram por infartos e derrames (acidentes vasculares cerebrais).

A pesquisa brasileira tem financiamento de R$ 1,5 milhão da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
Fonte: Adriana Brendler, repórter da Agência Brasil

Operação Roncador aperto o cerco contra o desmatamento ilegal em Mato Grosso 19.06.08

19.06.08

Em apenas quinze dias, a Operação Roncador do Ibama atingiu cerca de R$ 8 milhões em multas, a maioria delas emitidas em razão de desmatamento a corte raso em área de Reserva Legal sem autorização. Os fiscais vistoriaram, com a ajuda do helicóptero e por terra, 70 áreas apontadas por um conjunto de sistemas detectores de desmatamentos. As imagens utilizadas são fornecidas pelo Projeto de Monitoramento da Floresta Amazônica por Satélite (Prodes) e o Sistema de Detecção em Tempo Real (Deter) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e também pelo satélite japonês Advanced Land Observing Satellite (Alos).

Dez fazendas foram autuadas e cinco embargadas. Foram apreendidos dois caminhões, um trator e duas motosserras. A ação ocorre em 13 municípios do Nordeste do Mato Grosso e Sudeste do Pará, num raio de 700 quilômetros a partir da base da operação de Vila Rica. Sete desses integram a lista dos 36 que mais desmatam na Amazônia Legal.

Em Gaúcha do Norte um fazendeiro foi multado em R$ 4,2 milhões por desmatar 840 hectares de Reserva Legal em floresta nativa. Imagens de satélite detectaram a derrubada. A área foi embargada. Em Vila Rica, seis fazendas receberam multa de R$ 35 mil por construir duas represas no córrego Buriti sem licenciamento ambiental e degradar uma área de 2,7 mil metros quadrados de Área de Preservação Permanente. A obra foi paralisada e as áreas embargadas. Os responsáveis terão de reparar o dano causado ao curso hídrico e à mata ciliar. Um trator fazia o aterro e foi apreendido. Ainda nesse município, um desmatamento a corte raso de 34,6 hectares em área de cerrado resultou na aplicação de R$ 10 mil. Uma motosserra foi apreendida.

Deter - A base da Operação Roncador em Vila Ricadá dá suporte ao trabalho de monitoramento de campo de 53 pontos indicados pelo Deter realizada pelo Inpe na região do entorno do Parque Nacional do Xingu. Segundo a pesquisadora do Inpe, Isabel Escada, "a verificação por meio de fotografias aéreas constata se o tipo de alerta disparado pelo Deter foi por degradação progressiva, por corte raso ou por outro fenômeno captado pelas imagens de satélite". O coordenador da Operação Roncador Pedro Alberto Bignelli considera esse trabalho de validação dos dados importante para a fiscalização do Ibama, pois, segundo ele, "o Deter tem sido utilizado pela fiscalização do Ibama como indicativo de novas frentes de desmatamento".

A Operação Roncador é conduzida pela pela Divisão de Gestão de Proteção Ambiental (DGPA) da Superintendência do Ibama em Goiás e pela Gerência do Ibama em Barra do Garças. A ação integra o Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAM) do Governo Federal e a campanha Guardiões da Amazônia do Ibama.

Fazendeiro é multado por desmatar área indígena em MT

Uma ação dos fiscais do Ibama na terra indígena Marãwatséde, da etnia Xavante, no município de Alto da Boa Vista, região sudeste do Mato Grosso, resultou na aplicação de uma multa de mais de R$ 20 milhões. Um fazendeiro foi autuado por desmatar mais de quatro mil hectares de vegetação de floresta em área de preservação permanente.

Imagens de satélite detectaram e vistorias de campo constataram a derrubada. O desmatamento ocorreu entre 2003 e 2005. A ação de fiscalização ambiental, que foi coordenada pela Gerência Executiva do Ibama em Barra do Garça, ocorreu no âmbito do Plano de Ação para a Prevenção e Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAM) do governo federal e da campanha Guardiões da Amazônia, do Ibama.
Fontes: Agronotícias e Paulo R. Zulino, Agência Estado

Renda de soja nesta safra (07/08) em MT supera 45% a do ano anterior

19.06.08

Os produtores de soja devem atingir um faturamento de R$ 11,336 bilhões em 2008, o que representa 53,1% da renda bruta estimada para este ano no setor agrícola de Mato Grosso.

A cifra é 45,5% maior que os R$ 7,791 bilhões registrados no ano passado, sendo também o maior nos últimos três anos.
Mas apesar desse crescimento da renda, de acordo com o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Glauber Silveira da Silva, o setor não está otimista quanto ao futuro.

Ele afirma que a renda líquida na safra 2007/2008 está em média R$ 280 por hectare, para uma produtividade média de 53 sacos (60 kg). No plantio 2003/2004, conforme o presidente, a rentabilidade do produtor chegou a R$ 580, uma redução de 51,7%. "E para a safra 2008/2009 estamos prevendo uma renda ainda menor, de R$ 210, isso porque os custos aumentaram muito, principalmente os fertilizantes", diz informando que o custo na safra 07/08 foi de US$ 600/ha e na safra seguinte já está US$ 900/ha.

A cultura do milho teve o maior percentual de variação, passando de uma renda de R$ 1,147 bilhão para R$ 3,048 bilhões, expansão de 74,1%. O incremento também é baseado na melhora do preço do produto, em função da demanda mundial. Para a cultura do arroz, a previsão é que a renda atinja R$ 385,602 milhões, incremento de 20,8% sobre os R$ 319,097 milhões do ano passado.
Fonte: Matupá News, com o Observatório

Ministro da Justiça destaca a necessidade de o Brasil assumir sua soberania na região amazônica

19.06.08

O ministro da Justiça, Tarso Genro, criticou, ontem (18), a atuação de algumas Organizações Não-Governamentais (ONGs) na região amazônica que desvirtuam suas ações. Segundo ele, está em tramitação no Ministério da Justiça (MJ) uma proposta – que será apresentada ao Congresso Nacional - para reavaliar a situação das ONGs na Amazônia.

O anúncio foi feito em resposta a comentários feitos por parlamentares a respeito da interferência de estrangeiros e pessoas mal intencionadas na Amazônia, durante audiência pública da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados.

O ministro Tarso Genro foi enfático: “A Amazônia é patrimônio da humanidade, mas, antes disso, é território nacional.”

Para o ministro, a região amazônica é uma questão nacional estratégica que merece atenção. “É preciso combinar progresso, ocupação legal e sustentabilidade”, ressaltou.

Além da proposta que limita a atuação das Ongs, Tarso Genro ainda destacou outra ação do poder executivo para reforçar a nacionalidade da região amazônica. “O governo vai reverter integralmente a soberania do País no controle da Amazônia”, assegurou.
Fontes: G1 (O Globo Online), Agência Câmara, com o Observatório

Congresso Americano promulga Farm Bill, que destina US$ 290 bilhões ao agronegócio 19.06.08

19.06.08

Washington - Por 80 votos a 14, o Senado dos Estados Unidos derrubou novamente, ontem (18) o veto do presidente George W. Bush à proposta de lei agrícola (Farm Bill) apresentada pelo Congresso no mês passado. O projeto, agora transformado em lei, destina US$ 290 bilhões ao agronegócio pelo próximos cinco anos.

Uma versão incompleta da Farm Bill foi votada no Congresso em 22 de maio e depois vetada pela Casa Branca. O veto foi derrubado em seguida, mas a lei estava incompleta. Devido a um erro de impressão, a versão encaminhada para o executivo deixou de fora a seção que tratava dos programas de ajuda alimentar.

Por questões de regimento, o Congresso não pode aprovar o artigo faltante separadamente. Por isso, Câmara dos Representantes e Senado tiveram de votar novamente todo o texto da Farm Bill. Ainda hoje, Bush voltou a vetar a lei.

"No momento em que o rendimento agrícola deve crescer mais de US$ 28 bilhões em um ano, o contribuinte americano não deveria ser forçado a subsidiar grupos de fazendeiros que possuem Renda Bruta Ajustada superior a US$ 1,5 milhão", disse Bush em mensagem ao Congresso hoje.
Fonte: informações são da Dow Jones, com Gerson Freitas Jr - Agência Estado

Exportação de carne de frango cresceu 31,3% em maio 19.06.08

19.06.08

As exportações de carne de frango do Brasil somaram 361,4 mil toneladas no mês de maio, o que representa um crescimento de 31,3% sobre o volume registrado em maio do ano passado, que foi de 275,1 mil toneladas. Os números foram divulgados hoje pela Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef). O levantamento aponta que no acumulado de janeiro a maio deste ano, os embarques brasileiros somam 1,5 milhão de toneladas, desempenho 17,7% superior ao mesmo período do ano passado.

Em receita, as exportações chegaram a US$ 684,59 milhões, aumento de 69,3% sobre os US$ 404,18 milhões apurados em maio de 2007. No acumulado do ano, as vendas externas de frango registram crescimento de 55,5%, passando de US$ 1,75 bilhão nos cinco primeiros meses de 2007 para US$ 2,72 bilhões em igual período de 2008.
Fonte: Alexandre Inacio, Agência Estado

Moratória da soja é estendida por mais apenas mais um ano 18.06.08

18.06.08

Para os ambientalistas, a iniciativa é fundamental para a proteção de longo prazo da floresta Amazônica e do clima global

A indústria da soja anunciou ontem que vai estender em um ano a moratória em que se compromete a não comprar o grão vindo de desmatamentos que ocorreram depois de 26 de julho de 2006. O anúncio foi feito em uma coletiva de imprensa em Brasília, que contou com a participação do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e representantes do Grupo de Trabalho da Soja (GTS).

“A decisão de hoje é muito importante porque é a confirmação dada por um setor líder do agronegócio brasileiro de que é possível garantir a produção de alimentos sem que seja necessário derrubar mais um hectare de florestas na Amazônia”, comemorou Paulo Adario, diretor da campanha Amazônia, do Greenpeace.

A Aliança de Empresas Consumidoras Européias, liderada pelo Mcdonald’s e o Carrefour, soltou um comunicado apoiando a iniciativa e se comprometendo a continuar engajada no processo. No Brasil, a Sadia, o Wal Mart e a Yoki também apoiaram o comunicado.

De acordo com declaração do presidente da Abiove, Carlo Lovatelli, o setor só concordou em estender a moratória na Amazônia por mais um ano depois de um telefonema do novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. O que foi conversado e acertado, deixou de ser divulgado. Por sua vez, o governo federal se comprometeu em acelerar o processo de registro e mapeamento das propriedades rurais na Amazônia e em realizar o zoneamento ecológico-econômico nas áreas prioritárias para a produção de soja.

"A Moratória é uma iniciativa bem sucedida da sociedade civil. O governo está entrando agora e se compromete em realizar o cadastro e licenciamento ambiental das propriedades rurais no bioma Amazônia", afirmou o Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, durante o evento. Ele ainda acrescentou que, seguindo o exemplo da moratória da soja, o governo está negociando uma moratória para madeira e gado.

Grupo misto acompanha o monitoramento

O Grupo de Trabalho da Soja, formado por representantes da indústria e de ONGs para assegurar a implementação da moratória, vai continuar trabalhando para desenvolver as ferramentas necessárias para garantir um regime de governança efetivo para a indústria da soja na Amazônia. O envolvimento direto do governo brasileiro será fundamental para agilizar o processo de registro e mapeamento das propriedades rurais na Amazônia, de acordo com o Código Florestal brasileiro. O Greenpeace acredita que um ano é pouco para cumprir tal tarefa, mas que o monitoramento da próxima safra será fundamental para começar a retirar do mercado os produtores que insistem em desmatar a floresta.

“A necessidade urgente de combater o aquecimento global e impedir a perda alarmante de biodiversidade requer que as indústrias de alimentos e do agronegócio se responsabilizem e se envolvam na busca de soluções. O papel das empresas consumidoras tem sido crucial neste processo. Esperamos que os bons passos dados até agora se traduzam em resultados positivos de longo prazo. Afinal, é o futuro da Amazônia e do planeta que está em jogo”, completou Adário.

O desmatamento das florestas tropicais é responsável por aproximadamente 20% das emissões de gases do efeito estufa na atmosfera – mais do que as emissões de todos os aviões, trens e carros do mundo inteiro. O Brasil é o quarto maior emissor mundial de gases estufa.

Minc quer "copiar" moratória da soja para madeireiras e frigoríficos

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse ontem (17), em Brasília, que o governo planeja estender a iniciativa conhecida como "moratória da soja" para os setores madeireiros e de carnes. A afirmação foi feita durante a renovação, por mais um ano, do compromisso da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove), Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) e suas empresas associadas de "não comercializar soja oriunda de áreas desflorestadas dentro do Bioma Amazônico". O acordo foi instituído pela primeira vez em julho de 2006, com validade de dois anos.

De acordo com Minc, já foram realizados contatos com dirigentes de associações madeireiras e proprietários de grandes frigoríficos exportadores, que se dispuseram a assinar, no próximo mês, acordos semelhantes. "O espírito será o mesmo", disse.

O ministro destacou que nessa segunda fase da moratória da soja o governo está assumindo compromissos, o que não ocorreu na primeira, que envolveu apenas o setor privado. "A moratória é uma iniciativa bem-sucedida da sociedade civil. O governo está entrando agora e se compromete em realizar o cadastro e licenciamento ambiental das propriedades rurais no bioma Amazônia", afirmou Minc. O governo também fará o zoneamento ecológico-econômico nas áreas prioritárias para a produção de soja.

Para participar do processo, no entanto, Minc informou que o governo pediu uma contrapartida às partes - indústrias e organizações da sociedade civil participantes do Grupo de Trabalho da Moratória da Soja (GTS), responsável pela implementação e controle da moratória. Quer que em 60 dias eles apresentem um balanço mais detalhado dos avanços até agora, bem como das áreas mais problemáticas. "A gente só pode ser avalista de verdade se tiver um controle maior do acompanhamento das cadeias produtivas e dos resultados", acrescentou.

Durante o encontro, hoje, em Brasília, governo, Abiove e Anec assinaram um Termo de Compromisso - uma extensão da moratória - no qual se comprometem a trabalhar em conjunto para a preservação do meio ambiente com o desenvolvimento econômico na Amazônia, e também para aumentar a governança na região.

Na ocasião, Carlos Lovatelli, presidente da Abiove, lembrou que no monitoramento feito pela Globalsat, empresa contratada pelo setor privado, não foi encontrada soja cultivada em 193 polígonos analisados, num total de cerca de 40 mil hectares. O levantamento aéreo e de campo, ocorrido entre agosto de 2006 e agosto de 2007 nos estados de Rondônia, Pará e Mato Grosso - que, juntos, são responsáveis pela quase totalidade da soja plantada no bioma Amazônia, se concentrou nos desmatamentos maiores do que 100 hectares.

Lovatelli disse que com a entrada forte do governo há chances de, no prazo de um ano, melhorar a regularização fundiária na região, um dos gargalos para barrar o plantio de soja ilegal. "Sem regularização fundiária, não há zoneamento econômico na Amazônia", destacou o ministro, ao acrescentar que a expectativa é concluir o trabalho de regularização em 2009.

Paulo Adario, coordenador da campanha da Amazônia, do Greenpeace, disse que a iniciativa tem enorme peso, em especial porque as empresas representadas pela Abiove e a Anec controlam 94% do comércio brasileiro de soja, cujas exportações, em grãos, bateram um recorde em maio, com os embarques somando 4,442 milhões de toneladas. "A moratória dá uma sinalização para o mercado como um todo", afirmou. Adário acrescentou que um outro avanço nesses dois anos foi o aumento da confiança entre os dois setores que eram vistos como inimigos, o privado e as ongs.

Por outro lado, Adário lembrou que o desmatamento da Amazônia voltou a aumentar no segundo semestre de 2007, depois de três anos de queda, e que os preços elevados da soja no mercado internacional estão aumentando o apetite dos produtores por mais terras, o que cria um importante desafio para as empresas comprometidas com a moratória. Quando a moratória começou, em 2006, o preço da saca de 60kg era de US$10. Hoje está em US$23. "As trades terão de reforçar seu compromisso com a moratória e trabalhar junto aos produtores de soja para ajudar a reverter esse processo", acrescentou.
Fonte: Gisele Teixeira, assessoria de imprensa do MMA

Dieta com vitaminas acelera o processo de criação de aves e suínos 18.06.08

18.06.08

O tempo necessário para a criação dos animais vem sendo reduzido ainda mais, confirmam as indústrias do setor.

Os preços do milho e do farelo de soja – em alta desde 2006 – estão mudando a dieta de aves e suínos. E não é só pelo uso de alternativas como o sorgo na indústria de ração, mas também pela adoção cada vez maior de aditivos como enzimas, que prometem melhorar a digestação e, conseqüentemente, a conversão do alimento em carne.

O tempo necessário para a criação dos animais vem sendo reduzido ainda mais, confirmam as indústrias do setor. Em 2007, os leitões chegaram a 100 quilos com 144 dias – 5 dias a menos que em 2000. Já o frango criado nos aviários mais estruturados alcançou 1,7 quilo em 34 dias, prazo recorde e até 6 dias menor que no início da década.

Enzimas reduzem o tempo de alojamento e, como consequência, o custo de produção.

Viabilidade do frango em xeque

A elevação dos custos podem estar tornando a produção de frango inviável no Paraná, sugere a federação dos sindicatos rurais do Paraná, a Faep. A Comissão Técnica de Avicultura da entidade fará neste mês um levantamento para dissolver essa dúvida. O resultado deve ser conhecido em julho. A importância do estudo não está relacionada só à sustentabilidade da estrutura já implantada, mas também aos investimentos que vêm sendo feitos no setor, defende o presidente da comissão, Amarildo Brustolin.

Os custos de instalação de um aviário são relativamente altos— R$ 230 mil para um galpão de 1,7 mil m2 – e o o investimento normalmente é recuperado num prazo de cinco a oito anos. A elevação dos preços é bandeira também dos frigoríficos do estado, que ampliam as exportações e esperam reduzir a oferta de carne no mercado interno.

O nutricionista Gustavo Lima, da Embrapa Suínos e Aves, que acompanha pesquisas sobre enzimas desde 1979, conta que houve grande evolução na purificação dessas substâncias e que, hoje, elas são capazes de fazer um leitão digerir pasto tão bem quanto um touro. “As enzimas ajudam o animal a expressar ao máximo seu potencial genético com a alimentação que recebe”, explica. Os animais tratados com enzima retêm 4% mais energia da ração, compara.

Ele afirma que não há perda de qualidade na carne com o uso desses produtos, mas indica que essas substâncias não são a única solução para melhorar a conversão e reduzir, assim, o consumo de ração. “Antes, é possível melhorar o sistema de produção, a limpeza do ambiente em que os animais vivem e planejar bem a atividade”, cita. A partir daí, o aconselhável é testar as enzimas, para avaliar localmente seus benefícios.

Se depender do aumento nos custos de produção, o uso dessas substâncias será cada vez maior, avalia o diretor-executivo do Sindirações, o nutricionista Ariovaldo Zanni. O custo médio da tonelada de ração (considerando as diferentes composições e preços e sua importância no mercado brasileiro) passou de US$ 140 para US$ 240 entre 2007 e 2008 (janeiro) e, do início do ano para cá, subiu para US$ 335, relata. “Os preços não vão mais voltar aos patamares anteriores à escalada de reajustes que ocorre desde 2006.” A alimentação representa dois terços dos custos de produção de frangos e suínos.

Zanni conta que as indústrias começam a substituir milho por sorgo em algumas rações e, para manter o mesmo índice de conversão do produto em carne, tornou-se necessário “o uso maior de vitaminas, aminoácidos e enzimas”. “As enzimas, que eram consideradas perfumaria pelos nutricionistas, ganharam importância diante do desequilíbrio do mercado. Hoje são levadas a sério”, avalia.

A multinacional Alltech, por exemplo, prevê aumento de 50% na venda de aditivos para a alimentação de frangos neste semestre. A meta da empresa é ampliar sua participação no setor no Brasil de 8% para 12%. A razão para essa confiança: a alta de cerca de 35% nos custos dos aviários, provocada principalmente pela elevação das cotações dos grãos. Segundo a Alltech, esses aditivos proporcionam economia de até R$ 15 por tonelada de ração (3%).

O gerente nacional de avicultura da empresa, Reginaldo Padovani, afirma que essa redução já considera o custo das enzimas. Ele defende que os produtos complementam a evolução genética e nutricional observada nas últimas décadas, que viabilizam a produção de carne a custos cada vez menores na comparação com sistemas tradicionais de criação (galinha no terreiro e porco solto no barro).
Fonte: Gazeta do Povo

CNA: preços dos alimentos continuarão subindo no País 18.06.08

18.06.08

O superintendente técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Ricardo Cotta, afirmou ontem (17) que os preços dos alimentos devem continuar subindo no mercado interno. Uma estimativa divulgada pela CNA mostra que os preços pagos aos produtores rurais tiveram aumento de 15,74% em reais, no primeiro trimestre do ano. Em igual período, os índices de inflação dos alimentos subiram cerca de 2%, de acordo com Cotta.

"Muito pouco foi repassado para o consumidor final", afirmou ele, que fez um alerta aos consumidores. "A população vai sentir os impactos. O produtor não consegue mais produzir pelos custos antigos", explicou. Ele disse que devido ao ritmo de produção do País - a safra principal é colhida nos primeiros meses do ano - os preços dos alimentos recuam no primeiro semestre e sobem no segundo.

Cotta lembrou que a alta dos preços dos fertilizantes influencia diretamente os preços finais dos alimentos e que a previsão de incremento de 10% no Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio este ano não representa aumento de rentabilidade para o produtor rural - item essencial para alavancar a produção agrícola. Parte da rentabilidade do setor tem sido, segundo ele, corroída pela desvalorização cambial. "O aumento do PIB não significa riqueza", afirmou. Fonte: Fabíola Salvador, Agência Estado

Produtores de soja no Piauí estão com os armazéns lotados 18.06.08

18.06.08

A safra de soja no Piauí este ano superou as expectativas. A produção foi tanta que já tem agricultor com dificuldade de armazenar os grãos.

A área plantada de soja nos cerrados do Piauí chegou a 253 mil hectares. Foram 16% a mais do que no ano passado. Segundo o IBGE, a produtividade média na região é de 3,1 mil quilos por hectare. Os produtores comemoram o resultado.

Este ano o Piauí colheu cerca de 795 mil toneladas de soja. É a maior produção da história do Estado. O resultado são armazéns superlotados de grãos.

A dificuldade no armazenamento da produção é atribuída ao mau estado das estradas, que atrapalha o escoamento da soja, e a falta de estrutura da maioria das fazendas.

O agricultor Roberto Busatto foi obrigado a improvisar. Com o armazém cheio de grãos, ele teve que ocupar também o galpão das máquinas. “Como apertou um pouco mais o espaço físico para guardar os grãos, a gente teve que usar o barracão onde são guardadas as máquinas para colocar grãos para a futura negociação”, contou.

Segundo a Conab, a safra deste ano no Piauí é 63% maior que a do ano passado.
Fonte: Globo Rural, com o Observatório

Bloqueio de estradas prejudica abastecimento de supermercados na Argentina 18.06.08

18.06.08

Apesar de descartar que haja desabastecimento em algumas áreas da Argentina, diversas organizações já afirmam que faltam alimentos perecíveis, devido à dificuldade de entrega de mercadorias provocadas pelos bloqueios de estradas, informa a agência Télam.

A Associação de Supermercados Unidos afirma que na capital federal e na Grande Buenos Aires são sentidas dificuldades para o abastecimento de carne, lácteos, frutas e hortaliças. “Na medida em que se prolongam as medidas de força, dia-a-dia, hora a hora, as cadeias que representamos se encontram em uma situação cada vez mais difícil”, afirmou Juan Carlos Martínez, presidente da associação.

De acordo com Martínez, os supermercados registram uma quantidade de mercadoria “sensivelmente inferior ao normal”, com um estoque que normalmente duraria de sete a dez dias.

O presidente da Câmara de Auto-serviços e Supermercados de Residentes Chineses (CASRECH), Miguel Calvete, acrescentou que a média de falta de produtos na área da Grande Buenos Aires, Rosario e setores urbanos é de 30% a 40%. No caso do azeite de oliva, o desabastecimento chega a 80%, farinha e derivados entre 45% e 55% e lácteos entre 30% e 35%. Ele diz que à medida que se vai afastando dos centros urbanos, a situação piora.

Nesse final de semana, agricultores e transportadores voltaram a bloquear as estradas na Argentina, especialmente no litoral e nas províncias de Mendoza e Córdoba. Os produtores rurais protestam contra as limitações e o aumento de impostos para as exportações de cereais, anunciados em março. Eles também repudiam os incidentes que aconteceram no sábado (14).

Em algumas áreas o bloqueio das estradas é total, sem trânsito de nenhum tipo de veículos. Em outros locais, os agricultores afirmam que liberam carros de passeio, transporte de passageiro e caminhões com produtos perecíveis. Já os transportadores de carga reclamam uma solução para o conflito no campo.

Enquanto isso, o chefe de Gabinete, Alberto Fernández, afirmou no domingo (15) que o aprofundamento do conflito é parte de “um tremendo plano no qual se somam desestabilizadores, pelo qual se deixa a Argentina sem alimentos, esvaziam-se gôndolas dos supermercados e deixa-se as indústrias sem insumos, além de se proibr o trânsito".
Fonte: Agência Brasil

Apesar dos países emergentes terem liberalizado mais, são os que sofrem com barreiras comerciais 18.06.08

18.06.08

Genebra - Os países ricos aplicam tarifas na importação de produtos do setor agrícola nove vezes superior ao que aplicam no setor industrial. A constatação é do Banco Mundial que alerta que os países em desenvolvimento foram os que mais liberalizaram suas economias na última década e aponta que as barreiras mais protecionistas ainda estão na Europa e Estados Unidos, dificultando as exportações das economias mais pobres.

Em dez anos, segundo a entidade, foram os países em desenvolvimento que mais promoveram medidas de liberalização do comércio e já estão convergindo rumo às taxas cobradas pelos países ricos. No geral, os países emergentes cortaram em 46% suas tarifas de importação, contra uma redução apenas marginal por parte dos países ricos.

Na Organização Mundial do Comércio (OMC), americanos e europeus insistem que sem uma maior abertura do setor industrial pelos países emergentes, não haverá acordo. Hoje, a África é quem tem as maiores tarifas, com 26%. Mas reduziu em 50% a média em uma década. A menor taxa está na Europa Central, com 7%. Mas a América Latina não está distante, com 9%. Se na média os países ricos tem as tarifas mais baixas, o Banco Mundial alerta que isso não é suficiente para mostrar quem são os mais protecionistas.

Isso porque os ricos também aplicam tarifas de mais de 350% e, principalmente, sobre os produtos de interesse dos países emergentes. A título de comparação, o Banco Mundial mostra que a maior tarifa cobrada na América Latina é de 108,1%.

Para o Banco Mundial, a escalada tarifária é mais grave exatamente nos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com taxas bem acima dos países em desenvolvimento. A OCDE reúne 30 países, que produzem mais da metade de toda a riqueza do mundo. O Brasil não faz parte da organização.

O Banco Mundial admite que todos os países tem barreiras ao comércio de alimentos. Mas a média mais alta está entre os ricos. Nos países mais pobres, a tarifa sobre bens agrícolas é 1,4 vezes a taxa cobrada sobre bens industriais. Nos países ricos, a taxa sobre a agricultura é nove vezes maior que nos demais setores.

Para o Banco Mundial, os problemas não acabam com as tarifas. Segundo o levantamento, são os países ricos quem tem as maiores barreiras não-tarifárias e que protegem de forma mais agressiva alguns setores. O resultado é que, apesar de terem sido os que mais
liberalizaram suas economias, são os países pobres que mais sofrem para exportar. No geral, esses países precisam pagar 32% a mais em tarifas que os países ricos.
Fonte: Jamil Chade, Agência Estado

Governo financia cana-de-açúcar no Acre 17.06.08

17.06.08

Mas ministro diz que "zoneamento deve restringir seu plantio em áreas amazônicas"

A cana-de-açúcar, matéria-prima utilizada na produção de etanol no Brasil, já está sendo plantada na Amazônia, diferentemente do que afirmou o presidente Lula no início de junho, na abertura da Conferência da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Segundo o presidente, o Brasil não plantaria cana na região, mas segundo pesquisadores e promotores do Acre, os canaviais já chegaram à Amazônia.

De acordo com Écio Rodrigues, doutor em Desenvolvimento Sustentável e professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), a cana não só está sendo plantada na Amazônia como inclusive tem sido fomentada com recursos públicos. "O caso do Acre é emblemático. Uma usina construída com recursos do Banco do Brasil, com investimentos superiores a R$ 200 milhões e abandonada após fracasso total do projeto nos idos de 1990, foi retomada agora em 2003 com recursos do governo estadual e federal, ambos do mesmo partido e, o mais interessante, com o acordo até do Ministério do Meio Ambiente", lembra o professor Écio.

Rodrigues explica que a cana alterou a paisagem ao longo da Rodovia do Pacífico, que até então era dominada por pastagens, e que põe a floresta em risco devido a três fatores: o ganho financeiro a curto prazo, o bom momento nacional e internacional dos biocombustíveis e a fragilidade normativa e institucional na Amazônia. "A cana destrói a floresta pelo seu elevado potencial de mercado e, por outro lado, pela fragilidade institucional presente na região".

Além dessa fragilidade, existe também o interesse em se aprovar leis que facilitem a entrada da cana na região. "No Acre, aumentou-se na área da cana o desmatamento legalizado de 20% para 50% da área das propriedades, duplicando o território da cana", diz Rodrigues.

Usina "esquece" impactos do plantio de cana

Devido à ausência de itens relevantes sobre impactos ambientais que a produção de álcool na Amazônia pode causar, o Ministério Público Estadual do Acre rejeitou os estudos da usina Álcool Verde. Segundo a promotora de justiça do Acre Meri Cristina Amaral Gonçalves, o Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) apresentados eram frágeis. "Não era um estudo, parecia mais uma compilação, com uma série de falhas e aspectos não abordados, como o balanço hídrico", explica.

De acordo com a promotora, só foram apresentados estudos sobre o impacto da usina, e não de impactos das plantações ou do uso da água. Meri Cristina argumenta que a usina não funciona por si só. "Tem que plantar, e isso é impactante. Não há menção sobre onde essa cana será plantada", diz.

Para alimentar a usina, serão plantados 39 mil hectares de cana-de-açúcar no município de Capixaba (distante 77 quilômetros de Rio Branco) e arredores. Para empreendimentos de mais de mil hectares é necessário estudo de impacto ambiental, que até o momento não foi apresentado. Além disso, encontra-se nessa área um importante sítio arqueológico, conhecido como Geoglifos, mas também não existem estudos sobre os impactos do avanço da cana em áreas de importância arqueológica.

A procuradora Meri Cristina reitera que o próprio governo do Acre é acionista do empreendimento, o que acaba fazendo com que o órgão ambiental (no caso, o Instituto do Meio Ambiente do Acre, Imac) acabe refletindo uma posição de interesse. A procuradora diz que o argumento predominante é que o Ministério Público estaria impedindo o desenvolvimento do Acre, quando na verdade o que a procuradoria quer é que empreendimentos avaliem corretamente e mitiguem ao máximo seus impactos ambientais. "Com certeza com um estudo de impacto mais robusto teríamos mais segurança com o empreendimento", explica.

Modelo agrícola

O etanol e a cana-de-açúcar estão sendo defendidos por poluir menos do que o petróleo, sendo assim uma alternativa energética contra o fenômeno conhecido como aquecimento global. O pesquisador Écio Rodrigues concorda que o etanol é preferível ao petróleo. "O petróleo um dia vai acabar e a fumaça por ele gerada não é recuperada por ele mesmo. A cana, soja ou outro vegetal tira da atmosfera a fumaça que esse mesmo combustível joga, então a equação é zerada e por isso é melhor", analisa. Rodrigues, no entanto, alerta para os perigos do monocultivo. "Note-se que se essa contribuição dos monocultivos ocorrer à custa dos desmatamentos, essa equação se complica e se inverte. O carbono da destruição da floresta não será recuperado pelo plantio da cana", completa.

Rodrigues acredita não ser possível conciliar o atual modelo agrícola do país com a conservação da Amazônia e atenta para a vocação florestal da região. "A exploração sustentável da floresta parece ser a alternativa possível. Tecnologias de Manejo Florestal de Uso Múltiplo foram desenvolvidas na década de 1990 e permitem uma exploração com elevado grau de diversificação e agregação de valor". Para o pesquisador, o pagamento por serviços florestais é uma maneira de conservar a Amazônia e evitar que a floresta entre em competição com a cana-de-açúcar. "Se o mundo se dispuser a pagar pelos bens materiais e pelos serviços, como de produção e limpeza do ar e da água que a floresta na Amazônia oferece, o problema da competitividade com cana, boi e soja estará resolvido, e o futuro do ecossistema florestal garantido", conclui.
Fonte: Bruno Calixto, www.amazonia.org.br

Zoneamento pretende restringir plantio de cana-de-açúcar em áreas amazônicas, mas terá exceções

O bioma amazônico deverá ser uma das áreas de restrição total para expansão da cana-de-açúcar, que serão definidas pelo zoneamento agroecológico da cultura. A informação foi dada ontem (16) pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, que anunciou para 31 de julho a apresentação do mapeamento.

“Como princípio inicial, a Amazônia está fora”, afirmou Stephanes, após participar de reunião para discutir o zoneamento. No entanto, disse ele, o acordo final sobre a possibilidade de utilização de áreas de floresta para plantio de cana-de-açúcar será “uma decisão de governo”, e não só do ministério.

Mas quem está fora, não entra, quem está dentro, não sai

O zoneamento agroecológico definirá em que áreas a cana-de-açúcar poderá ser produzida. O mapa valerá apenas para expansão da cultura, sem afetar os atuais produtores.

O Ministério da Agricultura já concluiu o mapeamento das áreas aptas a produzir cana-de-açúcar, o das áreas proibidas, como unidades de conservação e reservas indígenas, e o das áreas degradadas e de pastagem, que, de acordo com Stephanes, serão utilizadas preferencialmente. Somente na Região Centro-Oeste, foram identificadas mais de 50 milhões de hectares de áreas aptas.

“Falta definir os critérios para estabelecer outras áreas de restrição. Por exemplo, se o bioma amazônico será todo ou não-todo [restrito], definir eventuais exceções”, afirmou.

Atualmente, a produção de cana-de-açúcar no bioma amazônico (que não inclui estados como Mato Grosso e Maranhão, que fazem parte da Amazônia Legal) está restrita a poucos núcleos – cerca de cinco – segundo Stephanes, entre eles áreas de usinas já desativadas no Amazonas e no Acre.

O ministro ressaltou que outras culturas poderão ser substituídas pela da cana-de-açúcar “se o planejamento envolver essa necessidade”. “Em principio, não se deseja a substituição de cultura. Mas se você tem uma usina com uma área de pastagem ao lado, e logo em seguida, uma de [outra] cultura e novamente uma de pastagem, não se poderá ‘pular’ a área de cultura [diferente da cana].”

Após a apresentação em julho, o zoneamento da cana-de-açúcar “vai ser entregue ao governo, que vai tomar decisões de governo”, afirmou Stephanes. Depois de finalizada pelo Executivo, a proposta deverá ser encaminhada ao Congresso Nacional.
Luana Lourenço, repórter da Agência Brasil

Senador assina acordo após denúncia de trabalho degradante 17.06.08

17.06.08

Grupo declara ter trabalhado em condição degradante na Fazenda Santa Amália, do senador Jayme Campos (DEM-MT). Como não houve flagrante, foi firmado acordo inibitório. Parlamentar refuta acusação e diz que é perseguido.

Uma denúncia de cerca de 15 trabalhadores que alegam ter sido submetidos a trabalho degradante na Fazenda Santa Amália, em Alta Floresta (MT), pertencente ao senador Jayme Campos (DEM-MT), resultou na assinatura de um acordo entre o parlamentar e o Ministério Público do Trabalho (MPT).

O Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado na última terça-feira (11) determina que o senador cumpra uma lista de 30 exigências. Fazem parte delas o registro de empregados rurais na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) em 48 horas - sem se valer da dispensa para trabalhos temporários de até dois meses, prevista na Medida Provisória (MP) 410/2007 - e de não alojar trabalhadores em barracos de lona, de fornecer gratuito de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e transporte adequado, entre outros pontos.

Integrante da bancada ruralista, o senador Jayme Campos, por meio de seu advogado, também se comprometeu a conceder o repouso semanal remunerado, de garantir o fornecimento de água potável e de efetuar o pagamento integral do salário até o quinto dia útil do mês subseqüente. O TAC, que tem vigência por tempo indeterminado e vale para outras propriedades pertencentes ao congressista, estabelece uma multa de R$ 20 mil, por mês, para cada item descumprido.

Não houve flagrante, diz procurador

"Não se trata de uma situação típica porque não houve fiscalização na fazenda do senador. Os relatos das pessoas desse grupo que fez a denúncia eram parecidos: disseram que trabalhavam em situação degradante e foram mandados embora", relata o procurador Rafael Araújo Gomes. "Se não houvesse acordo, sustentaria ação civil pública, com base apenas nos testemunhos dos trabalhadores".

De acordo com Rafael, há uma hipótese de que os trabalhadores tenham sido dispensados depois da fiscalização na Fazenda Lago Azul, muito próxima à propriedade do senador Jayme Campos, em que comitiva do MPT, do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Polícia Militar flagrou oito trabalhadores em condições degradantes e o uso de agrotóxicos proibidos no Brasil, no inicio do mês passado.

"Por ora, cabe apenas a fiscalização do cumprimento do TAC", declara Rafael. O procurador lembra que já houve celebrações de acordos "inibitórios" desse mesmo tipo, como no caso da Fazenda Shalom, também de Alta Floresta, pertecente a Luis Olavo dos Santos. "Constatou-se depois que o TAC estava sendo descumprido. Foram instauradas ações e houve execuções".

Decisão do Tribunal Regional do Trabalho do Mato Grosso (TRT-MT) publicada na ultima terça-feira (10) condenou o dono da Fazenda Shalom a pagar R$ 100 mil de indenização por dano moral coletivo por manter trabalhadores em situação degradante. Ao julgar o recurso que o proprietário apresentara para tentar uma outra decisão em primeira instância que estabelecia o pagamento de R$ 50 mil, o juiz Paulo Brescovici decidiu dobrar o valor da indenização.

"Diaristas"

Em conversa por telefone com a Repórter Brasil, o senador Jayme Campos negou que tenha mantido trabalhadores em tais condições precárias na Fazenda Santa Amália. Ele especula que a denúncia tenha sido orquestrada por três pessoas que foram contratadas como "diaristas" por um período que não chegou a 30 dias de trabalho. Depois de encerrada a empreitada, sustenta o senador, o trio teria pedido uma "gratificação" ao gerente da fazenda. Ainda segundo Jayme Campos, eles teriam ameaçado denunciar a propriedade como forma de chantagem para tentar receber a verba extra, que foi negada.

Ele conta que as condições de trabalho em suas quatro fazendas espalhadas pelo estado são plenamente regulares e submetidas a auditorias. Ele conta que os trabalhadores regulares têm carteira assinada e vivem em casas de alvenaria. "Só não tem ar condicionado", ironiza. "Paga todo segundo dia útil do mês. Eu seria tolo se não fizesse tudo certinho. Não registrar hoje pode sair bem mais caro do que registrar".

O senador atribui a denuncia a perseguição política pelo fato de ser um senador da oposição e ressalta que nenhum processo chegou a ser instaurado. "Assinei o TAC porque não tenho nada a temer e porque prefiro dar transparência", declara. Com o acordo, o fazendeiro não poderá mais passar mais de 20 dias, como admite ter feito com os três "diaristas" que labutaram na Fazenda Santa Amália, sem assinar carteira.

Sobre a multa do Ibama de R$ 6 milhões por desmatamento de áreas de proteção permanente (APPs) e não apresentação de licenciamento ambiental na mesma Fazenda Santa Amália, o senador afirma que já apresentou a sua defesa no âmbito do processo administrativo e que quer que a questão seja julgada logo. "Não há nenhum problema nas minhas propriedades. A última vez que cortei árvores foi há muito tempo".

Jayme Campos preside uma comissão externa do Senado que pretende analisar o "risco ambiental" nos 36 municípios - 19 deles do Mato Grosso - que foram escolhidos pelo governo federal como prioritários para o combate do desmatamento da Amazônia. Na audiência da comissão realizada em Alta Floresta em maio, o senador defendeu o fim da Operação Arco de Fogo, que reprimiu o comércio de madeira ilegal, e acusou o governo federal de utilizar dados falsos para alardear a aceleração do desflorestamento.

De acordo com ele, o episodio da assinatura do TAC não terá reflexos na intensificação dos trabalhos da comissão."Não confundo questão pessoal com questão política. Vou continuar defendendo as suas causas. Política para a Amazônia não pode ser apenas de repressão, de polícia. Precisamos resolver primeiro, por exemplo, o passivo da regularização fundiária".
Fonte: Maurício Hashizume, Repórter Brasil

Federal prende mais dois por sonegação no setor canavieiro 17.06.08

17.06.08

Araçatuba, SP - A Polícia Federal prendeu mais duas pessoas suspeitas de integrar o esquema de sonegação fiscal que teria desviado mais de R$ 2 bilhões de contribuições previdenciárias não recolhidas por 160 empresas do setor sucroalcooleiro em São Paulo. Ontem (16) a PF pediu à Justiça a prorrogação da prisão de 17 pessoas detidas na quinta-feira passada (12). O esquema, segundo a PF, era liderado pela família Egreja, da Companhia Açucareira de Penápolis, dona de diversas empresas, entre elas duas usinas de álcool, de onde eram desviados os recursos.

Entre as 17 pessoas presas na quinta-feira, cinco são da família Egreja. O usineiro Roberto Sodré Egreja, um dos 19 que tiveram a prisão temporária expedida pela Justiça, se apresentou hoje à tarde e até as 19h20 ainda prestava depoimento na delegacia da PF em Araçatuba. Segundo a PF, coordenador dos negócios dos Egreja, Roberto deveria continuar detido após o depoimento. Na madrugada de ontem, agentes da PF prenderam o advogado Celso Guimarães Soares, que também era procurado. Soares estava numa festa, num bairro da cidade de São Paulo, quando foi preso pelos agentes.

Ainda na sexta-feira, a PF libertou duas mulheres que foram detidas na operação. Rosa Maria Egreja Carmagnani, herdeira dos Egreja, e Aline Fernandes Junqueira, diretora de finanças da CAP, que estavam detidas na Cadeia Feminina de Buritama, foram soltas depois de colaborar com a PF prestando informações que confirmariam a existência do esquema.

Análises da Polícia Federal no material apreendido pela Operação Cana Brava confirmaram a existência do esquema, disseram autoridades da PF e da Receita. Entre as empresas envolvidas no esquema estão distribuidoras e postos de combustíveis, que compravam álcool abaixo do preço, sem nota fiscal. Também estão envolvidas outras usinas que fariam triangulação para ocultar transações do fisco, além de tradings, factoring, empresas fornecedoras e compradoras de produtos processados pelas usinas dos Egreja. O dinheiro era desviado para duas offshores (empresas em paraísos fiscais), no Uruguai e Ilha Virgens, onde os Egrejas lavavam o dinheiro e escondia seu patrimônio.
Fonte: Chico Siqueira, Agência Estado

Ibama multa em R$ 3 mi siderúrgicas e carvoarias no MA 17.06.08

17.06.08

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) multou em mais de R$ 3 milhões siderúrgicas, carvoarias, associações e pequenos produtores rurais assentados no Estado do Maranhão por desrespeito à legislação ambiental. Em dois meses da Operação Olho Vivo II, os fiscais aplicaram 81 autos de infração, embargaram uma área de 3.253 hectares e destruíram 343 fornos.

De acordo com o balanço do Ibama, as multas por desmatamento ilegal somaram R$ 1,7 milhão. Os outros cerca de R$ 1,3 milhão correspondem a irregularidades em atividades de produção de carvão, transporte e depósito de produtos florestais. A operação Olho Vivo II integra o Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAM).
Fonte: Ana Luísa Westphalen, Agência Estado

Alta dos alimentos ameaça destruir progresso na África 17.06.08

17.06.08

Londres - O aumento dos preços globais dos alimentos ameaça destruir anos de progresso econômico na África e deixar 100 milhões de pessoas em situação de pobreza, afirmou hoje o Painel de Progresso da África. Segundo o painel, é provável que os países ricos não cumpram a promessa de destinar bilhões de dólares ao continente até 2010.

"A África fez progressos substanciais nos últimos anos", disse o ex-secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, que preside o painel. "No entanto, a crise atual dos alimentos ameaça reverter muitos dos ganhos conquistados", acrescentou.

"Com 100 milhões de pessoas à beira de ingressarem em situação de pobreza, o custo dos alimentos não será medido em termos de preços do trigo e do arroz, e sim no número crescente de mortes de crianças na África."
Fonte: as informações são das agências de notícias internacionais, Deise Vieira, Agência Estado

Produção de etanol ainda predomina na safra 2008/09 de cana-de-açúcar no Centro-Sul 17.06.08

17.06.08

Dados apurados pela Unica até 1º de junho indicam um aumento no volume de cana moída na região Centro-Sul de 5,19% na safra 2008/09 em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar disso, a quantidade de produtos (ATR) obtidos por tonelada de cana processada foi inferior em 6,02%, resultando em uma produção total 1,15% inferior à do mesmo período na safra 2007/08.

A produção de açúcar está inferior em 10,77% relativa ao mesmo período no ano passado, mas a produção de etanol cresceu 6,15%, reforçando os dados do mês passado, que já apontavam para uma safra mais alcooleira. Até 1º de junho, 61,61% da cana-de-açúcar processada foi destinada à produção de etanol e 38,39% para a produção de açúcar.

As condições climáticas registradas até 1º de junho foram favoráveis para um bom desenvolvimento vegetativo da planta, mas negativas do ponto de vista da maturação da planta, reduzindo a quantidade de produto que pode ser obtido por tonelada de cana esmagada. O avanço da colheita de cana crua também vem contribuindo para um aumento no volume de impurezas vegetais e minerais, reduzindo a eficiência industrial das unidades produtoras.

As previsões para os próximos meses indicam maior incidência de chuvas e nebulosidade em relação à safra passada, indicando que as estimativas divulgadas pela Unica no início da safra dificilmente se concretizarão.

“A demanda do mercado interno na região Centro-Sul continua aquecida, com vendas mensais superiores a 1,5 bilhão de litros, somando-se os volumes de etanol anidro e o hidratado. Isto ocorre devido ao crescimento da frota de veículos Flex-Fuel e a uma relação de preços favorável ao etanol, em comparação com a gasolina em quase todo o território nacional”, comenta o diretor técnico da Unica, Antonio de Pádua Rodrigues.

Somando-se anidro e hidratado, as vendas de etanol no mercado doméstico até o final de maio registraram aumento de 31,6% sobre o mesmo período em 2007. No caso do etanol hidratado, o crescimento foi de 43,6%. Quanto a vendas de etanol para o mercado externo, Pádua acrescenta que a saída das usinas para exportação nos meses de abril e maio somaram cerca de 600 milhões de litros, superando em 59% o volume embarcado no mesmo período da safra do ano passado.
Fonte: Unica

Desmatamento da Amazônia desvia foco da questão da água

16.06.08

O desmatamento e a Floresta Amazônica têm uma grande visibilidade global que acaba pressionando, muitas vezes, o governo a dar uma atenção exagerada a essas temáticas, diz José Machado, diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), em detrimento de outros assuntos importantes para a sustentabilidade do país, como o uso dos recursos hídricos.

“A priorização da preservação amazônica é necessária, não há dúvidas sobre isso, mas também acho importante ter uma pauta mais diversificada, e a questão da água me parece que precisa ter uma proeminência maior na agenda nacional”, afirmou o diretor , em entrevista à Agência Brasil.

Para Machado, o país poderia obter ganhos substanciais se usasse estrategicamente a grande disponibilidade de água, com a gestão do recurso de forma sustentável.

“O Brasil tem de fazer uma gestão eficiente da água e com isso calcar o desenvolvimento em função da sua disponibilidade do recurso. Essa é uma vantagem comparativa que o Brasil tem e precisa ver isso como oportunidade”, defendeu.

O diretor apontou como exemplo o uso da irrigação. O Brasil usa atualmente apenas 10% da potencialidade dessa técnica. De acordo com Machado, a aplicação moderna e inteligente da prática irrigatória poderia aumentar a produção agrícola em várias regiões do país, pois permitiria a colheita de duas safras anuais, em vez de uma.

Ele destacou também que a Política Nacional de Irrigação já tramita no Congresso Nacional e há tecnologias e instituições de pesquisa suficientes para uma gestão eficiente das águas, mas o assunto precisa ser incluído em um planejamento estratégico do país.

ANA afirma que atuação dos estados é o maior desafio na gestão das águas

O maior desafio para a implantação da Política Nacional de Recursos Hídricos é o pacto federativo, de acordo com o diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), José Machado. Segundo ele, compete aos estados gerir os recursos hídricos que estão dentro de seus territórios.

“Não podemos imaginar que vamos conseguir fazer gestão de águas apenas com a União fazendo política de recursos hídricos. Cada estado precisa cuidar também das águas do seu domínio. Temos que buscar cada vez mais uma política integrada, articulando a área de recursos hídricos com outras: agricultura irrigada, navegação, geração de energia elétrica, saneamento público. Mas essa integração é muito complicada e exige uma visão estratégica, que ainda deixa muito a desejar”, afirmou.

Em entrevista à Agência Brasil, Machado afirmou que, embora a política nacional institua a descentralização da gestão hídrica, poucos estados possuem órgãos e gestores preparados para tratar do assunto. Segundo ele, enquanto São Paulo, Ceará, Minas Gerais e Bahia já estão em fases adiantadas de implantação da gestão hídrica, muitos estados avançaram pouco e outros apenas começaram o processo.

Entre os desafios para a gestão dos recursos hídricos no país, o diretor apontou ainda os problemas do Semi-Árido e das regiões metropolitanas. Segundo ele, no caso do Semi-Árido, o problema é a escassez severa de água, que deve se agravar ainda mais com as mudanças climáticas. Nas grandes regiões metropolitanas a preocupação é a recuperação das bacias hidrográficas, pois a maioria dos rios que abastecem os grandes conglomerados urbanos estão poluídos, exigindo investimentos de grande porte para reverter esse quadro.

De acordo com Machado, na Amazônia, a situação é menos preocupante, exigindo apenas o monitoramento permanente e sistemático das águas e atuação no sentido de induzir os países vizinhos, onde estão as nascentes dos principais rios amazônicos, a adotarem também políticas de gestão de recursos hídricos.

O gestor participou ontem (15) do Dia do Brasil na Exposição Internacional Água e Desenvolvimento Sustentável, aberta sábado (14) na cidade espanhola de Zaragoza, apresentando as principais ações dessa proposta.
Fonte: Adriana Brendler, repórter da Agência Brasil

Embrapa e Fiesp estudam criação de empresa mista para pesquisa de etanol 16.03.08

16.06.08

A Empresa Brasileira de Tecnologia Agropecuária (Embrapa) negocia com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) a criação de uma companhia mista voltada à pesquisa de etanol produzido a partir da celulose. De acordo com o chefe da Secretaria de Gestão e Estratégia da Embrapa, Evandro Mantovani, a nova empresa será constituída de capital público e privado e terá como o objetivo manter o Brasil na vanguarda mundial da produção do álcool combustível.

“Na primeira geração de biocombustíveis, o Brasil é imbatível,” afirmou Mantovani, em entrevista à Agência Brasil. “A segunda geração está sendo muito estudada no exterior. Se o país não investir, poderemos ficar para trás.”A nova companhia será uma Empresa de Propósito Específico (EPE), estruturada nos moldes da Lei da Inovação (n° 10.973/2004). Ela terá 49% dos seus recursos oriundos da Embrapa e o restante advindo de investimentos privados de empresas do setor sucroalcooleiro dispostas e selecionadas para compor a sociedade.

“Ficaríamos [as empresas privadas] com 51% do capital e captaríamos recursos necessários para a produção de álcool de celulose”, afirmou o vice-presidente do Conselho Superior de Agronegócio da Fiesp, Benedito da Silva Ferreira, durante palestra na sede da Federação. Ferreira é o responsável pela prospecção de possíveis sócios do novo negócio.

Segundo Mantovani, as conversas entre Fiesp e Embrapa já duram cerca de um ano. Ele disse que as negociações devem surtir resultado ainda em 2008. “Nós temos pressa. Tempo em pesquisa é dinheiro”, disse. “Estamos trabalhando para começar com as atividades da empresa ainda neste ano.”

“Algumas empresas já toparam,” complementou o chefe da estatal. “Precisamos saber o quanto elas pretendem investir.”

Mantovani disse que não há como prever o tempo que a nova empresa levará para desenvolver nova tecnologia de produção de etanol. Ele afirmou, contudo, que a união da estrutura estatal com a flexibilidade do capital privado tende a agilizar a obtenção de resultados. “A produção de etanol de segunda geração deve levar entre cinco e dez anos. Agora, com a junção de tecnologias, podemos pensar em metas mais arrojadas.”
Fonte: Vinicius Konchinski, repórter da Agência Brasil

"A biodiversidade brasileira pode gerar ativos ao país", afirma ambientalista 16.06.08

16.06.08

"A Biodiversidade vem sendo objeto de convenções internacionais, interesse cinetífico, indústrias farmacêuticas e até estudos do que se chama biomimética. O que se ouve pouco é sua relação com o desenvolvimento econômico, sua capacidade de gerar emprego e renda". Assim começou sua palestra Roberto Smeraldi, diretor da Amigos da terra Amazônia Brasileira, na São Paulo Food & Wine, evento gastronômico ocorrido entre os dias 11 e 15 de junho, em SP.

Convidado a falar sobre a experiência da organização, Smeraldi lamentou o fato de que a idéia de desenvolvimento que se tem para as regiões ainda menos afetadas pela atividade humana seja apenas para se extrair riqueza delas. Segundo o diretor, é difícil que se pense um projeto baseado no que já existe nessas regiões e como isso pode ser aproveitado da melhor maneira.

"O Brasil possui uma grande diversidade de sistemas. Esses podem ser objeto de atividade de manejo. Se gerencia o sistema como um todo, utilizando uma diversidade de produtos e serviços que nele estão disponíveis. As populações dessas áreas - ribeirinhos, pescadores, castanheiros, etc. - sempre dependeram desses recursos e desenvolveram saberes sobre eles. Nem sempre sustentáveis, mas ao menos conscientes dos limites permitidos", disse Smeraldi.

O diretor da Amigos da Terra finalizou explicando que nenhum país possui a possibilidade de desenvolvimento de produtos como o Brasil. Para isso, é preciso que se desenvolva um saber vinculado ao produto e que se desenvolve no próprio território em questão. "Precisamos de algo estruturante. Temos o desafio de passar da biodiversidade ao uso com saber para desenvolver produtos novos. Temos de pensar toda cadeia produtiva, do plantio ao beneficiamento, transformando a biodiversidade num ativo", concluiu.
Fonte: Amazonia.org.br

Contag defende criação de piso salarial para cortadores de cana 16.06.08

16.06.08

Representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) devem apresentar na próxima terça-feira (17) uma proposta que defende a criação de um piso salarial para cortadores de cana-de-açúcar. Eles vão discutir o assunto com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

A Contag, a Unica e a CNA devem criar um grupo de trabalho coordenado pela Secretaria-Geral da Presidência da República para debater a proposta. Os Ministérios da Justiça, do Desenvolvimento Agrário e do Trabalho também devem participar das negociações.

O diretor de Assalariados Rurais da Contag, Antônio Lucas Filho, disse que as negociações estão no início e que os benefícios como plano de saúde também entram na pauta de reivindicações.

De acordo com ele, os cortadores de cana trabalham seis meses por ano e recebem por produção. Em média, os salários são de R$ 700 mensais por uma jornada de 44 horas semanais, mas alguns estados, como Mato Grosso e Goiás, estabeleceram pisos diferenciados.

“Queremos que o governo faça a mediação para termos um piso salarial melhor, com abrangência nacional. Temos que acabar com essa história de alguém negociar pisos muito pequenos. Por exemplo, Goiás tem um piso de R$ 526, e Mato Grosso, de R$ 478. Como explicar para o trabalhador e à sociedade que o cortador de cana tem o mesmo sofrimento e o salário é diferente? Isso é injusto.”

Lucas Filho disse que a Contag defende a criação de um certificado para o álcool e o açúcar. Esse certificado identificaria as usinas que proporcionam condições seguras de trabalho aos cortadores de cana-de-açúcar. “Nós temos que colocar critérios que melhorem a vida dos trabalhadores, que garantam mais saúde e segurança. Temos que construir políticas públicas para esses trabalhadores.”

A Contag informou que no Brasil tem 800 mil cortadores de cana-de-açúcar que trabalham no plantio, transporte da muda e no corte final nos canaviais.
Fonte: Agência Brasil

Agricultores argentinos anunciam nova greve

16.06.08

Buenos Aires - Organizações de agricultores argentinos vão paralisar, a partir deste domingo até a próxima quarta-feira (18), o comércio de produtos agropecuários no país, em mais uma greve no conflito com o governo da presidente Cristina Kirchner que já dura quase 100 dias. Os agricultores não concordam com as mudanças tributárias para a exportação de grãos. A Argentina é um dos maiores provedores de alimentos do mundo.

"A greve consistirá na paralisação da comercialização de produtos agropecuários, excluindo os derivados de leite e perecíveis", disseram as entidades em um documento lido durante uma entrevista coletiva.

O anúncio é uma reação aos incidentes ocorridos ontem nas rodovias do país, que culminaram com a prisão temporária de 19 agricultores, entre eles o líder ruralista Alfredo De Angeli, e também pelo endurecimento da postura do governo que ordenou à Gendarmería (polícia de fronteira) que desocupe as rodovias bloqueadas.
Fonte: Agência Estado

Lista brasileira das piores formas de trabalho infantil tira adolescentes da cana, carvão e fumo 13.06.08

13.06.08
As piores formas de trabalho infantil já são listadas no Brasil. É que o Diário Oficial da União de hoje (13) publicou o Decreto n.º 6.481, sancionado ontem (12) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A norma traz, em anexo, a Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil (Lista TIP) com 109 atividades econômicas em que é proibida a contratação de menores de 18 anos.

Agora é considerado trabalho infantil penoso dirigir e operar tratores, máquinas agrícolas, participar do processo produtivo do carvão vegetal, fumo ou cana de açúcar, manusear agrotóxicos e ainda trabalhar em atividades que exijam mergulho, mesmo com equipamento.

No Brasil os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que haviam 5,1 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos de idade trabalhando em 2006.

Fiscalização flagra 27 trabalhadores em situação degradante no Paraná

Curitiba - O Ministério Público do Trabalho no Paraná (MPT/PR), em conjunto com a Superintendência Regional do Trabalho, encontrou ontem (12), 27 trabalhadores em situação degradante na colheita de tangerina, no município de Cerro Azul, a 92 quilômetros de Curitiba.

De acordo o procurador do MPT Luercy Lino Lopes, entre os trabalhadores estão quatro adolescentes, de 13 a 15 anos. “O flagrante acontece no Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil”, destacou.

O procurador e os auditores fiscais devem permanecer todo o dia no local colhendo depoimentos. Segundo Lopes, não há acesso à água potável e e instalações sanitárias. Os trabalhadores também não têm registro em carteira, nem equipamentos de proteção.

“O transporte dos trabalhadores era feito em carroceria de tratores, sobre caixas utilizadas para embalagem das frutas”, contou.
Fonte: Lúcia Nórcio, Repórter da Agência Brasil

Governo pode reestatizar parte do setor de fertilizantes, diz Stephanes 13.06.08

13.06.08


Governo estuda medidas para conter aumento de preço dos fertilizantes, diz Miguel Jorge
Para deputado, falta de investimentos leva a aumento da importação de fertilizantes


O valor dos fertilizantes, ao lado do aumento da demanda, é considerado o item de maior peso dentro do aumento dos preços dos alimentos, que vem pressionando a inflação. O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse que os fertilizantes representam, atualmente, quase 40% do custo de produção, e, como se tornou um item de preocupação, o governo pode intervir no setor.

"Em princípio, nós queremos que nossas minas sejam exploradas. Mas, se for necessário, evidentemente a Petrobras terá que entrar nisso. Se for o caso, nós vamos agir também, ou até reestatizar alguns setores que são necessários", afirmou Stephanes.

O ministro disse que o governo já tem o "diagnóstico" da situação. Sabe que apenas 40 países produzem fósforo, e outros 12, o potássio, os dois elementos que, junto com os nitrogenados, são os principais componentes do adubo. Stephanes acredita que no caso do potássio, por exemplo, pode haver problemas maiores no futuro, até de desabastecimento.

"Diria que é um item estratégico para o Brasil, já que o país é altamente dependente da importação de fertilizantes. Já sabemos que no caso do fósforo temos minas para nos tornarmos auto-suficientes no prazo de 5 a 10 anos, em nitrogenados também temos essas condições, e no caso do potássio temos também uma grande mina que precisa de uma análise mais técnica e ambiental porque ela fica situada no Amazonas", afirmou.

O Brasil importa, atualmente, cerca de 70% dos fertilizantes que utiliza. Além disso, mais de 75% do mercado nacional de fertilizantes é controlado por apenas três empresas, o que é apontado por alguns técnicos da área agrícola como um oligopólio que prejudica os produtores. O ministro da Agricultura diz que, apesar da complexidade do mercado, o governo já estuda algumas soluções para o problema.

"Mexer nessa estrutura não é fácil, mas, de qualquer forma, o Brasil tem todo esse estudo, esse levantamento, e tem algumas idéias de como melhorar a competitividade e a nossa capacidade de produção e de distribuição, e evitar essa volatilidade de preço que existe, ou até esse controle sobre os preços", disse.

Stephanes explicou como seria uma possível estatização do setor. "Quando a gente fala de estatizar, não significa aquela idéia antiga de estatismo, mas sim que a Petrobras, como grande empresa produtora, poderá se associar a algumas empresas privadas [brasileiras], ou mesmo a cooperativas, no sentido de atuar em determinados setores."

Segundo Stephanes, a Petrobras tem papel fundamental no contexto de alta nos preços dos fertilizantes, podendo, inclusive, atuar na exploração das jazidas de fósforo e, mesmo sem se associar a outras empresas, "influir" na exploração de potássio no Amazonas. Atualmente, a estatal brasileira atua na extração de gás natural, matéria-prima dos fertilizantes simples nitrogenados.
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil

Governo estuda medidas para conter aumento de preço dos fertilizantes, diz Miguel Jorge

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, afirmou hoje (12) que já há consenso no governo sobre a necessidade de tomar medidas efetivas tanto em relação ao aumento do preço dos fertilizantes quanto ao preço do petróleo. Uma dessas medidas, segundo ele, seria a questão da revisão do processo de concessão das minas, principalmente das que possuem matérias-primas para a elaboração dos fertilizantes.

“O governo precisa começar o processo de revisão de como nós fazemos as concessões das minas”, disse o ministro, ao participar de debate sobre política industrial, promovido pela Federação das Indústrias do estado de São Paulo (Fiesp).Outra medida que deve ser tomada pelo governo é em relação às importações. “Queremos tomar medidas: importar mais e importar com menos imposto todo produto que nós imaginarmos ou que nós nos convencermos de que está tendo impacto no aumento da inflação”, destacou.

Segundo Miguel Jorge, a alta dos preços dos fertilizantes foi provocada pelo aumento do preço do petróleo e pelo fato de alguns países terem segurado as vendas do produto por causa da crise mundial.

De acordo com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES), Eduardo Coutinho, o governo, junto com a Petrobras e o setor produtivo, já estão analisando uma forma para “acelerar o projeto de investimento para aumentar a produção nacional de fertilizantes”.

“Boa parte dos fertilizantes são importados e nós precisamos ampliar com eficiência a produção de fertilizantes no Brasil”, disse.
Fonte: Elaine Patricia Cruz, repórter da Agência Brasil

Para deputado, falta de investimentos leva a aumento da importação de fertilizantes

As importações brasileiras de fertilizantes cresceram de 35% do consumo interno, em 1990, para mais de 70% em 2008. A principal causa foi a falta de investimentos, tanto do governo quanto da iniciativa privada, no desenvolvimento do setor. A avaliação é do deputado Luís Carlos Heinze, da Comissão de Agricultura da Câmara, que coordena as negociações entre Congresso e governo para reduzir os impactos da alta desses insumos sobre o produtor.

O deputado disse que algumas empresas têm terrenos de mineração para exploração por 30 anos, mas não os utilizam. Ele considera que o mercado deveria ser descentralizado, já que antes havia exploração por parte do governo e depois que foram privatizadas algumas minas, não houve mais investimentos.

“O mercado é altamente concentrado, existe um cartel. Temos que estimular mais pessoas a entrarem no processo, como pequenas misturadoras e até cooperativas. Sabemos que o investimento inicial é alto, mas depois é só retirar os minerais”, afirmou.

Em relação a quem deve controlar a exploração, Heinze disse que o importante é que haja pressão de todos os lados, de modo a não se consolidar o oligopólio que existe atualmente. Ele deu exemplo de medidas tomadas por outros países para garantir o abastecimento interno. “Não interessa se o governo ou a iniciativa privada, mas alguém tem que agir. A China, para segurar a produção nacional, aumentou a taxa de exportação de fertilizantes de 30% para 130%”.
A seguir, a variação dos preços de alguns fertilizantes simples importados nos últimos anos com a adição do custo de frete, utilizando-se como base os valores praticados no estado de Santa Catarina:
PRODUTO 2005 2006 2007 2008 Variação % 2007/2008
Fosfato monoamônico (MAP) 256,00 265,00 485,00 1.285,00 164,95
Superfosfato triplo (TSP) 208,00 210,00 430,00 1.000,00 132,56
Superfostato simples (SSP) 115,00 130,00 245,00 550,00 124,49
Cloreto de potássio (KCl) 212,00 182,00 360,00 855,00 137,50
Sulfato Granulado 155,0 157,00 280,00 500,00 78,57
Sulfato Cristal 127,00 117,00 220,00 450,00 104,55
Uréia 232,00 235,00 335,00 700,00 108,96
Nitrato de potássio (NP 14.34) 215,00 234,00 385,00 1.020,00 164,94
Fonte: Copercentro

Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil

“Se não abrirmos o olho com os biomas Cerrado e Pantanal, eles viram carvão” 13.06.08

13.06.08


Siderúrgicas são multadas em R$ 414 milhões por irregularidades na extração de carvão vegetal

O Ministério do Meio Ambiente e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) multaram 60 siderúrgicas dos estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo em mais de R$ 414 milhões, por irregularidades na extração de carvão vegetal. As empresas foram rastreadas por meio do sistema Documento de Origem Florestal (DOF), num trabalho desenvolvido em parceria com institutos ambientais estaduais.

Além do dinheiro, as siderúrgicas terão que plantar cerca de 2,6 milhões de árvores nativas no Cerrado e no Pantanal – principais áreas atingidas pelas irregularidades ambientais. Outros R$ 70 milhões também deverão ser pagos em multas aplicadas às carvoarias – responsáveis pela extração do produto. Os anúncios foram feitos pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e por diretores do Ibama, no fim da manhã de ontem (12).

Para tirar a multa do papel, etapa mais difícil, segundo Minc, o presidente Luiz Inácio da Silva deve assinar em duas semanas um decreto que pode diminuir para quatro meses o prazo máximo para que as empresas autuadas paguem as multas. Hoje, de acordo com o ministro, os infratores demoram até quatro anos para pagá-las.

“A impunidade ambiental é generalizada no Brasil inteiro. No Rio, as indústrias também não pagam as multas – pagam de 5% a 10%. É a mesma coisa. Além desse decreto, que, de um modo geral tem algumas novidades como o depósito de uma parte para recorrer, nós também estamos enviando ao presidente Luiz Inácio um projeto para modificar a própria lei de crimes ambientais”, disse o ministro.

O depósito a que Minc se refere é uma das modificações propostas pelo decreto. O infrator deverá depositar 70% do valor da multa para recorrer da decisão. A alteração, no entanto, não é relativa a decisões judiciais, mas à instância administrativa. “Isso não vai contra o direito constitucional do contraditório e ampla defesa. Essa preocupação é para coibir os 'profissionais da enrolação' que cometem crimes ambientais”, ponderou Minc.

Das 60 siderúrgicas multadas, 55 são de Minas Gerais. De acordo com o ministro, naquele estado, cerca de 55% do carvão utilizado pelas siderúrgicas é de áreas plantadas para este fim. Outros 40% são de áreas de manejo florestal e apenas 5% é ilegal. Exemplo que não se repete em Carajás, no Pará, onde 50% do carvão usado nas siderúrgicas é ilegal – acrescentou Minc.

As principais irregularidades encontradas foram: transportadores que carregam mais carvão que o autorizado, carregamento de carvão ilegal em caminhões autorizados e o chamado “carvão paraguaio” – quando a siderúrgica tem autorização para importar carvão de países vizinhos, mas em vez de fazê-lo, utiliza carvão ilegal.

Como os principais biomas atingidos – foram explorados cerca de 11 mil hectares de modo irregular – são Cerrado e Pantanal, Minc fez questão de dizer que esta é uma resposta à crítica de que só se preocuparia com a Amazônia. “Se não abrirmos o olho com os biomas Cerrado e Pantanal, eles viram carvão”, salientou.
Fonte: Morillo Carvalho, repórter da Agência Brasil

Federal prende 17 empresários do setor sucroalcooleiro 13.06.08

13.06.08

A Polícia Federal prendeu ontem (12), na capital e em cidades do interior paulista, 17 empresários do ramo sucroalcooleiro. De acordo com informações da PF, os empresários faziam parte de uma quadrilha que fraudava o fisco e a previdência. A Receita Federal calcula em R$ 2 bilhões o valor sonegado. Destes, a PF já identificou R$ 600 milhões inscritos na dívida pública.

Ao todo, foram expedidos na Operação Cana Brava 19 mandados de prisão temporária. Dois empresários do interior do estado não foram encontrados porque estavam viajando. Os nomes das pessoas presas estão sendo mantidos em sigilo pela PF.

Doze delas foram presas nas cidades de Araçatuba, Penápolis, Promissão, Avanhandava, Ipaussu, Guarujá, Martinópolis, São José do Rio Preto e Sorocaba. Neste momento, elas prestam depoimento na Delegacia de Polícia Federal em Araçatuba.

Cinco empresários foram presos na capital paulista e prestam depoimento na sede local da Polícia Federal. Segundo informações da PF, foram apreendidos com os empresários presos na capital seis automóveis de luxo e dinheiro. No entanto, os valores apreendidos não ainda não foram divulgados.

As investigações tiveram início em outubro do ano passado, quando a polícia identificou que cerca de 160 empresas ligadas à Companhia Açucareira de Penápolis estavam envolvidas em operações ilícitas com o objetivo de sonegar impostos. O esquema envolvia a contratação de escritórios de consultoria tributária, mudança de domicílio fiscal e uso de laranjas e empresas fantasmas com o objetivo de ocultar faturamentos e bens patrimoniais.

Os empresários envolvidos, de acordo com a PF, estariam subfaturando contratos, comprando cana-de-açúcar e vendendo seus derivados à margem da contabilidade e blindando seus patrimônios com a utilização de empresas de fachada.

A Operação Cana Brava mobilizou 200 policiais federais que tiveram apoio de agentes da Receita Federal
Luciana Lima, repórter da Agência Brasil

Para CPT, tamanho de propriedade rural deve ser limitado também para brasileiros 13.06.08

13.06.08

Ao mesmo tempo em que apóia a intenção manifestada pelo governo Federal de criar regras para controlar a venda de terras nacionais para estrangeiros, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) entende que o país precisaria também da imposição de limites ao tamanho das propriedades nas mãos dos próprios brasileiros.

“Nesse mundo, se limita número de filhos na China e na Índia, se limita o poder da pesquisa na ciência, o poder dos veículos de comunicação, e não se limita o tamanho da propriedade da terra . Temos que ter regulamentações de acesso à terra para reduzir o poder do latifúndio”, afirmou, em entrevista à Agência Brasil o padre Dirceu Fumagalli, coordenador nacional da CPT.

O indicador defendido pela CPT prevê que uma propriedade rural brasileira tenha no máximo tamanho equivalente a 35 módulos fiscais, que variam conforme a região. Em Mato Grosso, por exemplo, um módulo é formado de 100 hectares. “ Não dá para um único proprietário ter centenas de milhares ou milhões de hectares. Se um módulo é suficiente para um família viver no campo, permitiríamos ainda que alguém tenha 35 vezes o necessário”, argumentou Fumagall.

Segundo o representante da CPT, o modelo de incentivo ao agronegócio adotado pelo governo brasileiro é incompatível com a reforma agrária: “O presidente diz que o objetivo é conciliável, mas não é. Ou você destina a terra para função social, produção de alimentos, para relações de quem nela convive em harmonia com a natureza , ou destina para gerar mercadoria. Os grandes latifúndios produzem commodities para o mercado externo”.

A política de reforma agrária no Brasil ainda é tímida, conforme Fumagalli, porque “está sucumbida ao poder econômico” dos latifundiários. O padre disse que os movimentos sociais precisam dialogar com sociedade, “que é maior do que o Estado”, a fim de que ela exija a distribuição das terras nacionais em pequenas propriedades: “É só olhar no nosso café da manhã, almoço e jantar. Do que tem em cima das nossas mesas, 75% a 85% são oriundos da agricultura familiar camponesa, que produz com qualidade , não degrada o ambiente e não super-explora mão-de-obra”.
Fonte: Marco Antônio Soalheiro, repórter da Agência Brasil

Mato Grosso do Sul recebe R$ 900 mil para combater aftosa 13.06.08

13.06.08

Regiões produtivas de oito cidades de Mato Grosso do Sul atingidas pela febre aftosa vão receber R$ 900 mil para que possam desenvolver o agronegócio. O dinheiro foi liberado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e faz parte do projeto Agropólos Sul Fronteira, que tem o objetivo de incrementar os pólos de atividade agropecuária impactados pela aftosa nas áreas de fronteira do estado com o Paraguai.

“O governo federal, junto com o governo do estado, assumiu o compromisso de substituir a atividade pecuária dessas regiões atingidas pela aftosa e encontrar soluções de trabalho e renda para os produtores”, explicou, por meio de nota, o secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do ministério, Márcio Portocarrero.

O projeto será implementado nos municípios de Eldorado, Mundo Novo, Tacuru, Itaquiraí, Japorã, Paranhos, Sete Quedas e Iguatemi, se estendendo por uma faixa de 30 quilômetros ao longo da fronteira com o país vizinho.

O recurso foi repassado à Fundação Educacional para o Desenvolvimento Rural (Funar), entidade ligada à Federação de Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul). A Funar é parceira no projeto e entra com uma contrapartida de R$ 100 mil.
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil

Brasil tem mais de 3 milhões de hectares de terra em poder de estrangeiros 13.06.08

13.06.08

Números do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) mostram que estrangeiros são donos de mais de 3,8 milhões de hectares de terra no Brasil. Somente em Mato Grosso, os investidores internacionais têm aproximadamente 754 mil hectares, divididos em 1.377 propriedades rurais. Seguem na lista São Paulo e Mato Grosso do Sul, estados em que os estrangeiros têm, respectivamente, 504 mil e 423 mil hectares.

Diante do quadro, a Advocacia-Geral da União (AGU) já trabalha na elaboração de um parecer para limitar a compra de terras brasileiras por estrangeiros, como estratégia de defesa da soberania do país.

A lei federal existente é pouco restritiva e movimentos sociais consideram a concentração estrangeira inadmissível em um país com demandas camponesas não atendidas. “É um incoerência, uma injustiça e uma imoralidade. Como se não bastasse a concentração de terras nas mãos de poucos brasileiros, outra parte que poderia ser destinada à reforma agrária está com não-brasileiros”, criticou, em entrevista à Agência Brasil, o padre Dirceu Fumagalli, coordenador nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

Favorável ao endurecimento da legislação, o padre Fumagalli avalia que a presença crescente de estrangeiros no meio rural pode ter conseqüências mais graves na região amazônica. “A Amazônia, por estar no foco do embate da questão ambiental, tem uma propensão maior à ampliação de grandes territórios nas mãos de estrangeiros". Para ele, a preocupação é porque o primeiro impacto se dá sobre as comunidade tradicionais.

Em entrevista ao programa Diálogo Brasil, da TV Brasil, o diretor de Cursos Corporativos da Fundação Getulio Vargas, Antônio Porto Gonçalves, argumentou que a presença de estrangeiros como proprietários de terras não é o maior problema fundiário do país: “O estrangeiro pode ser dono de terra, mas está sujeito às leis brasileiras. As autoridades podem entrar lá. Ser estrangeiro não é crucial. O importante é não ter o monopólio, o poder de mercado. O latifúndio é que é prejudicial, porque cria um poder local indevido e antidemocrático”.
Fonte: Marco Antônio Soalheiro, repórter da Agência Brasil

Via Campesina avisa que não vai dar trégua ao agronegócio 12.06.08

12.06.08

Os movimentos ligados à Via Campesina Brasil não devem dar descanso às empresas multinacionais agroindustriais no Brasil, mesmo depois do fim da jornada de lutas realizada nesta semana em pelo menos 13 estados.

“Não haverá trégua para as multinacionais do sistema agroalimentar, não haverá trégua, elas comprometem a soberania do país, o alimento na mesa do povo brasileiro, nós vamos estar em mobilização permanente”, afirmou Frei Sérgio Görgen, integrante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), que faz parte da Via Campesina.

De acordo com o frei, pode-se dizer que a jornada de lutas desta semana foi motivada principalmente, pela expansão da monocultura do eucalipto, num momento em que se vive uma crise de aumento dos preços dos alimentos. “Se você quer um fato pontual que acendeu a luz vermelha para a Via Campesina, eu interpreto que esse é o fato mais grave e eu acho que a questão dos transgênicos também”, disse.

Rosângela Piovesani, do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) destacou que as ocupações de terras, propriedades de multinacionais e prédios públicos têm um caráter de denúncia. “A gente está fazendo uma denúncia do modelo que o Brasil optou e que nós camponeses e camponesas, que produzimos alimento, estamos preocupados com a biodiversidade, com a soberania alimentar, com a soberania das nossas variedades [de sementes e cultivares] e da água”.

De acordo com as entidades camponesas, é necessário que o governo invista mais no modelo de agricultura familiar, em pequenas propriedades e com sementes crioulas e nativas, em lugar da agricultura em grandes propriedades, com transgênicos.

Frei Sérgio, do MPA, também afirmou que as ocupações não significam que os movimentos sociais vão endurecer o discurso com relação ao governo.

Via Campesina deve apresentar propostas para o governo

Representantes de movimentos sociais ligados à Via Campesina devem entregar hoje (12) ao governo um programa com 13 propostas estruturantes e de curto prazo, além de medidas legislativas, relativas à agricultura brasileira.

O programa foi apresentado ontem (11) a jornalistas, em entrevista coletiva. De acordo com Eber Dartora, representante da Pastoral da Juventude Rural (PJR), as propostas também são uma resposta àqueles que acusam os movimentos camponeses de somente realizar ocupações, sem ações propositivas. Ele diz que o objetivo é que essas ações sirvam “para a construção de um país justo e igualitário”.

Entre as idéias incluídas no documento, está um programa de reflorestamento, que prevê que cada família camponesa seja responsável por dois hectares. Isso deve ser feito com plantas nativas, respeitando a diversidade do bioma. A proposta inclui uma linha de crédito para o reflorestamento, com carência de oito anos e mais oito anos para pagamento, além de um programa de educação ambiental.

Outra proposta é a ampliação do orçamento do Programa de Aquisição de Alimento (PAA) para R$ 1 bilhão por ano, a fim de garantir a compra dos produtos da agricultura familiar e da reforma agrária pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Fonte: Ana Luiza Zenker, repórter da Agência Brasil

Diretor da FAO pede investimentos na agricultura familiar para conter alta dos alimentos 12.06.08

12.06.08

Uma alternativa para conter a inflação mundial, puxada pela alta nos preços dos alimentos, é o investimento na agricultura familiar, afirmou ontem (11) o diretor para América Latina e Caribe da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), José Graziano.

“Os agricultores familiares têm capacidade de resposta rápida aos incentivos de aumento de preços”, disse Graziano à Agência Brasil, ao participar da Reunião Interamericana em Nível Ministerial de Saúde e Agricultura, no Rio de Janeiro.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, fechou maio em 0,79%, a maior inflação para o mês desde o início do Plano Real. O índice foi puxado pela alta de 1,25% no preço dos alimentos, que tinham registrado aumento de 1,23% em abril.

Infra-estrutura par agricultura familiar

Para Graziano, a subida no preço dos alimentos deve se estender pelos próximos cinco anos, mas pode ser contornada com o aumento da produção da agricultura familiar, o que exigiria controle de preços para os fertilizantes e sementes, além de investimentos em infra-estrutura.

“Quando falamos em dar prioridade à agricultura não é só dar crédito aos agricultores, há uma situação de infra-estrutura que foi abandonada”, criticou Graziano. “Na América Latina existe a necessidade de recursos como energia elétrica para a área rural.”

O diretor lembra que a principal conclusão da Conferência das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, realizada ao final de maio, em Roma, foi a necessidade de desenvolvimento do setor rural como saída para o combate a fome e a pobreza no campo.

A diretora da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) Mirta Roses, presente ao mesmo evento, também defendeu mais investimentos no campo. Para ela, saneamento, educação e saúde se refletem na qualidade de vida e no desenvolvimento regional, reduzindo também os custos da produção.

“A agricultura familiar promove o desenvolvimento sustentável local e tem menos custo agregado, principalmente, no transporte, uma das causas da inflação devido a alta no preço dos combustíveis como a gasolina. Isso reduz ainda os custos com preservação e armazenamento dos produtos”, disse a representante da Opas.

Fonte: Isabela Vieira, repórter da Agência Brasil

Ministério da Justiça descarta criação de Guarda Nacional Ambiental 12.06.08

12.06.08

O Ministério da Justiça não vai criar uma força de segurança específica para atuar na proteção ambiental, contrariando a idéia defendida pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que previa a criação de uma Guarda Nacional Ambiental, nos moldes da Força Nacional de Segurança (FNS). Minc reuniu-se ontem (11) com o ministro da Justiça, Tarso Genro.

“A idéia da guarda, pelo menos com o Ministério da Justiça, não está sendo discutida. O ministério está discutindo com o ministro Minc uma especialização de parte do efetivo da FNS e a continuidade das operações ordinárias da Força em operações em diversas frentes de proteção ao meio ambiente”, apontou o secretário nacional de Segurança Pública, Ricardo Balestreri, que também participou da reunião.

A alternativa do Ministério da Justiça, apresentada a Minc, é destinar para ações ambientais um grupo de 50 a 100 homens de um contingente especializado que o ministério pretende formar para reforçar a FNS. Cerca de 250 homens da Força já atuam em ações ambientais, segundo o ministério.

“Vamos formar 550 homens, com capacitação especializada e equipamentos modernos, o Batalhão Especial de Pronta Entrega (Bepe). Dentro do Bepe, teremos um segmento altamente especializado na preservação do meio ambiente. Não haverá uma força nacional ambiental; talvez isso seja parte de alguma negociação do ministro Minc diretamente com a Presidência, com o MJ, não”, detalhou Balestreri.

O Ministério da Justiça também avalia, segundo o secretário, realocar recursos do orçamento da pasta para fortalecer a atuação de bombeiros e policiais militares de batalhões florestais na repressão de crimes ambientais.

“Vamos estudar a realocação de parte do orçamento para que injetemos nos bombeiros recursos muito significativos e peçamos aos entes federados uma contrapartida de que esses recursos e esses efetivos serão necessariamente utilizados na preservação do meio ambiente.”

Ao deixar a reunião, Minc afirmou que vai apresentar e discutir a proposta com os 27 governadores do país para firmar convênios. Sem a criação de uma corporação específica, o ministro espera contar com os cerca de 9 mil policiais militares que atuam em batalhões florestais e “dezenas de milhares de bombeiros” para ações policiais de preservação ambiental.
Fonte: Luana Lourenço, repórter da Agência Brasil

Empresário pode pegar até 13 anos de prisão por crime ambiental e trabalho escravo 12.06.08

12.06.08

O empresário Antônio Belém de Oliveira, 55 anos, pode ser condenado a até 13 anos de prisão, além de multa, pelos crimes de desmatamento ilegal, exploração de trabalho escravo e violação das leis trabalhistas. Ele foi preso no início da noite de ontem (10) por agentes da Superintendência da Polícia Federal (PF) em Roraima, em sua fazenda no município de Amajari, próximo ao Rio Acari, no norte do estado, na fronteira com a Venezuela.

Segundo o superintendente da Polícia Federal em Roraima, José Maria Fonseca, equipes da PF já vinham monitorando a área e ontem, ao sobrevoar a região, confirmaram a prática de desmatamento ilegal. Em terra, os agentes também encontraram trabalhadores em condição análoga à escravidão, entre eles, um adolescente de 15 anos.

“Eles manuseavam motosserras sem ter treinamento específico e armazenavam alimentos sem nenhuma condição de higiene e conservação”, descreveu. Ao todo, formam libertados sete trabalhadores. “Outros fugiram para dentro da mata com a chegada da polícia.”

Fonseca informou à Agência Brasil que o empresário já havia sido autuado, em março, por danos ao meio ambiente. Na ocasião, segundo o superintendente, Antônio Belém de Oliveira foi multado em R$ 1 milhão. “Mesmo após a multa, ele continuou desmatando e, o que é mais grave, utilizando trabalho escravo”, ressaltou Fonseca.

A Polícia Federal está à procura do gerente da fazenda de Oliveira, que fugiu no momento em que os agentes realizaram a ação.

O superintendente da PF afirmou que a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente e Preservação do Patrimônio Histórico continuará a fiscalização para identificar eventuais crimes contra a natureza na região.
Fonte: Ivan Richard, repórter da Agência Brasil

Stephanes defende pacto ecológico com frigoríficos 12.06.08

12.06.08

Contrário à proposta de confisco de bois criados em áreas desmatadas ilegalmente, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, defende a formalização de um pacto com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e os frigoríficos para combater o desmatamento na Amazônia. Para Stephanes, a proposta de Minc de apreensão dos bois no pasto, apresentada na semana passada, não é o melhor caminho. "Eu não apóio e o próprio Minc já deve ter chegado à conclusão de que há maneiras melhores para fazer isso", disse Stephanes. Ele defendeu a assinatura de um "termo de conduta" com a iniciativa privada.

"Eu acho que os pactos funcionam melhor", afirmou. Na avaliação do ministro, o controle dos bois no pasto é muito difícil. "Teríamos que colocar um fiscal ao lado de cada boi", argumentou. A idéia de Stephanes é que os frigoríficos se comprometam a não comprar animais criados em áreas irregulares. "É mais fácil. Ao invés de penalizar, o ideal é estabelecer um termo de conduta. O frigorífico tem que se preocupar com a ecologia e com as questões ambientais, como se fez com a soja em Mato Grosso, acordo que tem sido cumprido", ponderou.

Segundo ele, o pacto formalizado com os produtores de soja surtiu efeito. Os problemas de fiscalização foram contornados com a participação de ONGs. "As próprias organizações não-governamentais podem fiscalizar e denunciar", disse. No caso da soja, afirmou ele, o "fiscal" foi o Greenpeace. O ministro da Agricultura pode participar do acompanhamento desse pacto proibindo a emissão de Guias de Trânsito Animal (GTA) para pecuaristas que estejam em situação irregular do ponto de vista ambiental. O GTA é o documento que permite o transporte dos rebanhos entre as fazendas e para os frigoríficos.
Fonte: Adriana Fernandes e Fabíola Salvador, Agência Estado

Um lado: MPT acusa Louis Dreyfus de reduzir pagamento de cortadores de cana 12.06.08

12.06.08

Ribeirão Preto, SP - Procuradores do Ministério Público do Trabalho (MPT) e auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) revelaram irregularidades na colheita da cana-de-açúcar, em uma operação de fiscalização das condições dos cortadores em fazendas produtoras da matéria-prima para a Usina São Carlos, da empresa do setor agroindustrial Louis Dreyfus Commodities (LDC), do grupo francês Louis Dreyfus, nas proximidades de Jaboticabal (SP).

A LDC realiza a colheita em plantações de fornecedores e em terras arrendadas com 833 trabalhadores, registrados em regime de contratos por tempo indeterminado e determinado (safristas), de acordo com informações do MPT. Segundo o relato da Procuradoria, o principal problema é a falta de controle sobre o volume de cana cortado e, conseqüentemente, no sistema de cálculo utilizado para o pagamento dos trabalhadores.

A fiscalização classificou a forma de cálculo como um sistema "arcaico e pouco confiável", que leva em consideração a "estimativa empírica de volume", o que reduziria o rendimento dos trabalhadores. "Enquanto as usinas utilizam modernos sistemas de monitoramento por GPS (Global Position System) para projetar a colheita e a produtividade agrícola, os trabalhadores ainda são remunerados no 'olhômetro', recebendo menos a que têm direito", informa o relatório do MPT.

De acordo com o MPT, o cálculo da produção de cada cortador - que varia de cinco a 12 toneladas por dia - é feito após o fim da jornada, com os montes de cana enfileirados nas cinco linhas de cada trabalhador. "Em seguida, é feita a medição da linha do meio, que nem sempre rende o mesmo que as outras, principalmente nos plantios em curva. Esse cálculo, em metros, feito com um compasso, é convertido em peso", informou a Procuradoria. O cortador, que recebe por tonelada, fica sabendo quanto vai ganhar somente dois dias depois do trabalho. "Em algumas lavouras o pagamento é por metro, informado no dia, mas o sistema de cálculo é igualmente suspeito porque leva em conta uma estimativa de peso".

A fiscalização com os trabalhadores da LDC considerou "novidade" o registro eletrônico do ponto, realizado com cartão de código de barras, e informou que em reunião com os representantes da usina foi reivindicado o não-desconto dos minutos diários previstos para pausa no trabalho, de dez minutos pela manhã e à tarde. A usina concordou e, segundo o relatório do MPT, irá reembolsar os trabalhadores pelas pausas, retroativamente, o que vai render em torno de um dia de trabalho para cada um.

'Relações Precárias'

Ainda segundo o MPT, foram constatados problemas na terceirização dos veículos utilizados na colheita e no transporte dos trabalhadores, "com contratos que tornam precárias as relações de trabalho, pois antigos funcionários motoristas passaram a ser proprietários dos caminhões e, por sua vez, também contratam terceiros para operação dos veículos no sistema de trabalho".

Já o ambiente de trabalho na colheita foi considerado razoável, "com sanitários ainda precários, mas equipamentos de proteção e reposição adequados, e intervalos de descanso e pausa para almoço em local pouco abrigado", já que não havia bancos e mesas para todos nem espaço de sobra para refeições.

Fonte: Gustavo Porto, Agência Estado

Outro lado: Louis Dreyfus nega existência de irregularidades12.06.08

12.06.08

Ribeirão Preto, SP - A Louis Dreyfus Commodities (LDC) divulgou nota ontem (11) na qual nega irregularidades no processo de pesagem da cana-de-açúcar colhida pelos seus cortadores, como apontou o Ministério Público do Trabalho (MPT), na Usina São Carlos, em Jaboticabal (SP). Segundo a inspeção da procuradoria, a forma de cálculo para o pagamento se baseia em um sistema "arcaico e pouco confiável", que leva em consideração a "estimativa empírica de volume", o que reduziria o rendimento dos trabalhadores.

Segundo a nota, apesar de o processo de investigação do MPT ainda estar em curso e a LDC não ter recebido informações conclusivas, "a empresa antecipa que a remuneração do corte da cana-de-açúcar é realizada em conformidade com o acordo coletivo pactuado anualmente entre a empresa e o sindicato dos trabalhadores"

A empresa informa ainda que acordo coletivo prevê a seguinte metodologia: toda a cana-de-açúcar colhida diariamente é registrada e pesada com precisão na balança da usina; o peso total da cana-de-açúcar cortada é rateado entre os trabalhadores, na exata proporção da quantidade de metros colhidos por cada um; desta forma, 100% do peso da cana-de-açúcar cortada reverte como pagamento para os trabalhadores.
Fonte: Gustavo Porto, Agência Estado

Governo norte-americano avalia especulação em commodities 11.06.08

11.06.08
A Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês) anunciou ontem a criação de uma força-tarefa, com membros de várias agências, para avaliar os desdobramentos no mercado de contratos futuros de matérias-primas (commodities).

A força-tarefa incluirá representantes da própria CFTC, do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), do Departamento do Tesouro, do Departamento de Energia e do Departamento de Agricultura. Em comunicado, a CTFC diz que vai examinar práticas de investidores, fatores de demanda e fornecimento e o papel dos especuladores nos mercados de commodities.

"Os elevados preços das commodities representam uma pressão significativa sobre as famílias norte-americanas. A força-tarefa ajudará no entendimento público e regulatório das forças que afetam o funcionamento destes mercados", diz a CFTC.

A força-tarefa pretende concluir a avaliação o mais rapidamente possível e torná-la pública.
Fonte: as informações são da Dow Jones, Patrícia Fortunato, Agência Estado

Empresas serão obrigadas a entregar lista de fornecedores da Amazônia 11.06.08

11.06.08

Empreendimentos agropecuários e florestais, como grandes frigoríficos e madeireiras, serão obrigados a listar ao governo todos os seus fornecedores de produtos provenientes da Amazônia. As empresas, que terão prazo de 60 dias para entregar a relação, serão co-responsabilizadas pelos crimes ambientais cometidos pelos fornecedores.

Os empreendedores que deverão fornecer a lista serão notificados a partir do próximo dia 15 pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

“Não estamos criando punições novas. Nós apenas estamos dando prazo para cumprimento de determinações legais já existentes e descumpridas. O objetivo é colocar as cadeias produtivas dentro da lei”, disse ontem (10) o ministro do Meio-Ambiente, Carlos Minc, em evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

A medida que será colocada em vigor no próximo dia 15 está baseada em uma Instrução Normativa de 29 de fevereiro de 2008, assinada pela então ministra Marina Silva. “A novidade é que, pela primeira vez, elas [as empresas] vão ser obrigadas a fornecer seus fornecedores”, ressalta o ministro.
Fonte: Bruno Bocchini, repórter da Agência Brasil

Programa Mais Alimentos para fortalecer agricultura familiar será lançado no próximo mês 11.06.08

11.06.08

A proposta para incrementar a produção agrícola, anunciada segunda-feira (9), na reunião ministerial será lançada no dia 2 de julho. O Programa Mais Alimentos, como será chamado, visa fortalecer a agricultura familiar e tentar frear a aumento elevado dos preços dos alimentos.

Para isso, o programa, que será implementado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, pretende alcançar a meta de 18 milhões de toneladas em excedente de produção até 2010, principalmente em leite, milho, feijão, arroz, mandioca, trigo, aves, café, frutas, arroz e cebola. Atualmente, a agricultura familiar responde por 56% do leite, 67% do feijão, 89% da mandioca, 70% dos frangos e 75% da cebola produzidos no país.

Ao todo, 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros são produzidos pela agricultura familiar. Para reforçar o setor, o governo criará linha de crédito de até R$ 100 mil. A expectativa é atender um milhão de produtores até 2010.

"Todas as avaliações indicam que a crise no preço dos alimentos será de longa duração. O governo federal está apostando na capacidade da agricultura familiar para ampliar a produção de alimentos e, com isso, combater a inflação e garantir segurança alimentar aos brasileiros", informou o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, em nota.

O Programa Mais Alimentos também pretende ampliar a capacidade de armazenamento das propriedades e cooperativas e incentivar a mecanização em massa nas propriedades familiares. A meta é colocar mais 60 mil tratores e outros implementos agrícolas a serviço dos produtores. A assistência técnica também será implementada, com aumento dos investimentos em sementes, melhoramento de pastagens e genética animal.
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil

Exportação de carne cai 20% em volume de janeiro a maio 11.06.08

11.06.08

As exportações brasileiras de carne bovina nos primeiros cinco meses deste ano somaram 920.680 toneladas, volume 20,27% abaixo do registrado em igual período do ano passado. O faturamento atingiu US$ 2,06 bilhão e cresceu 10,4% em relação ao período de janeiro a maio do ano passado. Os números foram divulgados ontem pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Os embarques em maio somaram 197,52 mil toneladas e recuaram 25,75% comparativamente a maio do ano passado. A receita em maio ficou em US$ 470,07 milhões e cresceu 7,71%.
Fonte: Alexandre Inacio, Agência Estado

Ministros debatem com Presidente como enfrentar o aumento no preço dos alimentos 10.06.08

10.06.08
A elevação no preço dos alimentos no mundo e o aumento da produção de fertilizantes usados no país foram o principal assunto da primeira parte da reunião ministerial feita pelo presidente Luiz Inácio da Silva, na manhã de ontem (9), no Palácio do Planalto. O aumento no valor dos fertilizantes é apontado como uma das causas da inflação nos alimentos e a idéia, segundo o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, é aumentar a produção brasileira do produto.

Atualmente, o Brasil importa cerca de 80% do fertilizante que usa nas lavouras. "Podemos inverter isso. Importar só 20% se investirmos nas jazidas que já estão detectadas", disse Múcio. O aumento do petróleo e o reflexo no preço dos fertilizantes é considerado um dos responsáveis pela inflação nos alimentos no mundo. Em relação à safra do ano passado, de acordo com Múcio, houve aumento de preço de 100% no valor do fertilizante.

Petrobrás e Vale

O ministro disse, ainda, que o presidente Luiz Inácio pediu que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, criassem um grupo de trabalho para propor estratégias e envolver a participação da Petrobras e da Vale do Rio Doce na produção de fertilizantes brasileiros. "As providências são urgentes", resumiu Múcio. "Nossa maior dificuldade é na produção de potássio, que nas jazidas em estudo, talvez hoje seja o único elemento que não tenhamos possibilidade de ser auto-suficientes", completou.

Na reunião, ainda foram discutidas alternativas para aumentar a produção de alimentos no Brasil como forma de atender à demanda e reduzir a inflação causada pela alta dos produtos. A proposta para incrementar a produção agrícola deve ser apresentada no Plano Safra ainda neste mês e deve se chamar Programa Mais Alimentos.

O aumento da produção da agricultura familiar também é motivo de preocupação para o governo e foi discutido na reunião ministerial. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, sugeriu a expansão de crédito e o acréscimo de novas tecnologias para o setor.

"Precisamos dar ferramentas aos pequenos agricultores, cuidar do implemento de novas tecnologias, fazer um quadro de assistência técnica mais detalhado e o financiamento a preços especiais de máquinas e tratores. A frota de quem faz [agricultura familiar] está superada", comentou.
Fonte: Priscilla Mazenotti e Yara Aquino, Agência Brasil

Comentário do editor: parece que se esqueceram que a Vale (esse é o nome atual da antiga Cia. Vale do Rio Doce) foi privatizada, e continuam a tratá-la como uma 'ferramenta" auxiliar de políticas públicas, como se ela ainda fosse estatal.

Agronegócio exportou US$ 64 bilhões nos últimos 12 meses 10.06.08

10.06.08

Maio registrou recordes da série histórica para valores das exportações do agronegócio, US$ 7,5 bilhões, e do superávit, US$ 6,6 bilhões. Em 12 meses (junho de 2007 a maio de 2008), as exportações brasileiras do agronegócio totalizaram a marca histórica de US$ 64 bilhões, 18,3% acima do valor exportado entre junho de 2006 e maio de 2007.

O bom resultado das vendas externas dos produtos agropecuários em maio foi influenciado tanto pela regularização de registros de exportação devido à suspensão da greve dos fiscais da Receita Federal quanto pelo aumento dos preços no mercado internacional. O complexo soja foi o setor que mais contribuiu para o aumento das exportações. As vendas aumentaram US$ 1,4 bilhão, o que correspondeu a mais de 60% do crescimento total das exportações do agronegócio no mês passado.

Exportações de soja em grãos crescem mais de 125% em valor

Sempre em relação ao mês de maio de 2007, os valores exportados de soja em grãos aumentaram 125,5%, devido ao aumento de 60% da cotação desse produto no mercado externo, enquanto que a quantidade exportada cresceu 41%. As vendas de farelo de soja aumentaram a receita em 108,9%, alcançando a cifra de US$ 612 milhões. As exportações do óleo de soja aumentaram 55,7%, resultado propiciado pelo crescimento de 94% nos preços e pela redução de 19,8% do volume embarcado.

As vendas externas de carnes apresentaram crescimento de 39,8% atingindo o valor de US$ 1,4 bilhão, em comparação a maio de 2007. Mais uma vez, o preço influenciou o resultado já que a quantidade exportada aumentou 10%. O valor exportado de carne bovina in natura aumentou 5,6% por causa da elevação de 49,3% dos preços. O volume embarcado foi 29,3% menor.

As exportações de carne de frango in natura registraram incremento de 60,5% no valor exportado, graças ao aumento de 27% dos preços e de 26,4% da quantidade exportada. As vendas de carne suína in natura expandiram-se 65,2% em valor. O volume exportado foi 17,4% maior e os preços foram 40,7% superiores, no mesmo período de 2007.

As importações do agronegócio em maio somaram US$ 886 milhões, uma variação de 26,9% em relação às ocorridas do mesmo período no ano passado. Destaca-se o elevado incremento do valor importado do milho (397%) e da farinha de trigo (137,8%). As quantidades importadas de trigo e arroz apresentaram queda de 73,2% e 48%, respectivamente.

Resultado do ano – Nos cinco primeiros meses de 2008, as exportações do agronegócio totalizaram US$ 27,2 bilhões com crescimento de 25,3% em relação ao mesmo período do ano passado. As importações de janeiro a maio também apresentaram aumento significativo de 40,4% atingindo o valor de US$ 4,6 bilhões. O saldo comercial do agronegócio, nos primeiros cincos meses de 2008, cresceu cerca de US$ 4,1 bilhões, passando de US$ 18,3 bilhões, do mesmo período de 2007, para US$ 22,5 bilhões.

No que se refere aos destinos das exportações do agronegócio, destaca-se o crescimento dos valores exportados para os seguintes blocos econômicos e regiões geográficas: Ásia (89%), Europa Oriental (75,9%), Aladi (excluído o Mercosul) (53%) e União Européia (42,6%).

A China liderou o ranking dos países que mais compraram produtos do agronegócio brasileiro em maio, US$ 1,3 bilhão. Em seguida estão os Países Baixos com US$ 745 milhões e os Estados Unidos com US$ 614 milhões.
Fonte: Assessoria de Imprensa do Mapa

Safra já está com 90% da colheita concluída 10.06.08

10.06.08


A soja e o milho seguem como as culturas de maior destaque da safra histórica que será colhida no Brasil este ano. Juntas, elas já representam 82,6% da produção total de grãos que, segundo o nono levantamento da Conab, será de 143,3 milhões de toneladas. O resultado é 8,7% maior que o do ciclo 2006/07, de 131,8 milhões de t. Os números foram divulgados nesta segunda-feira (9), no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Segundo a Conab, os preços remuneradores dessas commodities no mercado, seguidos das boas condições climáticas nos últimos meses em todo o país e da melhor tecnologia aplicada no campo, são os principais fatores da elevação da produção. O crescimento de 1,9% da área total de plantio de todos os grãos é outro ponto positivo, em que a expansão já chega a 47,1 milhões de hectares.

Cerca de 90% da safra já foram colhidos. A soja está com 99% das 59,9 milhões de t concluídos. O milho já chega a 65% das 58,4 milhões de t. O arroz, que perdeu em área, mas ganhou em produção, está 95% colhido, estando finalizado no Rio Grande do Sul, responsável por 60,2% do cultivo nacional, que será de 12,2 milhões de t. Já a produção do feijão total deve atingir 3,5 milhões de t. A 2ª safra deste grão está em fase de colheita e a 3ª terminando o plantio.

Esta edição da pesquisa também traz os primeiros resultados das lavouras de trigo para 2009. A estimativa é de uma colheita de 5,2 milhões de t, superando em 35% a safra anterior. A área plantada, de 1,82 milhões para 2,26 milhões de hectares, é quem mais impulsiona esse crescimento.

Para realizar o estudo, técnicos da estatal consultaram, no período de 12 a 16 de abril, 1.053 representantes de cooperativas e órgãos públicos federais, estaduais e municipais, em 350 municípios das principais regiões produtoras.

Estoques privados

Como realizado a cada ano, a Conab também informou hoje que o estoque de café que estava com a iniciativa privada em 31 de março deste ano era de 10,4 milhões de sacas de 60 quilos, sendo 9,6 milhões do tipo arábica e 0,8 milhões do conilon. A maior parte, 7,1 milhões, encontrava-se em 596 armazéns de Minas Gerais. Os dados são menores que o registrado no mesmo período do ano passado, quando os empresários mantinham 17,6 milhões de sacas. A produção nacional de café, que será fechada em dezembro, já é de 45,5 milhões de sacas, superando em 26,4 % as 36 milhões de sacas do ciclo anterior.

A estatal também calculou, pela primeira vez, os estoques privados de arroz referentes ao período 2006/07. O trabalho mostra que em 28 de fevereiro último, do total de 11,3 milhões de toneladas colhidas em todo o país, 612,3 mil t do produto estavam nas mãos de terceiros, sendo 454,6 milhões de t em 2.904 armazéns do Rio Grande do Sul.

Essa pesquisa é um dos itens apurados pela Conab para atualizar o quadro de suprimentos desses produtos, em que são dimensionadas a procura e oferta em todo o país.

Fonte: Conab

Segundo IBGE, milho pode ultrapassar soja em volume de produção 10.06.08

10.06.08

O milho é o principal produto responsável pelo aumento da estimativa da safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para 144,3 milhões de toneladas em 2008, e já ameaça ultrapassar a soja em volume de produção, observou hoje o coordenador de agropecuária do instituto, Flávio Bolliger. "Se o mercado continuar expandindo e a capacidade de exportação do milho se confirmar, a produção pode vir a superar a soja", disse.

A produção estimada para o milho, na soma da primeira e segunda safras, é de 58,3 milhões de toneladas, muito próxima a da soja, de 59,8 milhões de toneladas. Além disso, enquanto a produção de soja deverá aumentar 3,3% este ano em relação ao ano passado, a do milho primeira safra vai crescer em ritmo bem superior (10,4%), enquanto a do milho segunda safra aumentará 17,2%.

O gerente do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), Mauro André Andreazzi, observou que, como os Estados Unidos, que são o principal exportador mundial de milho, estão direcionando o produto para a fabricação de etanol, o Brasil está ampliando a participação no mercado internacional.

O excedente exportável (produção além do consumo interno) de milho será aproximadamente de 14 milhões de toneladas em 2008, volume maior do que no ano passado (8 milhões de toneladas) e a expectativa é que, caso a demanda mundial prossiga em expansão, no próximo ano haverá um novo aumento.
Fonte: Agência Estado

Preço agrícola acumula alta de 33,65% em 12 meses, segundo FGV 10.06.08

10.06.08

De acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), os preços dos produtos agrícolas no atacado acumulam alta de 4,46% no ano, e registram elevação de 33,65% em 12 meses até maio. Já os preços dos produtos industriais registram aumentos acumulados de 6,67% no ano e de 9,63% em 12 meses até maio.

Ao comentar o cenário da inflação no mês de maio, a FGV também revelou a análise de preços por produtos. No mês passado, as altas de preço mais expressivas, no atacado, foram registradas em arroz em casca (15,98%); minério de ferro (11,38%); e óleo diesel (7,19%). Já as quedas de preço mais expressivas no atacado em maio foram registradas nos preços de laranja ( -18,08%); mamão (-29,63%); e algodão em caroço (-4,64%).

Até maio, o Índice de Preços por Atacado - Disponibilidade Interna (IPA-DI) acumula altas de 6,05% no ano e de 15,36% em 12 meses, segundo informou hoje a FGV. Hoje, a instituição anunciou o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) de maio - sendo que o IPA-DI representa 60% do total do IGP-DI.

Dentro do Índice de Preços por Atacado segundo Estágios de Processamento (IPA-EP), que permite visualizar a transmissão de preços ao longo da cadeia produtiva, os preços dos bens finais tiveram aumentos de 2,52% no ano e de 7,86% em 12 meses até maio. Por sua vez, os preços dos bens intermediários acumulam, até maio, altas de 7,91% no ano e de 11,15% em 12 meses. Já os preços das matérias-primas brutas acumulam elevação de 7,57% no ano, e apresentam aumento de 34,42% em 12 meses até maio.
Fonte: Alessandra Saraiva, Agência Estado

Preços da soja disparam no país e exterior 10.06.08

10.06.08

Os preços da soja dispararam na última semana tanto no mercado interno quanto no externo, voltando aos níveis observados no início de março, período em que as cotações começaram a cair fortemente depois das estimativas de aumento da safra americana. O suporte vem da greve dos produtores argentinos, que nos últimos dias passou a direcionar a demanda internacional com mais intensidade para os Estados Unidos e Brasil. Além disso, há previsão de mais chuva nas lavouras norte-americanas, o que pode atrapalhar as atividades de plantio naquele país.

Entre 30 de maio e 6 de junho, o contrato Jul/08 da soja em grão subiu 7% na bolsa de Chicago (CBOT), fechando a US$ 14,57/bushel (US$ 32,07/sc de 60 kg). O Indicador ESALQ/BM&F (produto posto porto de Paranaguá) fechou a R$ 50,52/sc 60 kg nessa sexta-feira, 6, aumento de 8,25% em relação à sexta anterior. Para o Indicador CEPEA/ESALQ (média de cinco regiões do estado do Paraná), a alta foi de 8,5% em igual período, a R$ 48,15/sc de 60kg, valor que não era observado desde início de março de 2008.
Fonte: Cepea

Ibama poderá leiloar bens apreendidos em crimes ambientais 09.06.08

09.06.08

Para reduzir a impunidade e fazer a lei "colar"

O ministro do Meio Ambiente informou, ontem (08), que o Presidente Luiz Inácio da Silva deve assinar, no prazo de 15 dias, decreto que vai alterar parte da Lei de Crimes Ambientais, permitindo, por exemplo, a redução do prazo de quatro anos para quatro meses dos recursos de delitos ambientais. Segundo ele, o decreto já foi discutido na Casa Civil.

Sem dar muitos detalhes sobre as mudanças, Carlos Minc afirmou que um dos 50 artigos do novo decreto se refere ao chamado “perdimento”, ou seja, a destinação dos bens apreendidos. O objetivo é dar ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) poder sobre o destino dos bens apreendidos de delitos ambientais, tal como ocorre atualmente com a Receita Federal.

“O Ibama hoje não tem o poder que a Receita tem de imediatamente pegar os bens apreendidos e dar destinação, leiloar”.

Segundo ele, os processos demoram cerca de três a quatro anos para serem concluídos. Os demais artigos do decreto são referentes à diminuição de prazos e de recursos e simplificação de procedimentos.

Acabar com a impunidade

“Por que só 5% das multas são pagas?", questionou o ministro. Ele admitiu que alguns laudos, às vezes, são mal feitos e que a Justiça atrasa, “mas, às vezes, o decreto que regulamentava a lei abria uma quantidade de possibilidades de protelação, de recursos, de impugnações e isso caía fora da atividade da multa”, disse o ministro.

As mudanças que estão sendo introduzidas permitirão que um criminoso ambiental, “ao invés de poder ficar enrolando quatro anos, em quatro meses já está lá na marca do pênalti, com cartão vermelho. O que adianta você ter uma lei rígida se 95% não pagam a multa?”, indagou o ministro.

Na avaliação de Carlos Minc, a demora no recebimento de valores de multas significa que recursos que poderiam equipar os órgãos ambientais deixam de ser arrecadados. Segundo ele, o papel da multa é desestimular a impunidade ambiental.

O ministro disse que pretende se encontrar com o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Lacerda, para ver como poderá ser criado um banco de dados verde. O objetivo é desmontar as grandes quadrilhas de criminosos ambientais e de receptadores, infiltradas inclusive nos órgãos públicos, disse o ministro.


Ministério terá parte ativa no saneamento ambiental

O Ministério do Meio Ambiente voltará a ter uma parte ativa no saneamento ambiental. A garantia é do ministro da pasta, Carlos Minc. Ele disse que vai anunciar, em breve, o nome do futuro titular da Secretaria Nacional de Recursos Hídricos que, segundo o ministro, terá como principal missão a realização de projetos de saneamento no país.

Ele disse que o ministério vai dispor de recursos do uso da água pelo setor elétrico, avaliados em R$ 400 milhões por ano, que estavam contingenciados “muito por falta de projetos e falta de força política. Agora, eles vão virar superávit ambiental, porque o saneamento é o superávit ambiental”, disse Minc.
Fonte: Alana Gandra, repórter da Agência Brasil

Governo elege países e produtos para ampliar exportação 09.06.08

09.06.08

Falta agora combinar com os concorrentes...


O governo brasileiro aposta em mercados-alvo, setores prioritários e países "traders" para chegar a 1,25% de participação nas exportações mundiais em 2010, meta estabelecida na Política de Desenvolvimento Produtivo. Especialistas aprovam a estratégia, mas têm dúvidas sobre os resultados. O estudo é da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). “Trabalhamos na escolha de setores e mercados prioritários para que o País exporte cerca de US$ 210 bilhões em 2010", diz o presidente Apex, Alessandro Teixeira.

Durante oito meses a equipe da Apex levantou dados macroeconômicos, nível e concentração da renda interna, geração de emprego e possibilidades de inserção de produtos brasileiros em mais de 100 países. O levantamento identificou 16 mercados prioritários e seis países "traders", que servirão como porta de entrada para as exportações do Brasil em todos os continentes.

Na América Latina, os escolhidos são Chile e o Panamá; na Europa, a Turquia; e no Oriente Médio, os Emirados Árabes Unidos. Já nos continentes africano e asiático, os países são África do Sul e Cingapura, respectivamente. Completam os mercados prioritários Argentina, Colômbia, Cuba, Peru, Venezuela, Noruega, Polônia, Rússia, China, Coréia do Sul, Vietnã, Canadá, EUA, México, Angola e Egito.

"Para cada região do mundo estabelecemos um país “trader”. Esses países têm o poder de distribuir as exportações brasileiras em suas regiões", explica Teixeira. "Não basta saber o que os países importam, mas quais são as importações que podem ser complementadas com as exportações brasileiras."

Mercados

Na América Latina, o governo brasileiro continua apostando nas exportações para a Argentina. Em 2007, o Brasil vendeu aos argentinos US$ 14,416 bilhões, 32,5% do total importado pelo país. Alguns dos produtos mais competitivos no mercado vizinho, diz a Apex, são máquinas e motores, autopeças e materiais de construção.

Outro vizinho com boas oportunidades é a Venezuela. Entre 2003 e 2007, as importações venezuelanas de produtos brasileiros registraram aumento de 676,5%, passando de US$ 608,2 milhões para US$ 4,723 bilhões. Alimentos e bebidas e máquinas e motores são alguns dos setores mais promissores para as vendas do Brasil à Venezuela, aponta o levantamento da agência.

Nos Estados Unidos, as ações da Apex estão voltadas à comercialização de produtos farmacêuticos, plásticos e suas obras e materiais de construção (obras de pedra e borrachas). Na Ásia, o principal foco está na China, que no ano passado importou US$ 956,261 bilhões. Desse montante, o Brasil respondeu por apenas 1,91%, com exportações de US$ 18,342 bilhões.

Os produtos identificados com maiores chances no mercado chinês são alimentos, como massas e sucos, material de construção (metais não-ferrosos, madeiras e borrachas), moda (higiene e cosméticos, calçados,peles e couros) e máquinas e motores.

No continente africano e no Oriente Médio, dois potenciais mercados são Angola e Emirados Árabes Unidos. Segundo a agência, o crescimento anual médio acima de 10% do PIB de Angola aqueceu a demanda por alimentos e bebidas, como carnes, sucos, leite e outros; materiais de construção (vidros, plásticos, borracha e sua obras, móveis e produtos cerâmicos); máquinas e equipamentos e materiais elétricos e eletrônicos.

Já nos Emirados Árabes Unidos, os segmentos de alimentos e bebidas (carne e café), materiais de construção (borracha, metais não-ferrosos, madeiras e obras de pedra) e máquinas e motores poderiam aumentar as importações brasileiras. Entre os anos de 2003 e 2007, as vendas externas do Brasil para Angola e Emirados Árabes Unidos cresceram, respectivamente, 417,4% e 116,9%.

Dentro do continente europeu um dos países com maior potencial de expansão para as exportações brasileiras é a Rússia. Segundo o estudo da Apex, o mercado russo apresenta oportunidades para vendas de veículos e suas partes, madeiras e cortiças, produtos metalúrgicos e máquinas e motores.

Desafios

Centrar as ações em determinados países é uma estratégia correta, na avaliação do vice-presidente da Associação de Comércio Exterior (AEB), José Augusto de Castro. O dirigente ressalta, porém, que há uma distância muito grande a ser percorrida para o Brasil atingir 1,25% de participação nas exportações mundiais. "É uma meta ousada, que acho difícil de ser atingida num cenário de dólar desvalorizado", afirma.

Segundo Castro, o avanço no market share das exportações globais só vai ocorrer caso as vendas mundiais cresçam, na média, num ritmo inferior às brasileiras. Atualmente, na sua avaliação, o aumento das exportações depende mais da elevação dos preços das commodities do que de medidas de incentivo às vendas externas.

O professor do Instituto de Economia da Unicamp, Fernando Sarti, afirma que é possível atingir a meta projetada pelo governo. Ele lamenta, entretanto, que esse crescimento tenha que ser puxado pelas exportações de produtos básicos. "Acho que é factível atingir a meta. O problema é a nossa dependência nas exportações de commodities agrícolas e minerais."

Um desafio adicional ao avanço das exportações brasileiras passa ainda pela forte concorrência da China em mercados comuns, como o Mercosul e a Associação Latino-Americana de Integração (Aladi). "Os chineses renegaram a América Latina, a África e até a Ásia a um segundo plano, já que o interesse era conquistar os Estados Unidos e a União Européia. Agora estão se voltando aos mercados periféricos", destaca Castro, da AEB.
Fonte: Rodrigo Petry, Agência Estado


Empresa multada pelo Ibama diz que alegações de órgãos do governo são infundadas 09.06.08

09.06.08

A madeireira Gethal Amazonas S/A, multada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em R$ 381 milhões, divulgou nota no sábado (7) afirmando que ainda não foi notificada oficialmente da multa e que se defenderá “com veemência das acusações do Ibama e/ou Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária]”. A Gethal afirma que as alegações dos dois órgãos são infundadas.

Segundo o comunicado, a propriedade da empresa e suas terras estão em perfeita “consonância com a legislação brasileira”.

A empresa alega que não incorreu em atividade madeireira não autorizada e que as acusações prévias do Ibama referem-se a fatos ocorridos antes da última mudança de controle acionário da empresa. Na nota divulgada pela assessoria de imprensa da Gethal, a empresa afirma que as atividades madeireiras foram feitas sob as diretrizes do Forest Steward Council (FSC), certificação obtida no ano 2000.

De acordo com a nota, a suspensão pelo Ibama do plano de manejo florestal foi formalmente solicitada pela Gethal Amazonas S/A há mais de 12 meses.

A empresa diz que considera “um completo absurdo qualquer insinuação no sentido de que a prévia atividade madeireira da Gethal seja considerada agora ilegal como resultado da decisão da empresa em proteger a floresta”.

De acordo com o Ibama, a principal multa aplicada à empresa refere-se à extração, ao transporte e comércio de cerca de 700 mil metros cúbicos de madeira – o equivalente a 230 mil árvores – em desacordo com a legislação ambiental brasileira. Ainda segundo o instituto, a madeireira terá 20 dias para apresentar defesa e recorrer da multa.
Fonte: Agência Brasil

Estados Unidos fazem biocombustíveis 'vencerem' a cúpula da ONU sobre alimentos 06.06.08

06.06.08

A indústria dos biocombustíveis escapou ilesa da cúpula sobre a crise alimentar encerrada ontem (05), mas um representante da ONU alertou que é preciso controlar esse setor para evitar um agravamento da fome mundial.

O uso de terras para a produção de etanol e biodiesel em vez de alimentos foi um dos temas mais polêmicos dos três dias de reunião da FAO, agência da Organização das Nações Unidas para alimentação e agricultura, em Roma. Brasil e EUA, gigantes do setor, lideraram a defesa dos biocombustíveis.

Sob pressão dos EUA, a declaração final evitou termos negativos sobre os biocombustíveis, citando apenas "desafios e oportunidades" e propondo um "diálogo internacional" sobre o tema.

Olivier De Schutter, especialista independente da ONU sobre o direito à alimentação, disse que os países contrários aos biocombustíveis cederam para evitar um naufrágio total da declaração contra a atual crise alimentar.

De Schutter defendia que a cúpula fizesse um apelo a Estados Unidos e União Européia para que abandonassem as políticas de promoção dos biocombustíveis -- o que ele acha que ainda é possível.

"Acho que deveríamos nos encaminhar para um código de conduta que no mínimo tenha a exigência de que o solo adequado ao cultivo de alimentos não deve ser destinado ao combustível além dos níveis atuais", disse ele.

O antecessor de De Schutter, Jean Ziegler, provocou polêmica ao declarar que o uso de terras aráveis para a produção de combustíveis seria "um crime contra a humanidade". O atual representante da ONU usa termos mais brandos, mas a mensagem é a mesma.

"Estou propondo um congelamento em qualquer novo investimento nesse tipo de agrocombustível que esteja competindo diretamente com os alimentos", disse ele.

No último dia da cúpula, o preço do milho no mercado futuro de Chicago bateu recordes, devido a atrasos na semeadura nos EUA, por causa das chuvas.

Os EUA conseguiram aumentar sua produção e exportação de milho ao mesmo tempo em que estimulou a produção de etanol a partir desse grão. Washington diz que os biocombustíveis representam cerca de 3 por cento da inflação total dos alimentos, que fez vários itens dobrarem de custo nos últimos dois anos.

"A realidade é que há uma cesta de problemas aqui que estão causando aumentos no preço dos alimentos, e a maioria (desses problemas) é de custos energéticos e aumento do consumo", disse Ed Schafer, secretário de Agricultura dos EUA.

Mas De Schutter disse que continuará pressionando pela adoção de um código de conduta, provavelmente no âmbito da FAO. "Há crescentes evidências científicas de que o uso de energia para produzir agrocombustíveis, o uso de água, o uso de terra arável destrói o meio ambiente, é uma ameaça à segurança alimentar e alimenta a especulação no mercado", afirmou.
Fonte: Robin Pomeroy e Alister Doyle - Reuters


Quem perde e quem ganha com a explosão dos preços do petróleo 06.06.08

06.06.08

A explosão dos preços do petróleo está comprometendo gravemente o equilíbrio econômico de numerosos setores de atividades da indústria e dos serviços. Alguns tiram proveito disso e despontam como os beneficiados do novo choque do petrleo; outros estão às voltas com enormes dificuldades para enfrentar as suas conseqüências. São os perdedores.

OS BENEFICIADOS

As companhias petroleiras e as novas energias
As petrolíferas nunca haviam óbtido lucros tão consideráveis. Em 2007, as cinco maiores companhias mundiais do setor (Exxon, Shell, BP, Total, Chevron) totalizaram um lucro líquido superior a US$ 100 bilhões (cerca de R$ 163 bilhões). Mas, quando o petróleo está caro, o nacionalismo petroleiro volta à tona e motiva os países produtores a se fecharem para as companhias privadas. Estas últimas detêm apenas 8% das reservas mundiais e vêm encontrando dificuldades para aumentar a sua produção. Isso explica, segundo avaliação da Total, por que a produção mundial deverá esbarrar num teto de 95 milhões de barris por dia em 2020 (contra 87 atualmente).

As energias "verdes" estão sendo beneficiadas pela conjunção de um petróleo caro, do boom da demanda energética e da mobilização contra o aquecimento climático. Em 2006, elas mobilizaram US$ 100 bilhões (em transações, investimentos e fusões-aquisições...), segundo um estudo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Na França, é o setor da energia eólica que vem se desenvolvendo mais rapidamente. O parque de turbinas de vento alcançou uma produção de 2.455 megawatts (MW) em 2007. Com isso, o país passou para o 3º lugar entre os países europeus, atrás da Alemanha e da Espanha.

Os especuladores
A explosão dos preços do petróleo constitui uma dádiva para os fundos especulativos (hedge funds). Aqueles que se especializaram nas matérias-primas andaram registrando rendimentos anuais de mais de 100%. Por meio de uma mecânica financeira que inclui efeitos de alavanca, os seus lucros disparam toda vez que o barril passa a custar alguns dólares a mais. E quando a crise dos subprimes (créditos hipotecários podres) espalhou a confusão na totalidade dos mercados financeiros, uma multidão de outros fundos se refugiou nos mercados da energia e das matérias-primas. A sua atuação é tão importante atualmente que esses fundos estão sendo acusados de serem em parte responsáveis pela disparada dos preços do "ouro negro". As suas posições especulativas contribuiriam para encarecer o preço do barril em US$ 15 a US$ 25.

O transporte ferroviário
Guillaume Pepy, o presidente da SNCF (a companhia ferroviária estatal francesa), se mostra particularmente otimista. O encarecimento da gasolina deverá incentivar uma parte dos motoristas a preferirem o trem. Quanto ao transporte de mercadorias, "estamos vivendo um momento histórico e não se pode perder a oportunidade que ele representa", diz. "Entre as buscas de soluções para o meio ambiente em nível nacional, entre o governo e as empresas, e o aumento das cotações do petróleo, tudo está apontando em favor de um desenvolvimento do frete sobre trilhos".

AS VÍTIMAS

O transporte rodoviário
Esta atividade tem sido uma das mais atingidas pela crise petroleira. No momento em que as transportadoras rodoviárias já havia sido atingidas pelos sucessivos aumentos dos pedágios de auto-estrada (+ 25% em três anos) e pelo encarecimento crescente dos seus equipamentos, elas foram atingidas em cheio pelo aumento das cotações do petróleo e, portanto, do diesel. Segundo a Federação das Companhias de Transporte e de Logística da França (TLF), em meados de maio, o preço médio do diesel na bomba era de 1,41 euro (R$ 3,55) o litro, ou seja, 1,18 euro fora a TVA (taxa sobre produtos e serviços). Com isso, o litro de diesel aumentou em 16,72% desde o começo do ano, e em 37,64% desde janeiro de 2007.

Daqui para frente, o item "combustíveis" representa 28% dos custos de exploração de um veículo de transporte rodoviário. As federações profissionais buscam obter medidas de emergência por parte do governo, como o adiamento do pagamento de certas contribuições fiscais e sociais (taxa profissional), além do reescalonamento de certos encargos obrigatórios. Mas, o que elas desejam acima de tudo é a implantação de sanções penais que seriam destinadas a obrigar as empresas "cargueiras" - os clientes das transportadoras - a aceitarem a repercussão da evolução do custo do combustível sobre o preço faturado, uma medida que deveria tomar a forma de uma emenda à lei de modernização da economia.

O transporte aéreo
Enquanto os biocombustíveis, a eletricidade ou o hidrogênio representam energias alternativas eventuais para o transporte ferroviário, rodoviário ou marítimo, vai ser muito mais difícil dispensar os derivados do petróleo para fazer os aviões voarem. Em março, baseando-se num preço médio do barril a US$ 86, a Associação Internacional do Transporte Aéreo (IATA) havia previsto que o setor faturaria, no seu conjunto e em todo o mundo, cerca de US$ 4,5 bilhões (R$ 7,33 bilhões) em 2008.

Em 2 de junho, por ocasião da sua assembléia geral, o discurso mudou da água para o vinho: baseando-se numa cotação média de US$ 106,5, o transporte aéreo deverá registrar uma perda anual de US$ 2,3 bilhões (R$ 3,75 bilhões). Para Giovanni Bisignani, o diretor geral da IATA, o cálculo é simples: "Toda vez que o preço do petróleo aumenta em US$ 1, os custos operacionais das companhias aumentam em US$ 1,6 bilhão [R$ 2,61 bilhões]". Em 2002, o total da fatura que as companhias tiveram de pagar era de US$ 40 bilhões (13% dos custos). Em 2008 (com base numa cotação de US$ 106,5 o barril), esta mesma faturar deverá somar US$ 176 bilhões (cerca de R$ 287 bilhões, o que representa 34% dos custos operacionais).

O automóvel
"Durante muito tempo, nós vivemos num mundo em que o petróleo não era caro. E quando o preço do barril subia um pouco, nós achávamos que isso não iria durar e optávamos por não investir em projetos próprios para superar eventuais rupturas tecnológicas", reconhece Carlos Ghosn, o patrão do grupo Renault-Nissan. Atualmente, com um petróleo que deverá permanecer caro de maneira duradoura, a indústria automobilística não pode mais apostar apenas no motor térmico. No curto prazo e no médio prazo, o aumento do petróleo terá um impacto negativo sobre os objetivos de rentabilidade e as margens das montadoras. Uma vez que a indústria utiliza um grande número de peças de plástico, os custos de fabricação se tornaram logicamente mais elevados. As montadoras também estão à mercê de uma modificação dos comportamentos dos automobilistas. No espaço de um ano, o consumo de gasolina diminuiu de 7% nos Estados Unidos. As montadoras estão tentando preservar as suas vendas comercializando uma maior quantidade de carros pequenos e que consomem menos combustível, mas cujas margens de lucro também são menos elevadas. "Todas as montadoras estão condenadas a sofrerem muito, pois elas serão obrigadas a gastar bilhões de euros com pesquisas, de modo a comercializarem veículos dotados de novas tecnologias", avisa Remi Cornubert, um diretor associado na consultora em estratégias de mercados Oliver Wyman.

O turismo
Os turistas serão forçados a modificarem seus projetos? A organização Europe Assistance, com a ajuda do instituto de pesquisas Ipsos, tentou responder a esta pergunta. Segundo esta firma especializada na assistência aos viajantes, o aumento dos preços dos combustíveis tem uma repercussão direta sobre o orçamento de férias de mais de um terço (38%) dos europeus que costumam viajar durante as férias. O aumento dos preços do petróleo teria uma influência direta para 34% dos turistas europeus no que diz respeito ao seu modo de transporte, para 29% dentre eles em relação ao seu destino, e para 23% dentre eles no que se refere à duração das suas férias. Um grande número de agências de viagens se verá obrigado a repercutir as conseqüências do aumento dos preços da energia sobre as tarifas das suas prestações de serviços.

A química
Para a indústria química francesa, toda vez que o preço do barril de petróleo aumenta em US$ 10, isso se traduz por um aumento de 2 bilhões de euros (cerca de R$ 5 bilhões) das suas despesas com matéria-prima e pesquisas. O montante total desses custos era de 81 bilhões de euros (cerca de R$ 200 bilhões) em 2007. O problema das companhias químicas é poderem repercutir esses aumentos de preços para os seus clientes. O grupo americano Dow Chemical anunciou, em 28 de maio, que ele iria aumentar os preços de "todos os seus produtos em 20% no máximo". Em sua maioria, os grupos especializados na petroquímica conseguiram aumentar suas tarifas.

No curto prazo e no médio prazo, os consumidores de produtos industriais (carros, telefones, computadores...) fabricados por meio de pinturas e de plásticos deverão se preparar para um aumento dos preços. Num prazo mais longo, os grupos químicos deverão priorizar nos seus investimentos o desenvolvimento de materiais que consumirão menos energia. No setor da construção civil, desde já as novas qualidades de cimentos, colas, argamassas, entre outros, dividiram o consumo por quatro.

A agricultura
Segundo o ministério (francês) da agricultura, o óleo combustível representa 20% dos custos totais das firmas agrícolas. Muito mecanizada, a profissão vem consumindo cada vez mais combustível. Além disso, uma fazenda de grande porte utiliza importantes quantidades de produtos derivados do petróleo: há aqueles que incluem plástico em sua composição, como o barbante para amarrar os feixes de palha, ou ainda as lonas para cobrir os silos, mas também os adubos e os produtos fitossanitários. Os agricultores que trabalham com estufas são os mais atingidos, pois eles consomem quantidades enormes de combustíveis para a calefação. Os aumentos das cotações dos grãos estão fazendo com que os produtores de cereais possam compensar suas perdas, o que é impossível para os criadores de porcos ou de aves, os quais são também vítimas do aumento dos preços das rações para os animais.

As soluções se concentram principalmente na limitação do consumo, por meio dos avanços oferecidos pela agricultura de alta precisão, que permite evitar passar com os tratores várias vezes no mesmo lugar, além de utilizar de maneira mais eficiente os produtos químicos. Existe uma outra saída a respeito da qual a profissão está refletindo, relativa à produção de energia nas diversas áreas da fazenda, com a utilização de painéis fotovoltaicos (energia solar), além da transformação dos resíduos, ou ainda a produção caseira... de combustível agrícola.

A pesca
Logo no outono de 2007, os pescadores já pediram ajuda. O "diesel para a pesca", totalmente livre de taxas, custava então 50 centavos de euro; desde então, ela já superou os 70 centavos de euro. Segundo o Comitê Nacional das Pescas, o óleo combustível representava 15% dos custos de produção de barco pesqueiro em 2004, 30% há seis meses, e mais de 50% atualmente. Os marinheiros pescadores enfrentam uma dupla dificuldade: o seu pagamento vem sendo diretamente reduzido pelo aumento dos preços dos combustíveis, no quadro do sistema de salário compartilhado (uma partilha entre os membros da tripulação não só do produto da venda, como também das despesas do barco). Ora, o seu patrão não pode aumentar o preço do peixe, porque este é vendido em leilão.
Fonte: Do Serviço de Economia e das Empresas, Le Monde
Tradução: Jean-Yves de Neufville, UOL Notícias

Diretor da ONG SOS Mata Atlântica afirma que PAC "é uma desgraça ambiental" 06.06.08

06.06.08

Ao participar ontem (5) da comemoração do Dia Mundial do Meio Ambiente, no Palácio do Planalto, o diretor da organização não-governamental (ONG) SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani, criticou a política ambiental do governo. "É muito ruim", afirmou, ao defender que o Brasil ainda precisa avançar no setor para ter mais o que comemorar nesta data.

O ambientalista criticou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o programa de biodiesel e a expansão da cultura da cana-de-açúcar. "O PAC hoje é uma desgraça do ponto de vista ambiental. É uma licença para destruir. É preciso que o governo caia na realidade e veja que é fundamental valorizar as questões ambientais e não querer cortar caminho, como está fazendo."

Ministro do Meio Ambiente responde aos ataques

O ministro do Meio Ambiente rebateu às críticas do diretor da ONG. Minc também disse que não concorda com a avaliação de Mantovani sobre o PAC. “Discordo. Acho que é possível desenvolver o país sem destruir o meio ambiente”, defendeu.

Minc citou sua gestão à frente da Secretaria do Ambiente do Rio de Janeiro para argumentar que é possível conciliar grandes obras de infra-estrutura com preservação. “Dou sempre os exemplos dos licenciamentos ambientais que fizemos no Rio, que foram muito rigorosos, com padrões mais rigorosos que os nacionais. Vamos fazer o mesmo aqui.”

Mantovani condenou ainda a construção de novas hidrelétricas e disse que o governo, ao estimular o uso desse tipo de energia, não valoriza os avanços como o aumento da participação da biomassa na matriz energética. Em 2007, os derivados da cana-de-açúcar ultrapassaram a fonte hidráulica na geração de energia, de acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

“A gente acorda com o ministro [do Meio Ambiente, Carlos Minc] alucinado, falando em fazer mais três usinas nucleares. Isso não é mais PAC, isso já é má-fé com a sociedade. É preciso baixar a bola e ver que sustentabilidade começa com projetos sérios e não com esses devaneios de desenvolvimento a qualquer custo".

Segundo o diretor da ONG, durante a gestão da ex-ministra Marina Silva, o licenciamento ambiental chegou a ser usado para justificar a "incompetência" de ministros. "Na verdade, o licenciamento ambiental nunca atrapalhou. O governo sempre passou por cima e fez a obra. Quando o ministro era incompetente e não conseguia fazer uma estrada, colocava na conta do licenciamento", afirmou Mantovani.
Fonte: Luana Lourenço, repórter da Agência Brasil

FAO reafirma meta de reduzir fome pela metade até 2015 06.06.08

06.06.08

Depois de um dia de debates, representantes de mais de 180 países que participaram da conferência da FAO (o órgão de alimentação e agricultura da ONU), em Roma, chegaram nesta quinta-feira a um acordo sobre o texto final da conferência.

O documento pede uma “ação urgente” contra a crise dos aumentos de preços dos alimentos e diz que a comida não deve ser usada como “uma arma” política ou econômica. O encontro também reafirmou as metas da ONU de reduzir pela metade a fome no mundo até 2015.

A divulgação do texto final foi adiada em várias horas por causa de desentendimentos que se intensificaram no último dia de negociações.

Antes da entrevista coletiva que encerrou o encontro, alguns países que fizeram ressalvas ao acordo se manifestaram.

Biocombustíveis

O governo argentino, que recentemente adotou medidas para evitar a exportação de alimentos, queria evitar a condenação de “medidas restritivas”.

Outra nação que queria ver mudanças no documento final é Cuba. Os diplomatas cubanos queriam introduzir de forma indireta a discussão sobre o embargo feito pelos Estados Unidos à ilha. Em uma intervenção antes do encerramento do encontro, representantes cubanos disseram que queriam saber quais Estados “têm objeções ao multilateralismo e ao respeito do direito internacional”.

Segundo fontes na conferência, o governo americano foi um dos que se opôs à inclusão do assunto no documento final.

No começo do dia, um diplomata europeu ouvido pela BBC News disse que o Brasil e outros países latino-americanos estavam se negando a assinar o documento porque ele apresentava de forma negativa os biocombustíveis.

Os representantes brasileiros, no entanto, negaram que tenha havido grandes problemas em torno do debate sobre o etanol e que foi possível chegar a um texto consensual.

No encerramento do encontro, o diretor-gral da FAO, Jacques Diouf, também divulgou e confirmou a promessa de doações diferentes países e organizações para ajudar no combate à fome no mundo.

Entre os países e organizações que prometeram recursos estão nações tão distintas como Estados Unidos, Venezuela e Kuwait. Veja a lista de quem já prometeu contribuir:
(Em dólares norte-americanos):

França: 1,5 bi (em cinco anos)
Islamic Development Bank: 1,5 bi (em cinco anos)
Banco Mundial: 1,2 bi
African Development Bank: 1 bi
Espanha: 773 mi (em quatro anos)
Inglaterra: 590 mi
Japão: 150 mi
Venezuela: 100 mi
UN CERF 100 mi
Kuwait: 100 mi
Holanda: 75 mi
Nova Zelândia: 7,5 mi

Cúpula da FAO em Roma: "não podemos matar a fome com mercados fechados e paternalismo" 06.06.08

06.06.08


O Programa Mundial de Alimentos é a agência da ONU que se encarrega de distribuir comida e apoiar o desenvolvimento dos países em perigo. A americana Josette Sheeran está há um ano à frente do organismo, e nesse período viu o copo de plástico que leva no bolso reduzir sua capacidade quase pela metade: "Há um ano, encher este copo de arroz custava 40% menos que hoje. Vivemos uma crise devastadora", explica Sheeran. Leia abaixo a entrevista.

El País - Qual é seu diagnóstico deste primeiro ano?
Josette Sheeran - Vivemos uma tormenta perfeita que devastou a população mais pobre. Eu estive em Mianmar, Darfur, Haiti, e me sinto como um soldado que volta da guerra. Devemos buscar soluções de longo prazo para que esta tragédia não se repita, e enquanto isso, estar com eles. Não há nada mais dramático do que ver uma mãe que não pode alimentar seu filho. A cada 6 segundos uma criança morre de fome. Temos de parar com isso. Não há mais desculpas.

EP - O que nos impede?
Sheeran - Muitos fatores ao mesmo tempo. Por isso eu a chamo de tormenta perfeita. A fome existe desde sempre, mas hoje é a primeira vez que temos as ferramentas, a tecnologia, o dinheiro e o poder para acabar com ela. Os governos, os cidadãos, os cientistas e as ONGs devemos trabalhar juntos para isso.

EP - Algumas vozes dizem que se o protecionismo não acabar a fome também não acabará.
Sheeran - Muitos mercados são locais e muito pequenos. Em países como Uganda ou Chade, se o resto do mundo desaparecesse continuaria havendo fome. Nada entra e nada sai. Em Darfur vivem dez vezes mais pessoas do que o solo pode suportar, e essa é uma das razões do conflito. Não produzem o suficiente para exportar. Quando há gente nessas condições, o mercado global pouco importa.

EP - E a senhora não acredita então que os subsídios do primeiro mundo sejam um problema?
Sheeran - Ajudaria se desaparecessem com os outros fatores. Não se pode matar a fome com mercados fechados e distorcidos pelas ajudas. É preciso que os agricultores pobres que não têm apoio de seus governos os recebam.

EP - A culpa da fome é dos países ricos?
Sheeran - Não. Cada país é responsável por seu destino. Nenhum país deve depender do outro. Ninguém gosta de depender, todos querem ser auto-suficientes. Minha família foi embora da Irlanda fugindo da fome, e hoje a Irlanda é um país muito rico que exporta alimentos. Esse é um sonho ao qual os países africanos têm direito. Não querem ajuda, mas condições para fazê-lo sozinhos: terras, créditos, tecnologia, infra-estrutura para exportar. Há exemplos inspiradores: Gana, Chile, Vietnã. São tigres da agricultura.

EP - Mas muitos países não reúnem as condições.
Sheeran - É questão de liderança, de investir em agricultura. Em alguns países com seca é impossível, e o mundo deve ajudá-los; o resto, devem fazer sós. E querem fazer sós.

EP - Mas o Ocidente prefere o paternalismo.
Sheeran - Acabou a era do paternalismo. Etiópia, Tanzânia, Moçambique, Malaui, todos disseram em Roma que não querem ajudas, mas decidir seu destino: um mercado seguro, programas de investimento, a possibilidade de exportar, cooperação regional. A Espanha é um exemplo disso. Estruturou sua ajuda segundo os Objetivos do Milênio e contribuiu para dar o alarme da crise atual. Somos muito agradecidos a eles.
Fonte: Miguel Mora, em Roma, El País (Espanha)
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves, UOL Notícias

Comércio gela o encontro. Para ONGs, solução do problema da fome é priorizar alimentação, mais que os negócios 06.06.08

06.06.08


Os países ricos, principalmente Europa e EUA, dedicaram US$ 125 bilhões no ano de 2006 para subsidiar seus agricultores, lembrou na quarta-feira a organização Oxfam na cúpula da FAO que terminou nesta quinta-feira (05) em Roma. Em troca, a ajuda internacional para a agricultura não passa de US$ 4 bilhões anuais.

Os subsídios estatais do primeiro mundo impedem os países mais pobres de desenvolver seus mercados agrícolas, exportar, competir em igualdade de condições. O que, por sua vez, os impede de crescer, aumentar a produção, investir em novas infra-estruturas. A agricultura se transformou em um comércio disfarçado, e esse comércio estrangulou cada vez mais pessoas no planeta. A Suécia lembrou na quarta-feira que só se os subsídios agrícolas forem eliminados ou reduzidos, e se abrir "de maneira generosa" o acesso de todos aos mercados, os países em desenvolvimento poderão ampliar sua produção para evitar a fome de suas populações. Para tanto, como lembrou o ministro sueco, é preciso completar a famosa Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Fonte: Miguel Mora, em Roma, El País (Espanha)

Mercado só serve par enriquecer transnacionais, dizem ONGs

Mas ninguém tem grande esperança em que os países protecionistas dêem o braço a torcer. A Oxfam acredita que um acordo global de livre comércio por si só não ajudaria a resolver a crise, porque se forem aprovadas as propostas já ouvidas na OMC "os países pobres ficariam expostos à volatilidade do mercado". Outros pensam que, por não ter a possibilidade de desbloquear uma situação que está bloqueada há anos, a cúpula de Roma está destinada a ficar mais uma vez na retórica e nas boas intenções. Aparecem alguns sinais positivos, como a iniciativa lançada na quarta-feira por Kofi Annan para a Revolução Verde na África, que busca aumentar a produção e a produtividade no continente, mas a divisão na hora de propor soluções é a norma.

Países sensatos como a Noruega indicam que não haverá nada a fazer se os agricultores africanos não conseguirem colocar seus produtos em um "mercado funcional". Mas esse mercado mundial, segundo as ONGs mais militantes, é uma ilusão. Ninguém sabe para que serve realmente, exceto para manter a ordem econômica, enriquecer um punhado de corporações e aumentar o número de pessoas que passam fome. Especulação, nacionalismo, subsídios, tarifas alfandegárias, distorção de preços e barreiras à exportação -são palavras que foram muito escutadas em Roma nestes dias. Mas ninguém tem uma resposta clara.

Henar Senovilla, que coordena a campanha "Direito à Alimentação. Urgente", lembra que "três em cada quatro pessoas que passam fome são pequenos agricultores, camponeses sem-terra, pescadores artesanais ou pastores, pessoas que vivem no e do meio rural". E conclui que a única solução para a fome é "a volta a uma agricultura sustentável social, econômica, política e ambientalmente, destinada à alimentação e não ao comércio".
Fonte: Mario López/EFE
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves, UOL Notícias

Americanos querem transgênicos como solução para a fome
Assim como venderam a "Revolucão Verde" nas décadas de 1950/60, que nada resolveu


Jacques Diouf, o diretor-geral da FAO, liderou o ataque contra o desvio de plantações de alimentos para produzir biocombustíveis. Em seu discurso de abertura, ele disse que "ninguém" entende por que os países ricos estão subsidiando o desvio de cereais "para alimentar carros".

Diplomatas e autoridades da FAO disseram que uma maneira de resolver a divergência seria levar a discussão do biocombustível à Parceria Global de Bioenergia, um grupo criado na cúpula do G8 em Gleneagles três anos atrás, que inclui os países do G8 mais alguns países em desenvolvimento como Brasil, China e México e organizações internacionais.

No centro do debate dos biocombustíveis está a discórdia em relação a seu impacto sobre os preços dos alimentos. Governos europeus apoiaram ontem a posição dos EUA e a do Brasil, dizendo que os biocombustíveis são apenas uma das causas do aumento dos preços dos alimentos, citando como outros fatores o aumento dos preços do petróleo, o maior consumo nos países em desenvolvimento, o clima adverso e as proibições a exportações.

"É uma questão de proporcionalidade", disse uma autoridade americana. "[Os biocombustíveis] fazem parte do problema mas não são a principal causa da inflação dos alimentos. O petróleo e o crescimento da demanda são muito mais importantes."

A disputa sobre os biocombustíveis obscureceu um consenso alcançado ontem, de se aumentar os investimentos em agricultura para atacar a desaceleração da produtividade agrícola, e os anúncios de vários países de contribuições de milhões de dólares para ajuda alimentar e projetos agrícolas.

Kofi Annan, o ex-secretário geral da ONU, disse ao "Financial Times" que níveis mais altos de investimentos são críticos para suprir a crescente demanda global por alimentos conforme a população mundial aumenta. A FAO estima que o consumo global de alimentos duplicará nos próximos 30 anos.

Mas apesar de os países terem concordado que é vital reforçar a produtividade agrícola, discordaram sobre como se alcançar isso. Os EUA disseram que o mundo precisa usar organismos geneticamente modificados. Shafer disse que "não há como" aumentar a produção sem OGMs. Os governos europeus são contrários à idéia.

O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, disse que a reunião do G8 em julho abordará a questão do aumento da produção de alimentos.
Fonte: Mario López/EFE
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves, UOL Notícias

Ibama fiscaliza frigoríficos, cerâmicas e fecha armazém no Nortão de Mato Grosso 06.06.08

06.06.08

O Ibama fez ontem (05), no Dia Mundial do Meio Ambiente, a operação Mato Grosso legal, fiscalizando frigoríficos, armazenadoras de grãos e cerâmicas no Nortão e em outras regiões para verificar se não estão recebendo para industrialização, animais, grãos ou barro de áreas embargadas por desmatamentos ilegais. Foram visitadas mais de 45 empresas em diferentes regiões do estado, onde já de imediato foram aplicadas 9 multas, que somam mais de R$ 243 mil em multas em um único dia de ação.

Os fiscais encontraram um armazém de "uma das maiores empresas armazenadoras" de soja e milho em Nova Ubiratã (próximo a Sorriso) um dos municípios campeões do desmatamento dentro em Mato Grosso, que funcionava totalmente sem licença, foi interditada e teve suas atividades paralisadas.

Os fiscais notificaram as demais empresas em Guarantã do Norte, Matupá, Barra do Garças, Paranatinga, Nova Ubiratã, Primavera do Leste, Aripuanã, Juína, dentre outras a apresentarem documentos da origem da matéria-prima utilizada.

No caso dos frigoríficos foram solicitados que apresentem listagem com a origem de compra de bovinos para abate desde janeiro deste ano, com nome e CPF/CNPJ do vendedor dos bovinos, data da compra, nome da fazenda e município em que se localiza. Já no caso das indústrias secadoras de grãos e cerâmicas, estas devem apresentar listagem semelhante, onde conste a origem e data de aquisição desde 1º de janeiro deste ano, descrevendo o nome e documentação das pessoas físicas ou jurídicas de onde adquiriram a matéria-prima industrial. Além destes documentos, também é obrigatório que cada empresa tenha licença de operação e inscrição no cadastro técnico federal para aquela atividade.

O IBAMA informou que esta é a primeira de uma série de novas ações que deverão ser realizadas pelo órgão ao longo de todo ano, e embora atinja setores produtivos do estado, a medida visa sobretudo mostrar para a sociedade quais as empresas que contribuem para o crescimento do desmatamento ilegal na Amazônia.
Fonte: Agronotícias

Presidente do BNDES sugere criação de fundo de riquezas para gerações futuras 06.06.08

06.06.08

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, sugeriu ontem (5) a criação de um Fundo Intergeracional de Riquezas para o Brasil como forma de poupança para gerações futuras, incluíndo recursos previdenciários. Ele participou da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) realizada no Palácio do Planalto.

Citando o presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielli, que fez um balanço da produção de petróleo no País, Coutinho afirmou que o tamanho da província petrolífera brasileira já identificada é de tal magnitude que é preciso repensar as regras na exploração do mineral.

De acordo com Coutinho, essa riqueza tem uma representação de tal escala que ela nem sequer deve ser repensada para a atual geração, mas também para as futuras. "Eu creio que a construção de um Fundo Intergeracional de Riqueza como a Noruega tem, e grandes países que têm grandes riquezas naturais, deva ser pensada", enfatizou.

Coutinho afirmou ainda que não se trata de deixar de remunerar a iniciativa privada, mas, sim, de contribuir, com mudanças legais, para o desenvolvimento de todos os brasileiros. O presidente do BNDES defende uma discussão sobre o tema, pois considera que o patrimônio nacional mudou de forma significativa com uma nova "constelação de riquezas".

O presidente do BNDES também mostrou preocupação com o destino dos recursos provenientes dos royalties do petróleo. Ele sugeriu mudanças nos royalties pagos a estados e municípios pela exploração dos poços petrolíferos. "Acho que as regras precisam ser repensadas, as regras legais. Não é possível imaginar dilapidar isso de uma maneira pontual, com royalties mal calibrados. É preciso ter royalties sim, mas a calibragem disso precisa ser repensada", disse Coutinho.

Para ele, é preciso gerenciar as riquezas que o país produz hoje, pensando no amanhã. "Olhar isso ao longo do tempo. Isso é uma riqueza que perdurará para várias gerações, varias décadas. É algo que tem que ser repensando em uma perspectiva de 60, 70 ou 80 anos à frente. Então, nós precisamos olhar isso com outro olhar", afirmou.

Fonte: Daniel Lima, repórter da Agência Brasil

IBGE mostra que país pouco tem avançado na proteção ambiental e social 05.06.08

05.06.08

Uso de fertilizantes dobrou de intensidade entre 1992 e 2006

Os Indicadores de Desenvolvimento Sustentável 2008 (IDS 2008) mostram um país que, nos últimos anos, teve seus maiores avanços na economia. Nas questões sociais, apesar das melhorias verificadas, ainda persistem grandes passivos a serem sanados. Em relação aos problemas ambientais há sinais contraditórios, com evolução em algumas áreas e retrocesso em outras.

O diagnóstico dos 60 indicadores produzidos ou reunidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terceira edição do IDS (as duas anteriores datam de 2002 e 2004) revela ganhos importantes, mas indica que ainda há uma longa estrada pela frente para o Brasil atingir o ideal previsto em 1987 pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Comissão Brundtland): um desenvolvimento que atenda às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades. Veja a seguir alguns dos destaques do IDS 2008.

Dimensão ambiental: progresso menor e ainda lento

Com 23 indicadores, divididos segundo os temas atmosfera; terra; água doce; oceanos, mares e áreas costeiras; biodiversidade e saneamento, a dimensão ambiental do IDS é a que mostra o maior número de indicadores ainda negativos ou que se mantêm numa evolução lenta. Além da atualização das informações publicadas em 2004, foi incorporado o dado sobre a emissão de gases do efeito estufa, a partir do inventário publicado em 2004 pelo governo brasileiro.

Dentre os indicadores positivos, podem-se destacar a redução de consumo de substâncias destruidoras da camada de ozônio e o aumento do número de unidades de conservação (UCs) e de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs). Os focos de incêndios também sofreram redução entre 2004 e 2006, e a poluição atmosférica mantém sua tendência estacionária, exceto pelo ozônio (O3), cuja concentração continua aumentando.

Já a poluição dos rios que cortam as maiores regiões metropolitanas e a das praias mantêm seus níveis elevados, enquanto as quantidades de fertilizantes e agrotóxicos usados na agricultura cresceram, e as apreensões de alguns animais que seriam comercializados ilegalmente também aumentaram.
Por fim, indicadores como o desmatamento na Amazônia1, que vinham melhorando, sofreram revezes no período mais recente, ao que tudo indica em conseqüência do próprio crescimento econômico.

Consumo de substâncias destruidoras da camada de ozônio cai 87% de 1992 a 2006
O consumo de substâncias destruidoras da camada de ozônio (O3)2 vem sendo reduzido, de forma geral, em todo o mundo. No Brasil, esse consumo anual (produção + importações – exportações) tem caído aceleradamente, superando inclusive as metas: diminuiu 87% entre 1992 e 2006, passando de 11.198 para 1.431 toneladas de potencial de destruição do ozônio (PDO), segundo informações do Núcleo de Ozônio do Ministério do Meio Ambiente.

A camada de ozônio é fundamental à manutenção da vida na Terra, pois absorve a maior parte da radiação ultravioleta B (UVB) que chega ao planeta, altamente nociva aos seres vivos, podendo causar doenças como a catarata, mutações, cânceres e, em doses mais altas, a morte dos organismos. O Protocolo de Montreal (1987) propôs a redução do consumo de substâncias destruidoras da camada de ozônio até sua eliminação ou sua substituição por compostos inofensivos.

Qualidade do ar nas grandes cidades mantém-se estável; exceção é o ozônio
Para a maior parte das regiões metropolitanas, a maioria dos poluentes atmosféricos apresenta tendência estacionária ou de declínio das concentrações máximas (poluição aguda) e médias (poluição crônica), numa série temporal mais longa. A poluição do ar nos grandes centros urbanos é um dos principais problemas ambientais, com implicações graves na saúde, especialmente de crianças, idosos e portadores de doenças respiratórias.

O declínio de concentrações de poluentes é mais evidente para as partículas totais em suspensão (PTS) e as partículas inaláveis (PM10), reflexo do controle das emissões veiculares, das mudanças tecnológicas nos motores e da melhoria na qualidade dos combustíveis. Ambos os poluentes provocam e agravam doenças respiratórias, além transportar gases tóxicos para o pulmão e a corrente sangüínea. Apesar da melhora, os valores de concentração anual média dessas substâncias ainda são elevados, porém, em locais como Brasília e as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e São Paulo.

A mais clara exceção à tendência de queda nas concentrações de poluentes atmosféricos é o ozônio. Na região metropolitana de São Paulo, onde o problema é mais sério, foram registradas em 2006, 168 violações do limite máximo diário permitido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), uma violação em média a cada dois dias, com um pequeno aumento em relação a 2005 (158).

Focos de calor caem pela metade entre 2004 e 2006

Entre 2004 e 2006, o número de focos de calor, que indicam queimadas (ações autorizadas pelos órgãos ambientais) e incêndios florestais (situações de fogo descontrolado), caiu de 236.014 para 117.453, uma redução de 50%. Os dados são do Ibama e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Entre os estados, o Amapá teve a maior redução nos focos de calor entre 2004 e 2006 (-78%, de 1.319 para 291), seguido por Mato Grosso (-67%) e Goiás (-66%). No Rio de Janeiro, no mesmo período, os focos de calor mais que duplicaram, de 158 para 323.

A espacialização dos focos de calor evidencia a sua concentração em algumas regiões. A mais extensa e recorrente corresponde ao "Arco do Desflorestamento e das Queimadas", que abrange o Sul e o Leste da Amazônia Legal, onde as queimadas estão associadas ao desflorestamento, sendo co-responsáveis pela destruição de grandes áreas florestais. Além dos danos à biodiversidade, da exposição do solo à ação das intempéries e do comprometimento dos recursos hídricos, há também a emissão de grandes quantidades de gases de efeito estufa, especialmente CO2. Estima-se que as queimadas sejam responsáveis por 75% das emissões brasileiras de CO2.

MG utiliza mais intensivamente fertilizantes; e SP, mais agrotóxicos por hectare plantado

A quantidade de fertilizantes comercializada por hectare cresceu muito entre 1992 e 2006 (de 69,44 para 141,41 quilos) no Brasil. Dentre os estados, Minas Gerais é o que mais utiliza fertilizantes por hectare (249,23 kg), seguido por São Paulo (214,21 kg) e Roraima (200,11 kg). No outro extremo, estão Acre, Ceará e Amazonas, com, respectivamente, 7,41; 8,32; e 12,33 quilos de fertilizantes por hectare plantado.

Em relação aos agrotóxicos - usados no controle de pragas, doenças e ervas daninhas -, entre 2000 e 2005, houve um leve crescimento no consumo, de 3,19 kg/ha para 3,23 kg/ha. No mesmo período, caiu, entretanto, a utilização dos produtos mais tóxicos. Além de potencialmente venenosos, os agrotóxicos tendem a se acumular no solo, na fauna e flora, e seus resíduos podem chegar às águas subterrâneas. O estado de São Paulo é o que mais utiliza agrotóxicos por hectare plantado (7,62 kg/ha, mais que o dobro da média nacional). Já o Amazonas (0,19 kg/ha) é o que menos utiliza agrotóxicos.

Poluição de rios que cortam grandes centros urbanos não melhora

A qualidade da água dos rios e represas brasileiros está longe do ideal. Nenhum dos corpos d’água para os quais foi calculado o Índice de Qualidade da Água (IQA)3 médio anual atingiu nível considerado ótimo (acima de 80). Os IQAs mais baixos foram os dos altos cursos dos rios Iguaçu (31) e Tietê (30), que atravessam, respectivamente, as regiões metropolitanas de Curitiba e São Paulo. Além deles, a situação também é crítica no rio das Velhas, que corta Belo Horizonte, no rio Paraguaçu, que banha parte do Recôncavo Baiano, e no Ipojuca, que atravessa cidades industriais de Pernambuco.

País tem 8,3% de seu território protegido por unidades de conservação

O Brasil tem a maior biodiversidade do planeta. Para proteger esse patrimônio, destina uma área de mais de 712.660 km2 a unidades de conservação (UCs) federais. Em relação a 2003, o total de UCs federais cresceu de 251 para 299 em 2007. A área protegida também aumentou (era de 552.713 km2 em 2003), elevando o percentual de área preservada, em nível federal, de 6,5% para 8,3% do território.

Já as UCs estaduais e municipais abrangem, exclusive as Áreas de Proteção Ambiental (APAs), porções de 367.000 km2e 35.000 km2, respectivamente.

Dentre os biomas, a Amazônia detém a maior área protegida, mais de 15% em unidades de conservação federais, dos quais 6,5% são unidades de proteção integral (que não permitem nem população habitando no local). A Caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro, e os Campos Sulinos são os que possuem menos unidades de conservação.

O bioma amazônico teve o maior aumento de área protegida entre 2003 e 2007 (145.873 km2), seguido pelas unidades de conservação marinhas (5.792 km2). Por outro lado, os biomas Pantanal e Caatinga não tiveram aumento em sua área protegida por unidades de conservação federais.

Já o número de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) passou, entre 2003 e 2006, de 366 para 429, um incremento de 4.119 km2em área protegida. O maior aumento, em termos territoriais, ocorreu no Pantanal (247 km2), embora numericamente tenham sido criadas mais RPPNs na Mata Atlântica (aumento de 17 km2).

Apreensão de mamíferos comercializados ilegalmente dobra entre 2000 e 2005

Embora em 2005 tenha havido uma diminuição das apreensões de animais brasileiros que seriam comercializados ilegalmente, 37.742 contra 44.719 em 1999/2000, mais que duplicou, nesse período, o número de mamíferos que deixaram de ser traficados, passando de 518 para 1.121. No caso dos répteis apreendidos, o aumento foi ainda maior: de 1.462 para 8.415. Em 2005, o número de animais apreendidos foi maior no Sudeste (18.096) e menor no Centro-Oeste (951).

O tráfico de animais silvestres é considerado o terceiro maior comércio ilegal do mundo, movimentando cerca de US$ 10 bilhões por ano. O Brasil está entre os principais fornecedores de animais, responsável por 10% do mercado mundial. Estima-se que anualmente o tráfico retire cerca de 38 milhões de animais da natureza. O Ibama avalia que 95% do comércio de animais silvestres brasileiros seja ilegal.

Dimensão social: melhorias importantes, embora desiguais, ameaçadas pela violência

Os 19 indicadores dessa seção correspondem aos objetivos ligados à satisfação das necessidades humanas, melhoria da qualidade de vida e justiça social e estão divididos nos temas população; trabalho e rendimento; saúde; educação; habitação e segurança.

Conforme vêm sistematicamente mostrando as pesquisas anuais do IBGE, o Brasil tem assistido a melhorias nas estatísticas de acesso a educação, trabalho, rendimento, mortalidade infantil, na adequação dos domicílios e em relação à situação das mulheres. Os ganhos ainda são modestos, porém, no que diz respeito às diferenças por cor ou raça e, de uma forma geral, se mostram bastante desiguais em sua distribuição pelo território, opondo um quadro melhor no Sudeste e Sul a um cenário ainda precário nas regiões Nordeste e Norte.

Além disso, o aumento da mortalidade por homicídios e acidentes de trânsito, sobretudo entre os homens é o que mais chama atenção negativamente.

Mortalidade por causas violentas afeta a qualidade de vida da população

Entre 1992 e 2004, houve um incremento em termos absolutos de 7,7 mortes por homicídios por 100 mil habitantes no país. Chama a atenção a situação da região Sudeste que, em 2004, apresentou a maior taxa de mortes por homicídios, 32,3 por 100 mil habitantes, mais elevada que a média do país (26,9 por 100 mil).

Também prossegue a grande diferença de homicídios entre os gêneros: 35,6 por 100 mil para os homens e 3,2 por 100 mil para as mulheres em 1992, contra 50,5 e 4,2 em 2004, respectivamente. Entre as unidades da federação, as maiores taxas, em 2004, couberam ao Rio de Janeiro (50,8), Pernambuco (50,1) e Espírito Santo (48,3).

Os acidentes de transporte são outro problema que cresce mundialmente a cada ano e afeta todos os grupos socioeconômicos, com maior freqüência os mais pobres, e implica custos elevados para o sistema de saúde. No Brasil, em 2004, os homens foram as principais vítimas, com 32,6 mortes por 100 mil habitantes, contra 7,2 por 100 mil de mulheres. As regiões Centro-Oeste (29,3) e Sul (27,0) apresentaram taxas superiores à média brasileira (19,6). Entre os estados, Santa Catarina (32,3), Paraná (31,0) e Goiás (30,1) apresentaram as maiores mortalidades por acidentes de transporte em 2004.

54% dos domicílios brasileiros são considerados adequados

A moradia adequada - com abastecimento de água por rede geral, esgotamento sanitário por rede coletora ou fossa séptica, coleta de lixo direta ou indireta e até dois moradores por dormitório - é uma das condições determinantes para qualidade de vida da população. Embora esse indicador tenha melhorado nos últimos anos, alcançando 54,0% dos domicílios particulares permanentes em 2006, ainda são acentuadas as diferenças regionais. Enquanto no Sudeste 70,0% dos domicílios são adequados, no Norte, a proporção cai para 23,7%. Entre as unidades da federação, as desigualdades também são marcantes. No Amapá, apenas 11,7% dos domicílios são adequados, enquanto em São Paulo esse percentual alcança 73,5%.

Internações ligadas à falta de saneamento apontam desigualdades regionais

Na investigação sobre as internações ocorridas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) motivadas por um grupo de doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado, como as diarréias, febre amarela, dengue, leptospirose, as micoses e outras, verificaram-se desigualdades regionais e intra-regionais, apesar da redução do número de internações em todo o país, que caiu de 732 pessoas por 100 mil habitantes, em 1993, para 327 pessoas em 2005. Ainda em 2005, enquanto na região Norte 694 pessoas por 100 mil habitantes foram internadas, no Sudeste chegou-se a 127 internações por 100 mil habitantes. Em relação aos estados, enquanto Acre (997 internações por 100mil) e Piauí (963 internações) alcançavam mais de 900 internações por 100 mil, São Paulo e Rio de Janeiro registravam 98 e 112 internações, respectivamente, por 100 mil habitantes.

Dimensão econômica: maior avanço traz benefícios, mas também alertas

Crescimento do PIB, menor grau de endividamento, balança comercial favorável, maior taxa de investimento, aumento da participação de fontes renováveis na matriz energética, crescimento da reciclagem são algumas das boas notícias reveladas pelos 12 indicadores que tratam do desempenho macroeconômico e financeiro do país e dos impactos no consumo de recursos materiais, na produção e gerenciamento de resíduos e uso de energia.

Organizados segundo os temas quadro econômico e padrões de produção e consumo, eles mostram, porém, que o gasto de energia voltou a crescer no país, que não há ainda locais de destinação definitivos para os resíduos nucleares e que o maior reaproveitamento do lixo domiciliar deve-se mais ao fato de ele ser fonte de rendimento para uma parte da população e menos à consciência ambiental voltada para a coleta seletiva e reciclagem.

Consumo de energia per capita volta a crescer de 2002 para 2006

O consumo final de energia per capita retomou o crescimento, passando de 45,5 GJ/hab (gigajoules por habitante) em 2002 para 49,1 GJ/hab em 2006, em decorrência da ampliação da capacidade de geração de energia, especialmente na geração térmica a gás natural – uma fonte energética que contribui para a elevação das emissões de gases de efeito estufa. Em 1992, o consumo per capita de energia no país era de 39,3 GJ/hab.

País ainda não tem depósitos definitivos para lixo radioativo

Apesar de produzir 13.775 m3 de resíduos radioativos, o Brasil ainda não tem, com exceção do depósito de Abadia de Goiás - que contém os rejeitos do acidente com césio-137, ocorrido em Goiânia, em 1987 -, depósitos finais para onde destinar esse material perigoso com segurança. Ainda se estuda o local ideal para a construção do depósito definitivo para os rejeitos das usinas de Angra I e II.

Os rejeitos radioativos produzidos no país são armazenados, temporariamente, no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo, no Instituto de Energia Nuclear (IEN), no Rio, e no Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), em Minas Gerais, todos ligados à Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear). O estado campeão na produção destes rejeitos é São Paulo, responsável por 36% do material que vai para os depósitos da Cnen, seguido por Rio de Janeiro (19%) e Bahia (18%).

Participação de fontes renováveis na matriz energética cresce de 41% para 45,1%

Após um período de redução quase contínua da participação das fontes renováveis na oferta de energia no Brasil, observou-se, entre 2002 e 2006, um aumento de 41% para 45,1% na sua participação relativa na matriz energética brasileira. Contribuíram para isso o crescimento nos quatro tipos de fontes de energias renováveis: hidráulica e eletricidade (14,0% para 14,8%), derivados da cana-de-açúcar (12,6% para 14,6%), lenha e carvão vegetal (11,9% para 12,6%) e outras fontes primárias renováveis (2,5% para 3,0%). Nesse período, a utilização de fontes não-renováveis decresceu de 59% para 54,9%, com quedas em todas estas fontes, exceto gás natural (7,5% para 9,6%).

Reciclagem de latas de alumínio passa de 50,0% em 1993 para 94,4% em 2006

O material mais reciclado no país em 2006 foram as latas de alumínio, com índice de 94,4%, devido ao alto valor de mercado da sucata de alumínio, associado ao elevado gasto de energia necessário para a produção de alumínio metálico (matéria-prima das latinhas). Em relação ao papel, vidro, embalagens PET e latas de aço, os índices de reciclagem ficaram em torno de 45% a 50%. Para as embalagens longa vida, cuja reciclagem é mais recente, os valores são mais baixos (cerca de 20%), embora também crescentes.

No período 1993-2006, o índice de reciclagem das latas de alumínio praticamente dobrou passando de 50,0% a 94,4%, enquanto a reciclagem do papel (de 38,8% para 45,4%) e do vidro (de 25% para 45,0%) cresceu em ritmo menos acelerado.
O aumento nos preços das matérias-primas e da energia, associado a legislações cada vez mais exigentes, deve fazer com que os índices de reciclagem de todos os materiais mantenham a tendência de crescimento no longo prazo.

Dimensão institucional: esforço ainda é incipiente

Os seis indicadores do IDS 2008 que dizem respeito à orientação política, capacidade e esforço despendido por governos e pela sociedade na implementação das mudanças requeridas para uma efetiva implementação do desenvolvimento sustentável mostram que, embora haja um esforço do poder público no sentido de ratificar tratados ambientais internacionais e melhorias importantes no acesso à telefonia e à internet, o quadro institucional ainda é incipiente.

O país investe pouco em Pesquisa e Desenvolvimento, e, apesar de os municípios serem os responsáveis pela maior fração dos investimentos em proteção ambiental, grande parte deles ainda não tem conselhos de meio ambiente – essenciais na estrutura da política ambiental nacional.

Gastos com P&D no Brasil não chegam a 1% do PIB

O IDS 2008 mostra que, respectivamente em 2000 e 2004, os investimentos nacionais em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) representavam 0,94% e 0,83% do Produto Interno Bruto do país, o que correspondia a R$ 11,1 bilhões em 2000 e a R$ 16,1 bilhões em 2004.

Os gastos com P&D em 2004 estava assim distribuídos: R$ 9.329,10 (0,48% do PIB) vinham do poder público; e R$ 6.217,30 (0,35% do PIB) eram gastos empresariais. Dentre os investimentos públicos, a maior parte (R$ 6.418,10) foi feito por órgãos federais; os estados responderam por R$ 2.911,00.

Municípios têm os maiores gastos proporcionais com a proteção ao meio ambiente

Entre 1996 e 2004, foi nos municípios que mais aumentaram, proporcionalmente, os gastos públicos com a proteção ao meio ambiente, passando de 0,4% para 1,1% do total das despesas municipais. No mesmo período, os gastos públicos federais com o meio ambiente mantiveram-se entre 03% e 0,4%, enquanto os estaduais variaram de 0,6% para 0,8%. Em números absolutos, no mesmo período, o total dos gastos públicos ambientais no país subiu de R$ 1,5 bilhão para R$ 2,6 bilhões.

Quase 67% das escolas de nível médio do país tinham acesso à internet em 2005

Como um sistema de disseminação de informações, a internet abre novas oportunidades de geração e/ou ampliação de conhecimento. Em geral, quanto mais amplo for o acesso à rede, maiores as possibilidades de a população ser mais bem informada, inclusive no que se refere às estratégias para o desenvolvimento sustentável, facilitando seu apoio e sua maior participação nas tomadas de decisão.

Em 2005, 13,7% dos domicílios brasileiros, 20% das escolas de ensino fundamental e 66,8% das de nível médio tinham acesso à internet. Em 2004, as maiores proporções de domicílios e escolas de ambos os níveis de ensino com acesso à internet eram encontradas no Sudeste (respectivamente 18,9%, 47,2% e 80,7%). São Paulo tinha o maior percentual de estabelecimentos de nível médio conectados à internet (97,5%), mas o Distrito Federal liderava em domicílios (28,6%) e escolas do nível fundamental (85,1%).

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1 Os dados dos IDS 2008 param em 2006, indicando, até aquele ano, diminuição no ritmo de derrubada de árvores, até porque não estão disponíveis ainda os dados oficiais de projeto Prodes, com as taxas de desmatamento da Amazônia. No entanto, informações recentes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e do Ministério do Meio Ambiente, advindas do projeto Deter (Detecção de Desmatamento em Tempo Real), indicam um novo aumento da área desmatada.

2 Constantes dos anexos do Protocolo de Montreal: clorofluorcabonos (CFCs), ácido tricloroacético (TCA), halons, tetracloreto de carbono (CTC), hidroclorofluorocarbonos (HCFCs), brometo de metila, entre outros.

3 O IQA é obtido a partir de uma fórmula matemática que usa como variáveis a temperatura, o pH, o oxigênio dissolvido, a demanda bioquímica de oxigênio, a quantidade d
e coliformes fecais, nitrogênio, fósforo e resíduos totais dissolvidos e a turbidez da água. Quanto maior o valor do IQA, melhor a qualidade da água.

Minc quer estender restrição de crédito agrícola a outros biomas 05.06.

05.06.08

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse ontem (04) que pretende negociar com o Conselho Monetário Nacional (CMN) a extensão da restrição de crédito para financiamento agrícola de propriedades irregulares para os biomas Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal. Para os municípios do bioma amazônico, a resolução do CMN entra em vigor a partir de 1° de julho.

“Não é admissível que quem desmatou o Cerrado, a Mata Atlântica e o Pantanal receba crédito fácil do governo. Brevemente vou propôr ao CMN resoluções equivalentes para os outros biomas. A Amazônia foi o primeiro por razões práticas”, afirmou durante discurso em evento de posse do novo presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Roberto Messias Franco.

O ministro afirmou que pretende fortalecer ações para “separar quem trabalha na legalidade e quem terá que responder à Polícia Federal e à Lei de Crimes Ambientais”, ao anunciar que a partir do próximo dia 15, os fiscais do Ibama vão exigir de siderúrgicas, madeireiras e frigoríficos informações sobre os fornecedores para garantir a criminalização da cadeia produtiva e punir quem utiliza matéria-prima obtida com exploração ilegal da floresta.

Minc também deu posse à nova secretária-executiva do ministério, Izabella Teixeira, e anunciou que a escolha do presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, responsável pela gestão de unidades de conservação, será feita por um “comitê de busca formado por cinco autoridades nacionais da ciência”. O grupo deverá elaborar uma lista quíntupla e analisar o plano de trabalho dos indicados antes de definir o novo titular do órgão.
Fonte: Luana Lourenço, repórter da Agência Brasil

Governo cede à pressão dos arrozeiros e leiloa apenas 50 mil toneladas este mês para que preços não baixem 05.06.08

05.06.08

Os produtores de arroz acertaram um acordo ontem (04) em que o governo se compromete a realizar apenas um leilão do produto dos estoques reguladores este mês de 50 mil toneladas. Os produtores pediram ainda que o preço de abertura da saca de 50 quilos passe dos R$ 28 para R$ 30.

A informação foi dada pelo deputado Luis Carlos Heinze, membro da Comissão de Agricultura da Câmara, e quem intermediou o encontro dos arrozeiros com o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, esta tarde.

De acordo com o deputado, ficou também acertado que depois do leilão será marcada uma nova reunião para decidir sobre novos leilões de arroz.

Em maio, os leilões foram realizados semanalmente. Depois da realização de quatro leilões consecutivos, o governo não ofertou o grão nesta semana, e até o momento não abriu edital para um próximo leilão. Ao todo, foram negociadas no mês de maio cerca de 270 mil toneladas de arroz.

Os leilões começaram depois de uma alta no preço do produto, que chegou a 40% somente no mês de abril. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), depois dos leilões, os preços pararam de subir, e entre os dias 20 e 30 de maio caíram cerca de 3%.
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil

FAO tem apenas US$ 17 milhões dos US$ 1,7 bilhão necessários para combater crise mundial dos alimentos 05.06.08

05.06.08

Roma - Como forma de tentar combater a crise dos alimentos no mundo, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) anunciou ontem (04) que vai destinar até 2009 US$ 17 milhões aos países mais pobres que sofrem com o problema.

O fundo é uma ação de emergência da FAO e será destinado à compra de sementes e de fertilizantes, à melhoria de sistemas de irrigação e infra-estrutura e a aquisição de outros equipamentos necessários para desenvolver a agricultura em países africanos. A FAO estima, no entanto, que são necessários pelo menos US$ 1,7 bilhão até 2009 para que o problema alimentar seja reduzido com mais eficácia nessas regiões.

Alguns países também anunciam ajuda àqueles que enfrentam mais duramente a crise dos alimentos. Na abertura da conferência da FAO, terça-feira (03), o presidente francês, Nicolas Sarcozy, assumiu o compromisso de colaborar com US$ 1,5 bilhão nos próximos cinco anos para países africanos.

O Banco Mundial também anunciou a destinação de US$ 1,2 bilhão para a crise alimentar. O presidente da instituição, Robert Zoellick, disse no plenário da Conferência da FAO que fará da crise alimentar uma das prioridades na reunião do G 8 (grupo que reúne os sete países mais ricos do mundo – Estados Unidos, Canadá, Japão, Grã-Bretanha, França, Alemanha e Itália – e a Rússia), marcada para julho.

"Na reunião do G 8 vamos coordenar políticas internacionais para transformar a grande demanda por comida em uma oportunidade para o desenvolvimento dos países". Segundo ele, haverá o incentivo aos pequenos agricultores e o investimento em pesquisa.

Zoellick ainda pediu a conclusão da Rodada Doha, para que lentamente se possa corrigir as distorções entre os subsídios agrícolas e as tarifas.
Fonte: Priscilla Mazenotti, enviada especial, Agência Brasil

Brasil precisa avançar na preservação de rios e no combate ao tráfico de animais, diz IBGE 05.06.08

05.06.08


A qualidade das águas dos rios brasileiros está longe de alcançar patamares ideais. O diagnóstico é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e consta da terceira edição do relatório dos Indicadores de Desenvolvimento Sustentável 2008 (IDS 2008), divulgado hoje (4). De acordo com o levantamento, nenhum rio ou represa do país alcançou a classificação ótima no Índice de Qualidade da Água (IQA).

O IDS analisou 23 indicadores divididos nos temas atmosfera, terra, água doce, oceanos, mares e áreas costeiras, biodiversidade e saneamento. Segundo o IBGE, os resultados do levantamento referentes à área ambiental apresentam os indicadores mais negativos ou em evolução lenta.

Os resultados mais preocupantes em relação à qualidade da água, segundo o IBGE, foram registrados no Rio Tietê, em São Paulo, Rio Iguaçu, na região metropolitana de Curitiba (PR), e Rio das Velhas, que corta Belo Horizonte. A situação também é crítica na bacia do Paraguaçu, que banha a região do Recôncavo Baiano e no Rio Ipojuca, em Pernambuco.

De acordo com o IBGE, a contaminação por resíduos domésticos e industriais já começa a provocar escassez de disponibilidade de água de qualidade mesmo em áreas com abundância de recursos hídricos.

Outro resultado que aponta para a necessidade de acelerar as políticas ambientais no país é o aumento do número de espécies ameaçadas de extinção e o avanço de registro de animais comercializados ilegalmente, apontados pelo IBGE.

Entre 1989 e 2004, o número de espécies ameaçadas de extinção no Brasil saltou de para 398 para 627. Segundo o IBGE, os grupos que apresentam maior número de espécies ameaçadas são as aves, os peixes de água doce e os insetos, com 160, 142 e 96 espécies, respectivamente.

Em relação ao tráfico de animais, o IBGE calcula que, anualmente, 38 milhões de animais são comercializados internacionalmente e o Brasil é um dos principais fornecedores, responsável por 10% do mercado. Em 2005, mais de 37 mil animais que seriam comercializados ilegalmente dentro e fora do país foram apreendidos, mais que o dobro do número registrado em 2000.
Fonte: Luana Lourenço, repórter da Agência Brasil

'Dedos que apontam contra biocombustíveis estão sujos de óleo e carvão' 04.06.08

04.06.08

, diz Luiz Inácio.

Ban Ki-Moon alerta que produção mundial de alimentos precisa crescer 50% até 2030

Roma (Itália) - A produção mundial de alimentos precisa aumentar em 50% até o ano de 2030 para atender a demanda da população em crescimento. O apelo foi feito ontem (03) pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, no discurso de abertura da Conferência de Alto Nível sobre a Segurança Alimentar Mundial da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

"Antes dessa crise dos alimentos, mais de 850 milhões de pessoas no mundo passavam fome. O Banco Mundial estima que esse número ainda pode crescer mais 100 milhões", alertou, acrescentando que a “crise nos permite uma oportunidade, uma chance, de revisar as políticas passadas".

A conferência da FAO foi aberta ontem (03), e até quinta-feira (5) mais de 30 chefes de Estado discutem os biocombustíveis, as mudanças climáticas e a segurança alimentar.

Em conferência da FAO, presidente brasileiro voltou a pedir revisão da Rodada de Doha.

Em discurso na Conferência das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), ontem (03) em Roma, o presidente Luiz Inácio da Silva voltou a defender a produção brasileira de etanol e criticou os países que atribuem ao Brasil e às plantações de cana-de-açúcar a responsabilidade pela crise nos alimentos no mundo.

"Esse comportamento não é neutro nem desinteressado. Os biocombustíveis não são os vilões. Vejo com indignação que muitos dos dedos que apontam contra a energia limpa dos biocombustíveis estão sujos de óleo e carvão. Muitos dos que responsabilizam o etanol – inclusive o etanol da cana-de-açúcar – pelo alto preço dos alimentos são os mesmos que há décadas mantêm políticas protecionistas, em prejuízo dos agricultores dos países mais pobres e dos consumidores de todo o mundo", criticou o presidente.

'Etanol é como colesterol'

O Presidente do Brasil selecionou fatos para responder às acusações de que o programa de etanol brasileiro diminuiu a produção de grãos e pode invadir as áreas de mata da Amazônia. Lembrou dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, para não usar dados brasileiros, mostrando que toda a cana-de-açúcar brasileira está concentrada em apenas 2% da sua área agrícola e apenas a metade disse é usado para etanol. O restante é usado em açúcar.

Luiz Inácio, no entanto, se uniu às críticas ao etanol americano, feito de milho, e que tem sido apontado como o possível maior vilão da alta de preços, já que tem sido desviado da produção alimentar para os combustíveis. "É evidente que o etanol do milho só consegue competir com o etanol de cana quando é anabolizado por subsídios e protegido por barreiras tarifárias", disse.

"O etanol da cana gera 8,3 vezes mais energia renovável do que a energia fóssil empregada na sua produção. Já o etanol do milho gera apenas uma vez e meia a energia que consome. É por isso que há quem diga que o etanol é como o colesterol. Há o bom etanol e o mau etanol. O bom etanol ajuda a despoluir o planeta e é competitivo. O mau etanol depende das gorduras dos subsídios".

Petróleo pesa muito na produção agrícola

Luiz Inácio também disse que considera que entre os fatores que influenciam a alta espetacular dos preços dos alimentos está o elevado preço do petróleo, que passou de US$ 30 a US$ 130 em pouco tempo.

O presidente reclamou daqueles que falam da alta dos alimentos, mas não discutem o preço do petróleo, que seria responsável por 30% do custo final da produção de alimentos no Brasil. "O petróleo pesa muito no custo das lavouras brasileiras. Aí, eu me pergunto: e quanto não pesa o petróleo no custo de produção de alimentos de outros países que dele dependem muito mais do que nós?".

"É curioso: são poucos os que mencionam o impacto negativo do aumento dos preços do petróleo sobre os custos de produção e transporte dos alimentos", disse.

Ele voltou a pedir a revisão da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) que "permita aos países mais pobres gerar renda com sua produção e exportação".

Fontes: Priscilla Mazenotti, Enviada especial, Agência Brasil, informações da France Presse e da Agência Estado, no portal G1, com o Observatório

Banco Mundial faz coro com Luiz Inácio e pede abertura de mercados a etanol de cana 04.06.08

04.06.08

"A produção de comida tem que dobrar nos próximos 30 anos", disse Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial


O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, defendeu ontem (3) a abertura dos mercados internacionais para o etanol produzido a partir de cana-de-açúcar, como é caso do produto brasileiro, como uma das medidas para conter a crise global provocada pela alta nos preços dos alimentos. Reforçou, assim, a posição brasileira.

O presidente do Bird defendeu também a redução de subsídios e tarifas para os biocombustíveis a partir do milho e de sementes oleaginosas, especialmente enquanto os preços desses produtos continuarem subindo nos mercados internacionais, com o objetivo de deter a carestia.

"A produção de comida tem que dobrar nos próximos 30 anos", disse Zoellick em discurso preparado para a cúpula sobre segurança alimentar que acontece em Roma.

"Isso significa (...) abrir mercados para combustíveis a base de açúcar, que não competem diretamente com a comida, incluindo da África", acrescentou.

Zoellick também citou a importância de se chegar a uma conclusão na Rodada de Doha na Organização Mundial de Comércio (OMC), que busca liberalizar o comércio agrícola mundial, "eliminando gradualmente amplas distorções provocadas por subsídios e tarifas", como defendem os países como o Brasil.
Fonte: Reuters, reportagem de Adriana Garcia, portal G1, com o Observatório

Mercosul em ação: grupos argentinos compram terras para soja no Mato Grosso 04.06.08

04.06.08

Com a alta dos grãos, muitos produtores estão com planos de expansão de olho no mercado internacional de commodities. No caso dos agricultores argentinos esse fator está comprometido em razão dos altos impostos aplicados às vendas externas.

Mesmo com a mudança na taxa de exportação de grãos, anunciada pela presidente Cristina Kirchner na última quinta-feira, que reduz os impostos quando a cotação do grão ultrapassa US$ 600 por tonelada, a expectativa de analistas do mercado é a de a aquisição de terras no Brasil continue atraindo investimentos de grupos do país vizinho.

"O Brasil é o país com as melhores condições para a ampliar a produção e a tendência, no curto prazo, é um grande investimento no setor de alimentos. A aquisição de terras no País deve aumentar ainda mais nesse contexto", avalia André Diz, economista da Sociedade Rural Brasileira (SRB).

Sojeiros de MT vendem terras e compram outras menos valorizadas na fronteira agrícola
Comentário do editor:

O processo de venda de terras valorizadas, por já contarem com infra-estrutura razoável, vem desde a migração dos gaúchos e paranaenses para o Cerrado, na década dos 70 do século passado. Vende-se um hectare para comprar pelo menos 10 hectares com o mesmo dinheiro na fronteira agricola, cada vez mais ao norte.

Argentinos já estão aqui

Terceiro maior exportador de soja, atrás apenas dos Estados Unidos e Brasil, e cerca de 50% das áreas agricultáveis dedicadas a essa cultura, os produtores argentinos buscam meios de continuar atendendo a demanda internacional. Simultâneo a esse movimento está o endividamento dos produtores de soja do estado do Mato Grosso (MT). Um número significativo de agricultores está vendendo suas terras para grandes grupos e deixando essa atividade.

"Mesmo com a renegociação da dívida agrícola pelo governo o endividamento privado no estado chega engloba 9 mil produtores. Eles estão devendo para tradings e multinacionais", afirmou Glauber Silveira, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso (Aprosoja).

De acordo com a entidade, nos últimos três anos o número de sojicultores na região diminuiu cerca de 20%. Sem conseguir cobrir os custos de produção, esses agricultores tornaram-se suscetíveis às ofertas de grandes investidores e empresas.

Em contrapartida, companhias de capital nacional, como a SLC Agrícola, e grupos estrangeiros, principalmente da Argentina, expandem suas áreas no estado. "A maioria é de produtores do Sul do País, grandes empresas como a SLC e grupos de investimentos em terras agrícolas com capital estrangeiro por trás, como a El Tejar", disse Silveira.

Com escritórios nos municípios de Cuiabá e Primavera do Leste, o grupo El Tejar, um dos três maiores produtores de soja da Argentina, deve colher no Brasil cerca de 200 mil toneladas de grãos em 2008. Em três anos a empresa dobrou a lavoura de soja no País e nessa safra deve chegar a quase 20 mil hectares. Segundo Silveira, a venda de terras agrícolas no MT para companhias argentinas começou com mais força na safra 2005/2006, no auge da crise dos grãos, mas este ano também está ocorrendo muitas negociações.

"Muita gente estava resistindo, esperando uma grande renegociação (da dívida agrícola), o que no nosso entendimento não aconteceu. Muitos produtores estão estrangulados e este ano será decisivo nesse processo", avaliou. Isso se deve especialmente à dificuldade para aquisição dos fertilizantes que pode chegar a US$ 500 por hectare, de acordo com Silveira. "Em 2004, o nosso custo de produção era de cerca de US$ 300 por hectare e agora está em US$ 1 mil por hectare", disse.

O grupo Los Grobo se prepara agora para se estabelecer no Brasil. Considerado o maior produtor argentino, com um faturamento da ordem de US$ 400 milhões por ano, a companhia terá como sócios nos empreendimentos no País a brasileira PCP, empresa de participações dos ex-sócios do UBS Pactual. Os aportes no Brasil serão focados no cultivo de milho e soja e um investimento no Mato Grosso já é quase certo. Vale lembrar que a Advocacia Geral da União (AGU) está elaborando um parecer para limitar a compra de terras brasileiras por estrangeiros.
Fonte: DCI, com o Observatório

Produtores querem cancelar leilões de arroz para evitar queda de preço 04.06.08

04.06.08

O deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS) informou ontem (03) que representantes dos produtores de arroz vão pedir hoje ao governo, durante reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Arroz, o cancelamento dos leilões previstos para as próximas semanas. "O setor quer o cancelamento de todos os leilões previstos para este mês e concorda com a realização de duas vendas de 50 mil toneladas em julho", afirmou o parlamentar. Ele disse que os produtores estão preocupados com a intervenção governamental no mercado e por isso apresentará um proposta ao ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes.

Segundo Heinze, os pregões estão prejudicando os rizicultores. Ele argumenta que o aumento do preço dos adubos e defensivos já compromete o cultivo da nova lavoura. "O governo intervém no mercado do arroz, mas não faz nada para conter a alta desenfreada dos insumos". Segundo ele, a uréia, que é produzida pela Petrobras, passou de US$ 335 a tonelada em dezembro de 2007, para US$ 700 em maio deste ano. "Mais de 108% de acréscimo em cinco meses em produto nacional. A média de variação dos outros insumos chega a 170%. Até mesmo o preço das máquinas está aumentando e o governo penaliza o produtor", afirmou.

Outro ponto de discussão é o estoque do governo. A cadeia produtiva teme que com as constantes vendas de arroz o governo não tenha grãos no ano que vem. "A ânsia de conter alta dos preços do produto devido ao mercado internacional, pode comprometer o poder do governo de regular o mercado no próximo ano", completou.
Fonte: Fabíola Salvador, Agência Estado

Rússia libera importação de carne bovina in natura de Mato Grosso 04.06.08

04.06.08

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) recebeu ontem (3), comunicado do Serviço Federal de Supervisão Veterinária e Fitossanitária da Rússia retirando as restrições temporárias, aplicadas às importações de carne bovina in natura e produtos crus de carne bovina, produzidos a partir de 26 de maio de 2008, em Mato Grosso, com exceção do município de Cocalinho/MT.

O serviço veterinário russo havia adotado a restrição para todo Mato Grosso em decorrência do registro de um foco de estomatite vesicular em Cocalinho, em 15 de fevereiro deste ano. A medida teve como base o Certificado Sanitário Internacional para aquele mercado, no qual são exigidos 12 meses de não ocorrência da doença no estado de origem do produto.

No dia 24 de abril, o Mapa solicitou às autoridades russas a revisão da medida para limitar a restrição apenas ao município envolvido. A partir de hoje, o Estado volta exportar carne bovina in natura e produtos crus de carne bovina para aquele mercado.

“A flexibilidade obtida representa um importante avanço na relação com esse mercado. Ao atender nosso pleito, autoridades sanitárias da Rússia demonstram que estão adotando, cada vez mais, critérios e conceitos recomendados e reconhecidos internacionalmente”, enfatizou o secretário de Defesa Agropecuária, Inácio Kroetz.

Valor das exportações - As exportações de carne bovina in natura para a Rússia corresponderam, em 2007, a 27,8% do total do valor exportado pelo Brasil, que foi de US$ 3,5 bilhões. Nos três primeiros meses deste ano, a venda do produto para aquele país somou mais de US$ 233 milhões, sendo que a exportação total do agronegócio brasileiro para o mercado russo totalizou US$ 675,5 milhões.
Fonte: Assessoria de Imprensa do Mapa

Ruralistas argentinos prolongam locaute até 2ª-feira 04.06.08

04.06.08

Buenos Aires - As lideranças das quatro maiores associações agropecuárias da Argentina anunciaram o prolongamento, até a próxima segunda-feira, do locaute que realizam desde meados da semana passada. A paralisação das atividades, em protesto contra a política do governo da presidente Cristina Kirchner com o setor, será acompanhada de uma campanha para reunir mais de um milhão de assinaturas para um abaixo-assinado. O documento será encaminhado ao Parlamento para solicitar o fim dos aumentos que o governo aplica sobre as exportações de produtos agropecuários, os quais, segundo os agricultores, levarão o setor à ruína.

Os produtores, determinados a desafiar o governo Cristina, ressaltaram que estão dispostos a prolongar o locaute para conseguir seus objetivos. O líder da Federação Agrária, Eduardo Buzzi, deu o tom do clima de escalada: "Vamos continuar os protestos durante o tempo que for necessário!". O vice-presidente da Sociedade Rural, Hugo Biolcati, avaliou: "Este conflito vai longe".

Os produtores exigem que o governo revogue os aumentos sobre os impostos aplicados às exportações agropecuárias e o fim das restrições das vendas ao exterior de carne bovina e trigo. O governo, porém, está determinado a persistir em suas medidas. O Ministro do Interior, Florencio Randazzo, declarou hoje que o governo "não vai ceder". Randazzo desafiou os ruralistas: "Se eles querem mudar o modelo econômico, que se apresentem às próximas eleições".

Neste novo prolongamento do locaute continua em vigência a paralisação da venda de cereais e oleaginosas. Mas os produtores normalizaram a comercialização de gado para evitar o desabastecimento de carne, elemento fundamental do cardápio diário dos argentinos.
Fonte: Ariel Palacios, Agência Estado

Minc diz que vai pegar “boi pirata” na Amazônia 03.06.08

03.06.08

Uma das apostas do governo federal para conter o desmatamento na Amazônia é a apreensão de gado em propriedades ilegais, informou ontem (02) o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. A iniciativa será adotada a partir de 15 de junho por agentes ambientais apoiados por forças policiais.

“Nós vamos começar a apreender gado, o boi pirata, o que não foi feito ainda. Faremos isso em área ilegal, que não está regularizada do ponto de vista ambiental ou fundiário”, explicou Minc.
Fonte: Marco Antônio Soalheiro, repórter da Agência Brasil

Comentário do Editor: aviso prévio e lembrança de Funaro

Parece que todos já esqueceram o Plano Cruzado e o Ministério da Fazenda, com o ministro Dilson Funaro, apreendendo boi no pasto para combater a escassez de oferta e boicote dos produtores.

Acho que ninguém parou para pensar nessa operação, que não tem logística fácil, e que duas semanas dá para que parte dos bois ilegais seja vendida ou escondida, mudada de lugar, etc. Lembrando mais uma vez Chico Buarque e seu conselho ao Presidente: está faltando aquele assessor do "vai dar m....".

Idéias & ações

A idéia é que os animais apreendidos sejam encaminhados a frigoríficos para destinação ao Programa Fome Zero. “Existe um acordo de cooperação. Vai servir para diminuir o desmatamento e alimentar alguém que precisa”, frisou o ministro do Meio Ambiente.

Minc disse ter recebido do ministro da Justiça, Tarso Genro, a confirmação de que 500 homens especializados em ações ambientais serão disponibilizados para atuar em parceria com os fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Outra medida anunciada por Minc é uma determinação para que o Ibama faça o monitoramento das cadeias produtivas. O órgão vai notificar siderúrgicas, frigoríficos, madeireiras e agropecuárias que terão de entregar ao Ibama uma relação com todos os seus fornecedores, conforme previsto na Lei 10.650, de 2003. Empresas que compram material de área embargada ou ilegal devem ser responsabilizadas. “Hoje os grandes compram de pequenos na ilegalidade e lavam as mãos em águas poluídas. A partir de agora, também vão ter que ser fiscais”, ressaltou Minc.

O ministro também avaliou que os indícios de aumento do desmatamento na Amazônia, identificados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espacias (Inpe), se devem em parte ao fato de medidas de combate anunciadas anteriormente pelo governo ainda não terem surtido efeito. Um exemplo é o embargo de áreas em 36 municípios prioritários, que começou a ser feito apenas em maio, enquanto os dados mais recentes do Inpe são de abril.

Minc lembrou que partir de 1º de julho estará proibida a concessão de financiamento agrícola para quem não cumpre critérios ambientais, conforme resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN). Citou também incentivos que o governo pretende oferecer para estimular a preservação e recuperação de áreas. Serão R$ 136 milhões para apoio ao extrativismo, somados à garantia de preço mínimo para produtos florestais, e R$ 1 bilhão para recomposição de reservas legais na Amazônia.

Desmatamento chega a 17% da Amazônia Legal, segundo Inpe

O aumento na área desmatada na Amazônia Legal passou de 4.974 quilômetros quadrados, entre 2006 e 2007, para 5.850 quilômetros quadrados de agosto de 2007 até o mês de abril de 2008, o que chamou a atenção dos pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Isso porque, nos últimos três anos, o ritmo de desmatamento na região vinha diminuindo.

Segundo dados apresentados ontem (2) pelo diretor do Inpe, Gilberto Câmara, até agora 17% da cobertura original da floresta já foram desmatadas, totalizando cerca de 700 mil quilômetros quadrados, dos quais 300 mil quilômetros quadrados desmatados só nos últimos vinte anos. Além disso, a cada dez segundos, de acordo com o diretor, é desmatada uma área equivalente a um campo de futebol, na Amazônia. No cômputo geral, as áreas mais devastadas são o estado de Rondônia, o nordeste de Mato Grosso e o leste do Pará.

Mato Grosso foi responsável por 70% do desmatamento da Amazônia em abril, diz Inpe

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) informou ontem (2) que 1.123 quilômetros quadrados da Floresta Amazônica sofreram corte raso ou degradação progressiva durante o último mês de abril.

Desse total, 794 quilômetros quadrados foram devastados somente no Estado do Mato Grosso. Os dados foram colhidos pelo sistema Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter).

Em março, o mesmo sistema havia registrado destruição de 112 quilômetros quadrados de floresta no referido Estado do Centro-Oeste, mas naquele mês 69% do Mato Grosso não pôde ser observado pelos satélites, por causa da presença de nuvens. Em abril, a visibilidade aumentou, pois apenas 14% do Estado permaneceu encoberto.

O segundo estado em área desmatada no mês de abril foi Roraima, com 284,8 quilômetros quadrados com corte raso ou degradação, seguido por Rondônia, com 34,6 quilômetros quadrados devastados no último mês.

Neste último, a cobertura de nuvens que cobria 96% da área do Estado em março, quando ele sequer apareceu entre os cinco com a maior área desmatada, caiu para 5% em abril.

O Deter apura apenas desmatamentos com área maior que 25 hectares, por conta da resolução dos sensores espaciais. Entretanto, devido à cobertura de nuvens, nem todos os desmatamentos maiores que 25 hectares são identificados pelo sistema.
Fontes: Ana Luiza Zenker e Marco Antônio Soalheiro, repórteres da Agência Brasil, com o Observatório

Exportações de soja crescem 41% em peso e 60% em valor em maio 08 sobre maio 07 03.06.08

03.06.08

Balança comercial brasileira registra valores recordes

As exportações do mês de maio de 2008 registraram recorde histórico em valor e média mensal, com US$ 19,306 bilhões em vendas e média diária de US$ 965,3 milhões. As exportações cresceram 55,6% em relação ao mesmo período do ano passado, pela média diária. Pelo mesmo critério, as importações no mês também apresentaram números históricos tanto no valor, US$ 15,229 bilhões, quanto na média diária mensal, de US$ 761,5 milhões, com crescimento de 71,0% sobre as compras de maio de 2007.

No mês, destacaram-se o aumento das quantidades exportadas dos seguintes produtos, na comparação com maio de 2007: petróleo (+197%), algodão (+132%), celulose (+113%), minério de ferro (+56%), soja em grão (+41%). Além do aumento das quantidades embarcadas, os produtos da pauta de exportação que apresentaram maior elevação de preços, na comparação de maio de 2008 com maio de 2007, foram óleo de soja em bruto (+87,1%), petróleo (+77,8%), farelo de soja (+66,2%), soja em grão (+59,9%), e óleos combustíveis (+58,8%).

Como resultante, a corrente de comércio (soma das exportações e das importações) e o saldo (exportações menos importações) também foram recordes, no período. A corrente de comércio alcançou US$ 34,535 bilhões, com média diária de US$ 1,727 bilhão. O número representa crescimento de 62,1% em comparação a igual período do ano anterior. O saldo comercial do mês (recorde para meses de maio, embora com recuperação de registros feitos no mês passado) totalizou US$ 4,077 bilhões, valor 16,4% superior ao obtido em maio de 2007.

Esse resultado do mês reflete principalmente a regularização de exportações e importações no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), em razão da suspensão da paralisação dos fiscais aduaneiros, no dia 12 de maio. Também influenciou o fato de os meses de maio tradicionalmente apresentarem movimentos de exportação e importação acima da média verificada nos meses de janeiro a abril.

Exportação

No mês, as três categorias de produtos registraram valores recordes para meses de maio, com exportações de básicos no valor de US$ 8,359 bilhões, manufaturados, de US$ 7,861 bilhões e semimanufaturados, de US$ 2,603 bilhões. No comparativo com maio do ano passado, o crescimento foi de 110,2% para os básicos, 53,1% para semimanufaturados e 21,0% para manufaturados.

No grupo dos básicos, os maiores aumentos ocorreram nas vendas de petróleo em bruto (+274,4%), com US$ 1,9 bilhão exportado; minério de cobre (+175,0%), com US$ 145 milhões em vendas, e soja em grão (+147,8%), com US$ 1,9 bilhão de compras internacionais. Entre os semimanufaturados, os maiores crescimentos foram nas vendas de celulose (+191,6%), com US$ 615 milhões em vendas; ferro-ligas (+137,4%), com US$ 246 milhões exportados, e ferro fundido (+60,5%), com vendas ao exterior de US$ 251 milhões.

Os produtos manufaturados que se destacaram em vendas foram óxidos e hidróxidos de alumínio (+140,1%), com US$ 203 milhões exportados; óleos combustíveis (+97,1%), com US$ 301 milhões em vendas para o exterior; álcool etílico (+65,0%), com US$ 183 milhões exportados, seguidos de aviões e de autopeças (+54,9%) e (+24,1%), com US$ 383 milhões e US$ 326 milhões exportados, respectivamente.

Os principais mercados compradores, por países, no período de maio do ano passado a maio deste ano, foram: Estados Unidos (US$ 2,627 bilhões), China (US$ 2,308 bilhões), Argentina (US$ 1,637 bilhão), Países Baixos (US$ 1,129 bilhão e Alemanha (US$ 729 milhões).

Importação

No mês, as importações de todas as categorias de produtos cresceram em relação a maio de 2007, com destaques para produtos como combustíveis e lubrificantes (+142,9%), matérias-primas e intermediários (+61,1%), bens de capital (+59,3%) e bens de consumo (+46,4%). No grupo dos combustíveis e lubrificantes, a elevação ocorreu, principalmente, pelo aumento dos gastos com petróleo, óleos combustíveis e gás natural, pela elevação dos preços internacionais, e pela maior quantidade importada em relação a maio de 2007.

Com relação a bens de capital, os maiores itens importados foram maquinaria industrial, máquinas e aparelhos para escritório e científico, e partes e peças para bens de capital. No segmento de matérias-primas e intermediários, elevaram-se as aquisições de produtos minerais, produtos químicos e farmacêuticos, acessórios de equipamentos de transporte, produtos agropecuários não alimentícios, partes e peças de produtos intermediários e alimentícios primários.

No segmento bens de consumo, os principais crescimentos foram observados nas importações de automóveis de passageiros, com aumento de 123,5% originários da Argentina, Coréia do Sul e México, máquinas e aparelhos para uso doméstico, móveis, produtos alimentícios e vestuário. Por mercados fornecedores, na comparação com maio do ano passado, os principais países foram Estados Unidos (US$ 2,129 bilhões), China (US$ 1,608 bilhão), Argentina (US$ 1,063 bilhão), Alemanha (US$ 1,050 bilhão), e Nigéria (US$ 865 milhões).

Acumulado em 2008 cresce 22% sobre mesmo período de 2007

No acumulado do ano, as exportações somaram US$ 72,054 bilhões, valor recorde histórico para o período. Em iguais meses de 2007, as exportações cresceram 22,2% em média diária, e as importações atingiram US$ 63,399 bilhões, cifra recorde para o acumulado do ano, com elevação de 49,2% em relação à igual período, pela média diária.

O saldo comercial nos primeiros cinco meses totalizou US$ 8,655 bilhões, contra US$ 16,758 bilhões registrados em igual período de 2007; e a corrente de comércio acumulou US$ 135,453 bilhões, também recorde histórico para o período, com aumento de 33,5% sobre iguais meses do ano anterior, pela média diária.

Fonte: Alice Rosas Maciel, Assessoria de Comunicação Social do MDIC, com o Observatório

Fiesp defende que agricultor que preserva floresta seja recompensado 03.06.08

03.06.08

Representantes da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) afirmaram ontem (2), em debate sobre meio ambiente realizado na sede da entidade, que a preservação das reservas florestais do país seria mais eficiente caso os agricultores fossem recompensados pela manutenção dessas áreas.

De acordo com eles, os produtores rurais têm hoje dois papéis, gerar alimentos e riquezas e ainda preservar as reservas legais de sua propriedade. Para os empresários, os agricultores precisam ser remunerados por ambas as funções.

"A agricultura tem, sim, que ser sustentável, mas, antes de tudo, precisa gerar lucro. Ela é um negócio”, disse o integrante do Conselho Superior de Meio Ambiente da Fiesp, José Roberto da Ros. Segundo ele, é difícil um produtor rural da Amazônia se manter cultivando em somente 20% de sua propriedade. Esse é o percentual que pode ser desmatado, segundo a legislação vigente, sem receber nada pela área que ajuda a conservar. Para Ros, políticas governamentais teriam de recompensar esse agricultor.

O vice-presidente e diretor titular do Departamento de Meio Ambiente da Fiesp, Nelson Pereira dos Reis, reiterou a crítica e disse que faltam iniciativas do governo. “As áreas já degradadas no país dariam para plantar muita soja e produzir muito etanol”, disse Reis.

Ele rebateu os argumentos de ambientalistas de que a crescente demanda por soja e etanol seja o motivo da expansão da fronteira agrícola nacional, principalmente, em direção à Amazônia. Reis afirmou ainda que o Brasil não precisa desmatar para aumentar sua produção.
Fonte: Vinicius Konchinski, repórter da Agência Brasil

Diretor da Conab diz que crise aumenta importância da agricultura familiar 02.06.08

02.06.08

Com a crise mundial dos alimentos, a criação de uma base agroecológica se torna fundamental para diminuir a dependência de insumos agrícolas, e as unidades de agricultura familiar são as que melhor se adaptam a ela. A avaliação é do diretor da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Sílvio Porto, e foi feita em entrevista à Agência Brasil. Ele defendeu o fortalecimento da agricultura familiar.

“As unidades de agricultura familiar se adaptam melhor a uma perspectiva agroecológica exatamente porque elas utilizam a sua mão-de-obra, produzem em pequena escala, dialogam melhor com os aspectos do ambiente e, portanto, acho que essa seria uma boa estratégia no sentido da inclusão social, dos aspectos ambientais e, principalmente, de uma resposta a esse modelo em que está colocada hoje a crise dos alimentos”, afirmou.

Sílvio Porto, que é diretor de Logística e Gestão Empresarial, disse que já existem várias experiências no Brasil e no exterior que demonstram a viabilidade de se produzir, em escala significativa, com menos dependência de insumos agrícolas. Para que esses exemplos sejam expandidos, ele considera fundamental o avanço da ciência, com mais investimentos em pesquisas, “principalmente para menor uso de fertilizantes, sobretudo com uma base agroecológica, que permita dialogar mais com os aspectos naturais.”

Segundo Porto, houve uma concentração muito grande na mão de poucas empresas, que hoje detêm o poder econômico, em relação aos fertilizantes e às sementes, e, conseqüentemente, à produção de alimentos. “Isso gera uma enorme vulnerabilidade em relação à perspectiva de conseguirmos, de fato, uma soberania alimentar nos países da América Latina, África e Ásia.”

Ao mesmo tempo, reduziu-se a agrobiodiversidade, ou seja, a produção mundial prioriza poucos produtos agrícolas. Nesse modelo, quando ocorre algum problema, como a quebra de safra em alguma região, as conseqüências alcançam dimensões globais.

Além da produção, o diretor da Conab ressaltou na entrevista a concentração mundial que existe na distribuição e comercialização de alimentos, o que também acontece no país. “No caso do Brasil, hoje nós temos três empresas que representam mais de 40% do comércio de alimentos em nível dos consumidores.”
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil

Usinas de açúcar e álcool são as empresas mais multadas por poluição em SP 02.06.08

02.06.08

Setor joga fora grande potencial energético do vinhoto

Levantamento da Folha de São Paulo revela que setor foi multado em R$ 7,8 milhões em 16 meses


O setor sucroalcooleiro lidera o ranking do valor de multas aplicadas pelo governo de São Paulo por poluição ou desrespeito à legislação ambiental entre todas as áreas da indústria, segundo dados da Cetesb (Companhia Tecnológica de Saneamento Ambiental). Foram 102 autuações aplicadas a usinas, em 16 meses (de janeiro de 2007 a abril de 2008), que somam R$ 7,88 milhões, conforme tabulação feita pela Folha com base nos relatórios da companhia. Entre multas e advertências, houve 14.124 notificações, num total de R$ 49,3 milhões no Estado.

Segundo o diretor de controle de poluição ambiental da Cetesb, Otávio Okano, a maior parcela das multas -cerca de 70% das 94 aplicadas no período- se deve a queimadas irregulares, a menos de 1 km de áreas urbanas, que afligem a população do interior. Hoje, queimadas só podem ser feitas com autorização prévia da Cetesb, que, em condições desfavoráveis de clima, suspende as licenças.

Procurada pela Folha de São Paulo, a Unica (associação das empresas do setor) não se manifestou.

Poluição hídrica que pode ser evitada e transformada em faturamento extra

Do total de autuações, três decorreram de despejo de poluentes líquidos, uma preocupação da Cetesb. É que, a cada litro de álcool produzido, são gerados até 14 litros de vinhoto, um efluente orgânico que afeta a água.
Com produção anual de cerca de 10 bilhões de litros de álcool, o volume de vinhoto no Estado de São Paulo atinge até 140 bilhões de litros -o que equivale a 70 vezes o volume da baía da Guanabara, no Rio.

O vinhoto tem sido tradicionalmente usado pelas usinas como um fertilizante para as plantações, mas o grande volume excede muito a capacidade de absorção do solo, ou de adequada fertilização, acabando por ser jogado em cursos d'água. Além desse uso direto, o vinhoto tem alto conteúdo energético que poderia ser processado em biodigestores, gerando biogás e fertilizantes, esses mesmos que contém ao ser disposto diretamente no solo. Com o biogás, poderia ser gerada energia elétrica (e térmica). Conforme anunciado por um diretor da Itaipú Binacional na recente conferência sobre energias em Foz do Iguaçu (Paraná), esse tipo de geração de energia elétrica dentro em breve poderá ser colocado nas redes de distribuição e vendido no Sistema Elétrico Nacional.
A Unica diz que toda energia utilizada no processo industrial da produção de etanol e açúcar no Brasil é gerada nas usinas (a partir da queima do bagaço de cana). Ou seja, caso comecem a transformar o vinhoto em energia elétrica, terão disponiblidade para vendê-la a outros consumidores.

Impactos na saúde e meio ambiente

Segundo o médico Marcos Abdo Arbex, do Laboratório de Poluição Atmosférica da USP, a cinza das queimadas afeta os aparelhos respiratório e cardiocirculatório.
De acordo com ele, a cada 10 mg/m3 de aumento de partículas em suspensão, sobe 5,05% o número de atendidos por hipertensão.

O professor da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), da USP, Tomaz Rípoli diz que a queimada deve acabar logo, mas ressalta que a atividade polui menos do que veículos desregulados. "Um caminhão rodando por dez horas polui o equivalente a um hectare de cana queimada."
Fontes: José Ernesto Credendio e Afra Balazina, Folha de São Paulo, e o Observatório